Estrelas

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   Um dia antes de me definirem com suspeito do assassinato de Martin. Estava deitado em minha cama. Ontem havia sido um dia cansativo. Pude rever meus queridos amigos. Eu estava realizado. Desci para meu quintal e fiquei com o Teddy. Minha mãe já havia se recuperado e voltou a trabalhar hoje. Eu estava sozinho. Então, o relógio marcou 15:00 horas. O antigo Charlie que eu conhecia jamais iria por conta própria para o passeio diário. Ao invés disso, aproveitaria que sua mãe não está em casa para supervisiona-lo e jogaria. Mas, pouco a pouco o Charlie triste e sozinho ia desaparecendo da minha mente. Um novo eu estava sozinho. Longe de traumas. Pude deixar os problemas do passado saírem de seus potes e voarem como borboletas.

   Hoje, não fui de bicicleta. Queria um passeio mais longo com o Teddy. Iria andando fazer o mesmo percurso de sempre. Depois das centenas de paradas do Teddy, chegamos ao parque. Vi q Jullie na quadra sozinha.

-Passa a bola pra cá!

-Você deve jogar tão bem quanto o Teddy.

-Sua idiota, joga logo essa bola pra mim.

-Tenta vim pegar, Charlie.

   Várias tentativas falhas de pegar a bola. Jullie era extremamente habilidosa no basquete. Eu era uma formiga desafiando um leão. Talvez ela estivesse certa, eu devo jogar tão bem quanto meu cachorro. Passamos um bom tempo alí. Meu preparo físico era ridículo. Eu cansava rapidamente, parecia um garoto gordinho.

-Kkk Charlie você é péssimo. -ela jogou a bola e acertou uma cesta de três pontos. -É assim que se faz!

-Aposto que seria a mesma coisa jogarmos algum jogo eletrônico, só que eu iria te humilhar sem dúvidas.

-Você é muito convencido. Já me viu jogando alguma vez?

-Não, mas você jamais ganharia de mim. -não vida real eu poderia ser um inútil, um peso morto. Mas quando eu ligava meu PC, colocava o meu fone e iniciava a partida, eu era o melhor. Sempre que entro é pra ganhar. Naqueles momentos eu me sentia incrível, verdadeiramente útil em alguma coisa.

   Eu, a Jullie e o Teddy passamos o dia inteiro juntos, brincando como crianças. Nós jogamos, capturamos borboletas e brigamos de frisbee com o Teddy. Foi uma tarde excelente. Quando me dei conta, já estava anoitecendo. Minha mãe não estava em casa e não havia problema se eu chegasse um pouco tarde.

-Charlie, o que acha de fazermos um piquenique?

-Agora? Já está de noite sua idiota.

-Assim fica mais legal. Piquenique com as estrelas. O que me diz?

-Aaah, tudo bem... Vou em casa pegar algumas coisas.

-Deixe o pano e as frutas comigo.

-Vamos Teddy. -peguei algumas coisas, coloquei na cesta e voltei.

-Não é legal Charlie? Duas coisas ótimas: comida e estrelas.

   Eu revivi um antigo hobby de quando eu era pequeno. À noite quando saía com a minha mãe, ficava observando as estrelas e desenhando suas constelações em meu caderno.

-Uau, esse idiota gosta de desenhar.

-Quem é você pra falar alguma coisa "Garota Borboleta"?

-Kkk Adorei o seu apelido Limãozinho.

-NÃO ME CHAMA ASSIM, IDIOTA...

-Kkk está bravo Charliezinho?

-Você me tiro do sério Jullie...

   Jullie deitou sobre minha barriga.

-Aliás, qual o seu signo?

-Acredita mesmo nessa coisa idiota?

-Não, mas eu gosto.

-Bom... Se não me engano minha mãe dizia que eu era de Peixes, mas isso não importa.

-Charlie, você parece um velho.

-Cala a boca, Garota Borboleta.

-Já te disse que eu gosto desse nome?

-Por que eu não consigo te irritar?

-Eu sou a chatisse em pessoa, Charliezinho.

-Sim, eu percebi...

   Passamos horas lá. Quando olho para o céu, para as estrelas, percebo o quanto sou insignificante comparado a todo esse universo. Nasci muito tarde para as navegações e cedo demais para as explorações espaciais. Gostaria realmente de descobrir o desconhecido, mas infelizmente não foi possível. Não adianta pensar no que eu não consegui, ao invés disso, prefiro aproveitar os poucos momentos que me tornam felizes. Nunca pensei que diria isso desse monstrinho, mas... Me sinto bem quando estou com ela. Será que esse é mais um nível do ódio?

   Dormi sozinho aquela noite. Minha mãe só chegou às 04:00 horas. Estava em minha cama quando fui acordado com um objeto atingindo a minha janela. Alguns estilhaços de vidro pararam em minha cama, eu acordei assustado.

-O que diabos é isso?! -Jullie atirou de sua janela um bilhete envolvido em uma pedra. -O que essa garota tem na cabeça?! -quando abri o bilhete, estava escrito:

"Fuja para o parque Charlie! A polícia está vindo atrás de nós. Me encontre lá o mais rápido possível e não deixe que te vejam".







A Garota Da Janela Da FrenteOnde histórias criam vida. Descubra agora