Deixe-estar

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Passei por minha mãe que estava sentada próxima a mesa fumando um cigarro, a olhei confusa pois nunca antes havia a visto fumar (pai se estiver lendo esse meu relato, essa foi a primeira e última vez que a vi com um cigarro entre os lábios, não se...

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Passei por minha mãe que estava sentada próxima a mesa fumando um cigarro, a olhei confusa pois nunca antes havia a visto fumar (pai se estiver lendo esse meu relato, essa foi a primeira e última vez que a vi com um cigarro entre os lábios, não se preocupe). Ela me olhou pouco distinta, afirmando que eu poderia sair naquele momento para onde quisesse, então sorri para ela e sai.

Estava frio, nublado e garoando, mas nada me impediria. Andei rapidamente até a oficina e conforme os passos o tempo se abria, a garoa cessou e um sol leve, fraco, tocou minha pele. Eu não conseguia tirar aquela teoria da cabeça, refletia novamente e novamente sobre tudo, todas as peças sempre pareciam se encaixar. O fato principal era que o carro do senhor Pasttillho não estava lá quando eu invadi a casa, no fundo eu sabia, no fundo sempre soube.

No dia em que Dolores e ele foram me pedir o diário, seria mesmo para que afirmassem suicídio? Ou na verdade o senhor Pasttilho havia obrigado Dolores a colaborar e ter o diário de volta, porque sabia que lá haviam coisas escritas sobre ele que não poderia cair em mãos erradas?

Dolores havia me dado o diário com tudo aquilo, porque não conseguiria acabar com aquela relação. Ela sabia de tudo, sabia que Caio escrevia em um diário e que não escrevia bem sobre seu pai e até mesmo sobre ela. Soube de tudo desde o início, mas não conseguia mudar, não conseguiria. Ela me pediu ajuda em silêncio, assim como Caio fez todos aqueles anos, mas daquela vez eu estava acordada e jamais me negaria a ouvir.

— Bom dia Andressa, minha flor! O que faz aqui? — Frederico, o dono da oficina e grande amigo do meu pai.

— Eu vou passar na padaria Fred, comprar uns pãezinhos e tomar meu café da manhã um pouco atrasado. — Ele sorriu e olhou no relógio.

— Sim tem razão, pouco atrasado. Eu também não tomei café ainda.

— O que acha de ir à padaria comigo?

— Claro! Vou apenas pedir para que um de meus funcionários fique atento.

Assenti com a cabeça e o segui com os olhos até o Bárbaro, um homem magricela e alto, cavanhaque e sobrancelhas feitas na lâmina. Fred pediu para que o Bárbaro tomasse conta do local. Eu me afastei da entrada para que ninguém me visse, pois se tinha acontecido o que eu estava desconfiando, então eu era um grande problema.

O nome real desse funcionário nem mesmo o senhor Frederico sabia. Todos o chamavam de Bárbaro porque já havia sido preso duas vezes, por porte ilegal de arma branca. Quase ninguém de fora da oficina sabia disso, mas eu tinha uma amizade muito boa com o senhor Fred e em um dia comum ele acabou me contando. O engraçado é que o Bárbaro sempre foi funcionário preferencial do senhor Pasttilho. Sempre que o carro quebrava, ele preferia deixar tudo nas mãos desse funcionário. E naquele dia o que vi no fundo da oficina, foi o carro do senhor Pasttilho, sendo concertado por ele.

Daí em Diante (Andressa Palomanni)Onde histórias criam vida. Descubra agora