Borboletas

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-Vou sentir saudades Zack...

-Eu também maninho!

-Não demore de vim nos visitar filho! Amo muito você. -os olhos da minha mãe se encheram de lágrimas. Depois de dois dias em nossa casa, Zack iria partir. Terminou de colocar a última mala em seu carro e nos abraçou.

-Até logo!

-Se cuide filho! -e assim, nossas vidas voltaram ao que eram antes. Zack é muito divertido e sempre foi um ótimo irmão pra mim.

   Às 15:00, desci antes da minha mãe me chamar. Ela estava impressionada.

-Uau Charlie, eu não precisei te chamar. Está tudo bem filho?

-Sim mãe. Só tive vontade de passear com o Teddy.

-Bom... Tem certeza que está tudo bem filho?

-Tenho mãe kkk, não se preocupe.

   Peguei a minha bicicleta e fui passear com o Teddy. Foi bem mais devagar do que o convencional. Além de ter que leva-lo, foram incontáveis paradas. Às vezes ele queria botar as coisas para fora, ou apenas ir atrás de uma fêmea. Enfim, chegamos ao parque, o ponto de descanso. Sentei no mesmo banco de sempre e olhei para o céu. Quase dormi enquanto Teddy cavava buracos na areia. De repente, algo passou voando por cima da minha cabeça. Levei um susto. Eu detesto qualquer tipo de inseto. Mas era "apenas" uma borboleta. Quem estava por trás disso? Sim, a garota responsável por tornar meus dias mais difíceis, Jullie...

-Hahaha, você se assustou mesmo com uma simples borboleta, Charlie?

-Por que você insiste em me atormentar?

-É divertido, você é chato e entediante. Só quero tornar as coisas mais legais, pra mim, é claro.

-Você não cansa mesmo -falei com um suspiro.
 
   Naquele momento, descobri algo sobre aquele monstrinho. Um hobby nada convencional: caçar borboletas. Bom, ao menos o Teddy gostou. Correr atrás delas tentando morde-las parecia mágico pra ele.

-Quer tentar? -ela perguntou e me ofereceu uma rede para caçar borboletas.

-Sério mesmo? Isso é tão infantil...

-Não custa nada seu idiota.

-Você é muito chata garota. -bom, não havia mais nada para fazer. Em um mão, segurava a rede, na outra, a coleira do Teddy. Por que eu estava fazendo aquilo? Me senti uma criança idiota novamente, mas mesmo assim continuei.

-Você é péssimo nisso Charlie, meu gato faz melhor.

-Cala a boca garotinha. -realmente eu era um fracasso naquilo, como na maioria das atividades que eu tentava fazer.

   Jullie capturou uma borboleta e a colocou em um tipo de pote com furos para que ela pudesse respirar.

-Toma, considere um presente.

-Uau, impressionante. -falei com uma expressão de tédio.

-É pra você lembrar que eu sou imensamente melhor que você.

-Hahaha que engraçado...

-Meia noite, abra o pote perto da  sua janela e deixe-a voar livre pelos céu escuro sobre a luz da lua. Até mais Limãozinho.

-Vou tentar lembrar disso... -ela deu o famoso sorriso e saiu correndo.

   Finalmente, o tempo passou e eu poderia voltar para casa. Chegando lá, percebi que minha mãe estava estranha.

-Aconteceu algo Senhora Marry?

-Não foi nada Charlie...

-Por favor mãe, pode me contar.

-É que... Tiveram alguns problemas no hospital. Eu fiz o meu máximo mas... Não conseguir salvar um homem. O irmão dele ficou extremamente furioso e precisou ser levado por seguranças. Ele atribui a culpa a mim e isso está me pressionando um pouco, mas não se preocupe filho. -depois disso, dei um abraço nela.

-Mãe, eu estou com a senhora para tudo que precisar, eu te amo.

-Muito obrigada Charlie, também te amo meu filho!

   Coloquei o Teddy em sua casinha e subi. Deixei a borboleta em cima da estante e fui jogar. Passado algumas horas, olhei para o relógio. Estava próximo da meia noite. Bom, não custava nada fazer o que aquela garota pediu, só espero que não seja nenhum tipo de ritual de bruxaria dela. Então, peguei a borboleta e fui até a janela. Abri o pote e ela saiu. Voou para o alto, em meio a escuridão da noite. O brilho da lua clareou suas asas e elas brilharam com chamas azuis. Aquilo foi extraordinariamente bonito. Até que aquela bruxinha tinha boas ideias. Enquanto ela voava, percebi que eu era nada mais nada menos do que uma simples borboleta aprisionada em um pote escuro e sem graça. Quem me prendeu ali? Será que algum dia, alguém irá abrir aquele pote e me ver voar pelos céus?

A Garota Da Janela Da FrenteOnde histórias criam vida. Descubra agora