Jure

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A chegada de novas vidas ao mundo era o que deixava meu povo feliz. Muitas pessoas contavam com a continuação de nossas linhagens e nossas alianças, nosso exército existia mas apenas para garantir a segurança de nosso povo e não para lutar em campos de batalhas. Desde a ultima grande guerra, o necessário para a felicidade dos que viviam entre as 12 alianças era a certeza da paz. A paz que minha abençoada irmã carregava. Minhas mãos estavam suando pelo nervosismo, abraçada ao meu sobrinho me encontrava, Antony era o mais velho de seus 5 irmãos. E sua mãe, minha irmã Amélia dava a luz ao seu sexto filho.

- Sua mãe dará a vida a mais um rei, recorde do que digo Antony. - O choro da criança acordou todos de seus mais profundos pensamentos! As mulheres que me acompanhavam no quarto ao lado de minha irmã se ergueram para ver o nascimento do pequeno ser que encantava a todos com a força de seus pulmões.

-Sven!! - a forte mulher gritava - Meu Sven! - a criança era entregue em seus braços trêmulos. - Veja Catania, Sven...

Não sentia raiva de minha irmã, mas meu coração se partia em ver suas bênçãos chegando ao mundo com tanta... vida!

- Que os Deuses estejam com você meu sobrinho... - meus dedos tocavam a testa do pequeno menino - Você será amado e seu nome será gravado em Walhalla, Sven o grande. - minhas palavras saiam em um quase choro retraído.

Existia uma necessidade que me obrigava a sair do ambiente em que todos comemoravam o nascimento da criança, a dor em meu peito era tanta que me fez cambalear pela imensidão do corredor a minha frente. Quais eram as possibilidades de uma precoce morte naquele instante, seria eu a rainha que deixaria seu trono e seu marido a mercê de uma eminente guerra pelo trono de Arbolon? Ou o que ocorria em meu peito era a dor de não ter a sorte de minha irmã, me pego a pensar sobre meus filhos. Como seria a vida da rainha seca se tivesse ao seu redor vossa prole. Erguer-me era uma tarefa dolorosa, porém precisava ser feita.

- Preciso que me levem até meu marido - A voz que saia de minha boca era quase inexistente - Preciso que me levem até Edgar, seu rei! -O Guarda que fingia não ouvir meu pedido se atentou as palavras "Edgar" e "Rei"

- Vossa majestade o rei insiste em não ser incomodado- O Guarda de feições desagradáveis se dirigia a mulher.

- Não sou uma qualquer que deseja falar com o Rei, sou sua rainha, e eu ordeno que me leve até os aposentos de Edgar.

O homem não questionou a veracidade das palavras da imponente imagem a sua frente, apenas caminhou levando-a até os aposentos escolhidos pelo rei em seu lar, Octagron sempre foi e sempre será o lugar preferido de Edgar, e o menos preferido de Catania

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O homem não questionou a veracidade das palavras da imponente imagem a sua frente, apenas caminhou levando-a até os aposentos escolhidos pelo rei em seu lar, Octagron sempre foi e sempre será o lugar preferido de Edgar, e o menos preferido de Catania.

- Edgar... - Catania falava o nome de seu marido como se chamasse um desconhecido. Tantos anos de um amor intenso acabou sendo apagado com as perdas de seus natimortos.

Edgar virou-se para encarar a mulher que se fazia presente em seu aposento.

- Catania, vejo que sua irmã já trouxe ao mundo mais uma alma.

O homem era sarcástico. E tais palavras machucaram o tão calejado coração da rainha.

- Você fez a sua escolha ao se casar comigo, Edgar. - quem não teve a mesma sorte de escolher com quem se casar foi Catania. Levada ao altar sem ao menos conhecer seu prometido.

- Você sempre esteve em meus sonhos Catania. - o homem se levantava. Com a postura forte que criara dentre anos governando Arbolon, aquele ser não era mais uma criança de 16 anos, e sim um homem vivido beirando o trigésimo aniversario de sua vida. – Minha rainha, a sorte não está ao nosso lado a anos, tenho medo de perde-la.

- Então me dê mais uma oportunidade marido. – a mulher clamava por um sinal de positividade – Uma ultima chance ou me entregarei a morte por tristeza. – As mãos da mulher tocavam o rosto marcado pela idade do marido, sua barba era grande, espeça e escura, assim como seus cabelos, mas agora apresentando alguns leves fios braços.

- Não precisa ser assim Catania – O homem tentava se afastar da mulher- Eu a amo e a quero, mas não quero ver sua dor novamente.

- Convivo com a dor Edgar. Todos os dias de minha eu convivo com a dor – A mulher disparava socos em direção ao peitoral do ser forte em sua frente – Por favor...

Com a certeza da morte em sua mente, Edgar tomava Catania em seus braços, depositando o corpo leve da mulher sobre a cama, seus toques eram gelados, não existia mais a chama do amor que os queimava no inicio de seu casamento. A mulher era possuída e em seu rosto escorriam-se lagrimas, talvez de tristeza ou de mais uma esperança sendo criada dentro de si. O ato tomará um rumo diferente quando Catania pós seu corpo sobre o homem.

-Escute Edgar! Eu irei gerar uma vida. Uma vida que será abençoada pelos deuses, eles conseguem me escutar. – Em uma espécie de prazer mórbido homem e mulher se consumiam no mais feroz sexo.

Não se passou minutos ou horas, naquele quarto Edgar e Catania encontravam-se satisfazendo-se de seus desejos mais impuros, ao cair da noite a ao nascer de um novo dia. Catania estava deitada sobre peito nu de seu marido que estava adormecido. Ela não queria levantar, não queria tocar o chão e sentir o frio tomando conta de seu corpo. Estar ao lado de Edgar depois de tanto tempo era satisfatório, mas dentro de si existia algo a chamando. Com receio colocou-se a andar pelos corredores do castelo de Octagron. Vestia apenas sua roupa de baixo, com seus longos fios soltos moldando seu corpo magro e alto.

- Quem é você? – Uma mulher vestida de vermelho dirigia a palavra em direção a rainha que ainda não conseguia enxergar tal pessoa. – Quem é você criança? – A mulher perguntava mais uma vez, deixando o capuz vermelho que cobria seu rosto cair para trás, fazendo-se visível para a rainha assustada.

- Sou Catania – A loira respondia, como se estivesse sendo manipulada, esquecerá-se de seu titulo.

- Catania de Arbolon – A mulher de longos cabelos vermelhos a lembrava de seu honrado titulo- Nunca se esqueça da pessoa que é, nem da vida que irá gerar. – A mulher apontava em direção ao útero seco da rainha- Essa alma pode ser prometida, mas nunca será entregue. Lembre-se de quem lhe deu a vida. Os Deuses dão a vida e as tira. – A imagem com cor predominante ao vermelho se aproximava da rainha que estava estática. – Você vai criar seu ser, amar seu pequeno presente, mas vai deixa-lo partir em seu destino. – A mulher tocava rosto de Catania com suas mãos esguias e brancas como gesso – Jure Catania, Jure! – Ela repetia – Jure e eles lhe darão a vida.

- Eu juro... – Catania respondeu antes de cair em um profundo sono, ali mesmo onde estava entre as paredes de mármore do imponente castelo de Octagron. 

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