Charlie é um garoto que odeia tudo e todos. Não gosta de socializar e não costuma sair do seu quarto escuro. Um dia, uma garota ruiva se muda para frente da sua casa, e pouco a pouco Charlie percebe que aquela garota não é comum. Diariamente eles pa...
Sim, em algumas horas eu vou jantar com ela, meu maior inimigo. Preciso tentar manter a calma e não pensar muito nela. Mas apesar de tudo, essa parece uma boa oportunidade de descobrir o nome dela. Antes do jantar fui até um pet shop. Precisava de uma coleira, uma casinha de cachorro e um saco de ração. Adotei o Teddy a poucas horas e já me tornei o seu escravo particular.
-Acho que essa deve servir, vou levar.
Comprei uma casinha com um teto verde, por algum motivo aquela cor me agradava. Quando cheguei em casa, ele estava lá, com a língua de fora e abanando o rabo. Me senti muito bem e por um instante dei um sorriso no canto do rosto, algo raro para mim.
-Você gostou dela? É toda sua Teddy.
Quando me dei conta eu estava falando com meu cachorro, talvez seja a falta de amigos, mas eu nunca me importei com isso. Voltei para casa e então me arrumei para chegada do monstro e seus pais, o Sr e Sra Harris. Estava no meu quarto deitado quando ouvi a campainha tocar.
-Bom, é agora, ela chegou...
Estava muito apreensivo, não fazia ideia de como ela iria se comportar na frente dos seus pais. Provavelmente seria uma meiga e doce princesinha. Parece o tipo de coisa que Lúcifer faria. Desci as escadas, senti uma sensação muito estranha que nunca havia sentido antes.
-Aah Charlie, eles chegaram! Venha conhecer os novos vizinhos!
-Prazer Sr e Sra Harris, me chamo Charlie.
-Muito prazer Charlie. -disse o Sr Harris.
-Seu filho é uma graça Sra Near. Esse cabelo castanho e ondulado com esses olhinhos verdes ficam adoráveis. Quantos anos você tem Charlie?
-Tenho 15 Sra Harris.
Francamente, eu odeio elogios. Nunca sei como reagir a eles e pelo visto essa mulher gostava muito de fazê-los. Então, ela entrou. Fiquei gelado e com as pernas bambas. Aquele monstrinho falou com a minha mãe e em seguida apertou minha mão normalmente, como se nós nunca tivéssemos nos visto.
Durante o jantar, sentamos nas duas extremidades da mesa. Ficamos nos encarando como duas crianças idiotas, e eu observava qual seria o próximo movimento dela. Pra ser sincero eu esperava que ela se apresenta-se quando falou comigo, mas aparentemente ela também quer jogar o jogo do "Descubra meu nome". Já que ela não me falou, precisei pensar em uma forma de descobrir.
-Ooh Charlie! O Teddy entrou aqui, ponha ele pra fora por favor.
-Sim mãe.
Ela olhou espantada para aquele cachorro. Ela era a única que sabia a verdadeira história por trás do Teddy, e caso ela contasse pra minha mãe, ela me daria uma bronca por me envolver numa briga.
-Espere aqui fora garoto, tudo bem?
Amarrei o Teddy na casinha dele é voltei ao jantar. Parecia o destino querendo quebrar minhas pernas, mas minha mãe e os pais delas levantaram e foram até a frente da casa. Ficamos só nós dois. Parecia a oportunidade perfeita para contactar o inimigo.
-Por que me ajudou hoje? -ela demorou bastante para responder.
-Quem sabe... -que resposta fria, combina totalmente com a personalidade dela.
-Pensei que você me odiasse. -ela me ignorou totalmente. -Pode pelo menos me dizer qual o seu nome?
Naquele momento ela olhou para mim, abaixou a cabeça e tirou uma agendinha de seu bolso. Então ela anotou algo em um bilhete, até seus pais a chamarem.
-Vamos filha, está na hora!
Ela simplesmente se levantou, virou o bilhete, e saiu, com aquele clássico sorrisinho. Levantei rapidamente, escondi o bilhete em meu bolso e fui me despedir dos Harris. Para minha infelicidade, ela não colocou seu nome no bilhete, mas estava escrito: "Amanhã cedo, olhe para a minha janela". O que ela estava tramando? Será que tentaria me assustar novamente? Ela não era previsível. Eu não conseguia adivinhar qual seria o próximo passo dela no jogo que estávamos jogando. Ela era esperta, tão esperta quanto eu, mas eu sou infantil e odeio perder, principalmente para alguém da minha idade.
Subi para o meu quarto e fiz algo que jamais imaginei que faria: coloquei meu despertador pra tocar bem cedo. Pois é, eu não era mais o Charlie. Aquela bruxa me jogou um feitiço e estava começando a fazer efeito. Eu realmente estava determinado a descobrir o nome daquela criatura. Fui dormir cedo, pensando no que diabos ela iria colocar em sua janela. Exatamente as 6:00 horas eu acordei, com o maldito som do despertador que eu odiava, pois ele me lembrava da escola, outra coisa que eu odiava (eu odeio muitas coisas), enfim levantei e fui até a janela, já preparado para uma possível te tentativa de me assustar. Abri lentamente a cortina, e olhei para a janela dela. Me surpreendi com o que ví, esperava algo totalmente bizarro, mas o simples me surpreendeu. Em sua janela estava escrito apenas:
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