Mais uma noite minha mãe passou no hospital. A Doutora Mary era uma renomada cirurgiã muito conhecida. Ela era considerada extremamente habilidosa e dificilmente cometia alguma falha. Minha mãe precisava dividir a atenção para mim e para o hospital, na maioria das vezes ele levava a melhor. Eu já estava totalmente acostumado a passar noites sozinhos. Agora, ao menos eu possuía a companhia do Teddy. Ela passou toda a noite fazendo plantão. Chegou em casa somente de madrugada.
Eu levantei de minha cama e fui até a cozinha. Minha mãe mal havia chegado e já estava preparado o café.
-Mãe, vai dormir um pouco. Deixa que eu faço isso.
-Não querido, está tudo bem.
-O Zack me deu algumas aulas de culinária quando a senhora estava fora. Posso tentar colocá-las em prática?
-Tem certeza que consegue Charlie?
-Bom... Eu não sou um profissional, mas acho que consigo ajeitar as coisas por aqui. Pode contar comigo.
-Obrigada Charlie, eu vou deitar alguns minutinhos.
Mary se esforçava tanto por mim, queria fazer algo útil pra ela. Se bem que ser útil não era algo muito convencional pra mim, mas eu precisava tentar.
-Está pronto mãe! Vai comer agora? Mãe? -ela estava dormindo como um bebê. Fazia tempo que ela não passava uma noite dormindo em casa. O estresse e trabalhos no hospital eram demais.
Terminei o meu café e fui colocar comida para o Teddy. Eu já havia me acostumado com a rotina de ter um cachorro. Teddy sempre me ajudou bastante quando eu estava triste. Brinquei com ele como fazia todas as manhãs e depois fui jogar um pouco. Com o tempo, eu passava cada vez menos naquele quarto escuro e sozinho. Minha vida estava diferente. Eu estava diferente. Por que isso aconteceu?
O tempo passou rápido, eram 15:00 horas. Sai com o Teddy para o passeio diário. No parque, Jullie não estava lá naquela quadra de basquete onde sempre costumava estar. Parecia bom demais para ser verdade. Fiquei jogando frisbee com o Teddy por bastante tempo, até que o o disco perdeu a graça pra ele, é o Teddy fixou seu olhar em outra coisa. Ele abanou o rabo e foi em direção a... Aquela bruxinha. Ela pegou meu cachorro pela coleira e correu com ele em direção ao bosque.
-JULLIEE! Sua bruxa volte aqui! -corri atrás dela. Que garota infantil. Por que pegou o meu cachorro? Agora eu teria que iniciar uma caçada pelo bosque atrás daquela coisa.
A princípio, hesitei em entrar alí. Eu sabia que haveriam muitos insetos, e eu detesto insetos.
-Não acredito que essa idiota entrou aí... -eu estava com muita raiva daquela garota. Corri para dentro do bosque.
Andei por bastante tempo e nada de encontrar nenhum deles. Então, em meio a floresta, avistei uma casinha. Me escondi e observei. Então, saiu da casa um homem. O que ele fazia ali sozinho? Com certeza ele era alguém perigoso. Precisava achar Teddy e aquela garota desmiolada o mais rápido possível e sair daquele lugar.
Olhava para todos os lados procurando eles, e finalmente os encontrei. Eles estavam justamente onde aquele homem estava indo. Jullie parecia estar perdida também. Fui o mais rápido possível até lá.
-Jullie sua idiota, por que você fez isso? -sussurrei para ela.
-Precisava de um pouco de diversão, esse lugar não é incrível?
-Fala baixo! Tem um cara perigoso vindo pra cá, vamos dar o fora, agora!
-QUEM ESTÁ ATRÁS DESSA MOITA?! -o homem falou com uma voz assustadora. Puxei a Jullie pela mão e corri o mais rápido que pude. Meu corpo se encheu de adrenalina e medo. Se ele nos pegasse, seria o fim.
Estávamos um pouco distante, mas o destino me odeia, então Jullie prendeu a calça em um arame. Não saia de jeito nenhum. Estava desesperado. Precisava pensar em algo o mais rápido possível. Então, peguei um galho pesado e bem firme. Me escondi na árvore próxima aonde Jullie estava.
-O que está fazendo Charlie?! Me ajude!
-Xiiiu, fique calma garota, confie em mim. -o homem avistou Jullie e veio correndo atrás dela.
Segurei o galho com toda minha força, respirei fundo e aguardei. Quando o homem passou, eu o acertei com toda minha força. Ele caiu no chão desmaiado. Rapidamente, ajudei a Jullie e corremos com todas as forças. Finalmente saimos do bosque. Jullie começou a rir enquanto eu estava desesperado.
-VOCÊ É MALUCA?! VIU O QUE PODERIA ACONTECER COM A GENTE?!
-Isso foi muito divertido Charlie. -definitivamente ela não era normal. Nós nos sentamos em um banco. Eu precisava descansar. Ainda estava apavorado.
-Ei Charlie... Por que você não me abandonou lá e saiu?
-Que? Acha que eu te deixaria morrer assim?
-Achei que você me odiasse...
-E eu odeio!
-Tem certeza Charliezinho? Kkkk.
-É CLARO JULLIE! VOCÊ QUASE NOS METEU EM UMA ENRASCADA SUA IDIOTA!
-Acho que você não me odeia tanto assim, só não quer admitir. Minha nossa, está tarde. Preciso ir Charlie. Até depois.
Eu não tinha percebido o horário. Já estava quase escurecendo. Minha mãe devia estar muito preocupada. Peguei o Teddy e voltei o mais rápido possível. Cheguei em frente a minha casa. Percebi algo estranho. O homem que eu avistei na floresta, estava correndo para fora da minha casa. Meus olhos se arregalaram. Eu larguei a bicicleta no chão e corri. Minha mãe havia sido esfaqueada por aquele homem. Ele era o irmão do homem que morreu no hospital. Eu estava desesperado. O que eu devia fazer?!
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A Garota Da Janela Da Frente
RomanceCharlie é um garoto que odeia tudo e todos. Não gosta de socializar e não costuma sair do seu quarto escuro. Um dia, uma garota ruiva se muda para frente da sua casa, e pouco a pouco Charlie percebe que aquela garota não é comum. Diariamente eles pa...