Só assim receberá

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Após sentarmos começamos a conversar

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Após sentarmos começamos a conversar. O assunto fluiu mais entre mim e H, pois estávamos falando das aulas vagas desse ano. Só que todo o rumo da conversa mudou, quando cheguei onde queria chegar:


— O que exatamente aconteceu com você, ex-capitã das líderes de torcida? — Isso fez com que H engolisse a seco outra piada que iria fazer sobre as músicas da minha cantora favorita e ambos desfizeram os sorrisos; depois olharam um para o outro e eu soube que errei ao perguntar. — Ah, eu não quis... — Jack me interrompeu.


— Nada do que você escutou da boca do Jorge é verdade. Eu não sou invejosa e não abandonei tudo porque outra tinha o suficiente para tomar o meu lugar. — Já que eu havia começado, pisar para trás não parecia uma boa opção. Então abri a boca para fazer outra pergunta, mas ela me respondeu antes que eu deixasse a voz sair: — Abandonei tudo simplesmente porque quis. Ser capitã fazia com que todos me conhecessem e quisessem saber praticamente tudo sobre a minha vida e sinceramente, eu nunca quis todo esse reconhecimento, muito menos todas aquelas patricinhas safadas e burguesas me rodeando. Isso tudo foi ideia da minha tia. Como eles praticamente me criaram sempre jogavam na minha cara que eu deveria agradecer. Maquiagens, sapatos e roupas minha tia que comprava para mim... Meus gostos não importavam. — H abaixou a cabeça e eu passei a língua nos lábios, estava envergonhada porém curiosa. — Então eu arranjei um emprego e logo quando completei dezoito anos larguei a escola e sai da casa dela. Aluguei um quartinho, comprei minhas roupas, alguns móveis e tentei sobreviver. Eles tentaram me fazer voltar de todos os jeitos possíveis e eu sempre neguei, só que depois de perder o emprego por culpa de uma briga boba com um superior meu, me sustentar mesmo com uma grana guardada ficou complicado. Então ele fez a última petição, eu ditei algumas regras como o cabelo, as roupas e por fim aceitei voltar. Agora sou o grande problema barra ex-patricinha no segundo ano do ensino médio de quase vinte anos. Mas o bom disso tudo é que, quase ninguém acredita que eu sou aquela Jaqueline... Isso é algo que poucos sabem. — Respirei fundo e passei a mão no rosto.


— O que te revoltou, foram seus tios?


— Tudo foi acumulando... Sabe como é? Eu sou o tipo de garota que só se revolta quando o termômetro explode. O tratamento especial que os professores me davam. As responsabilidades. Notas as quais eu não merecia, mas recebia simplesmente por ser quem eu era. De tudo isso o que mais me irritava era o quanto todos esperavam que eu arrumasse um "namorado". — Fez as aspas com dois dedos da mão esquerda e logo depois os passou na franja curta, jogando-a de lado. — Enfim, foi uma junção de tudo. — H se levantou explicando que iria para a fila pedir os lanches e logo retornava, eu suspirei encarando Jack. Tirar toda aquela curiosidade da mente foi divino. — Agora é a minha vez. — Me encarou de volta colocando os cotovelos contra a mesa. Eu assenti. — Por que brigou com seu pai? — Abaixei o olhar refletindo o que responderia.

Daí em Diante (Andressa Palomanni)Onde histórias criam vida. Descubra agora