Guarda-toda-a-dor

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— Senhorita Andressa Palomanni?!


— Sim!


— Ainda bem que chegou. — O médico falava devagar, mas como se me aguardasse com muita ânsia.


— Ele está morrendo... — Dolores tentava falar, em meio a lágrimas e soluços.


— O quê?! — Questionei imediatamente, por não aceitar receber aquela notícia.


O médico colocou a mão direita em meu ombro e me guiou para longe da Dolores. Olhei para trás por alguns segundos e vi o senhor Pasttilho, pai de Caio chegar e abraçá-la.


— Duas paradas cardíacas... É difícil dizer, — Respira fundo. — mas ele não vai resistir.


— Mas é claro que vai! — Praticamente berro, expressando toda a minha raiva. — Como pode dizer algo assim?! Não deveria ser otimista?! Nos incentivar a acreditar que ele pode melhorar, que ele pode retornar! Mas que espécie de médico é você?!


— Eu sei que você é apenas uma criança e que encarar a verda... — O interrompi com um empurrão e segui andando em direção ao quarto em que Caio estava, não aguentava ouvir aquele babaca por nem um segundo a mais; o mesmo questiona no início com palavras as quais nem me dei o trabalho de escutar, entretanto segundos depois apenas me seguiu calado. A enfermeira que acabara de chegar o olha como se estivesse perguntando se era para chamar os seguranças, mas ele nega com a cabeça.


Entro na sala, sinto meu corpo paralisar no exato momento em que meu olhar atinge Caio, todo entubado. Eu posso sentir agora, mesmo apenas relembrando, tudo o que senti ao ver aquela cena completamente dolorosa. Meu mundo caiu, não havia chão abaixo dos meus pés e eu tive a certeza de que estava diante do fim.


— Ele está acordado, se aproxime. — O médico cochichou próximo a mim. 


Ao finalmente conseguir dar dois passos adentrando o quarto, ainda sem conseguir sentir minhas pernas, senti um cheiro forte de café com canela. O médico entrou também e fechou a porta.


Dessa vez não foi seu sorriso que me deixou perdida, foi apenas seu olhar, que me implorava ajuda com um gesto ocioso e implícito. Me aproximei da cama devagar, meu coração batia tão forte que eu podia sentir e ouvir, minha respiração parecia estar mais alta que qualquer som externo e aquele maldito apito que marcava seus batimentos cardíacos, apitava com uma frequência acima do normal. Tudo parecia estar tão distante de mim... Seus olhos avermelhados e cheios d'água, agulhas presas ao seu braço esquerdo conectadas a tubos. A respiração que não dava conta por si só e precisava da ajuda de aparelhos, máquinas aos lados da cama. Uma cena terrível.

Daí em Diante (Andressa Palomanni)Onde histórias criam vida. Descubra agora