Monaghan

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Se alguém a tivesse levado naquele lugar e não tivesse dito quem morava ali, Crissy pensou que mesmo assim saberia. Aquela casa cheia de personalidade no meio do verde, cercada por ávores com paredes de pedras lembrava muito uma outra casa na Escócia. A casa que um dia tinha pertencido ao filho e a namorada e que depois que terminaram teria ficado abandonada não fosse por seu filho mais velho. Como seria ver Caitriona agora depois de tanto tempo? A carta que ela havia lhe mandado explicava muita coisa e mesmo antes disso Crissy já havia decidido que não a julgaria. Hendrik tinha chegado na vida dela como um presente que ela estava precisando. Seu outro neto era adulto e precisava cada vez menos dos cuidados de uma avó. É isso que acontece quando eles crescem, a vida vai sugando para as responsabilidades e não sobra muito tempo livre. Não como antes. Mas Hendrik estava longe de se tornar um adulto. Havia ainda muita coisa a viver com aquele menino, tudo era novidade ainda, ele tinha ficado fascinado pelo trabalho dela e os dias que passaram juntos foram os mais divertidos que ela havia tido nos últimos meses. Ele lhe mandava mensagens todos os dias, fazia desenhos. Estar com Hendrik era matar um pouco a saudade do filho mais novo quando tinha aquela idade e ao mesmo tempo está diante de um outro menino, cheio de tantas outras oportunidades e dando os primeiros passos em muitas coisas da vida.

Em alguns minutos ela entraria naquela casa e reencontraria o grande amor da vida de seu filho. E estranhamente ela se sentia como na primeira vez que encontrou com ela. Aquele misto de já saber e ao mesmo tempo não saber o que esperar

Final de Janeiro de 2014 Escócia

-Não precisa fazer nada muito especial mãe. A Cait gosta de artes e eu falei pra ela sobre os teus trabalhos. Ela tem uma amiga em Edimburg que ela quer visitar, então eu pensei que nós podiamos ficar com você até a segunda. Pode ser.

-Claro que sim, meu filho. Eu vou ficar muito feliz de receber a Cait aqui em casa e também estou com saudades de voce....eu devo preparar um quarto ou dois? O de hospedes tem agora uma cama de casal.

Crissy ouviu um baraulho como algo sufocado ou sussurado do outro lado da linha. Será que estava no viva voz? O filho respondeu depois de limpar a garganta.

-Dois,mãe. Dois quartos, claro. Nós somos colegas de trabalho, nós dividimos um trailer, mas não é exatamente assim que...

-Tudo bem, Sam, foi só uma questão prática. Tem alguma coisa tipica que ela gosta comer?

Crissy mudou de assunto com maestria porque sabia o que quanto o filho era ruim em explicar coisas, principalmente quando tinha que negar o que era óbvio.

No flat em Glasgow Cait estava mais branca do que de costume.

-Será que ela desconfia de alguma coisa? Você comentou alguma coisa com ela Sam?

-Claro que não. Você está se preocupando a toa.

-Você acha que é uma boa idéia visita-la agora?

Sam chegou perto dela e envolveu sua cintura:

-Claro. Eu quero que você conheça minha mãe. Além de ser a pessoa que me colocou no mundo é quem me educou, eu quero que você saiba de onde eu venho.

-E se ela perceber alguma coisa? Se ela perguntar?

-Ela não vai perguntar, mas se perguntar vamos dizer o que falamos pra todo mundo, que somos amigos e etc. Ninguém vai botar uma faca no nosso pescoço e nos obrigar a declarar que temos um caso....Bem, talvez seu pai faça isso.

Cait riu e encostou o rosto no peito dele. Depois suspirou.

-Será que ela vai gostar de mim?

-E quem não gosta de você, meu amor? Claro que vai...até porque vocês tem muita mais coisa em comum, além do meu amor.

Through Stones Segunda TemporadaWhere stories live. Discover now