Prólogo

968 61 24
                                    


AVISO:

Esse é conto é a continuação de Solstício de Verão que pode ser encontrado no meu perfil. Tem também um spin-off, um mini conto chamado O monge e a rosa, que é essencial para o entendimento desse conto.

Para maior entendimento do conto e de seus personagens recomenda-se que leia os contos acima primeiro.

A Ordem de leitura é:

1. Solstício de Verão (completo)

2. O monge e a rosa (completo)

3. Equinócio de Outono (completo)

**

Um vento soprou de repente quando Akise colhia as últimas ervas antes da neve chegar. Ele olhou para o céu. Não tinha bons pressentimentos. Hana também estava apreensiva. Tinham decidido ir embora da vila. Mais um século passou e novamente a sociedade mudou. O ser humano estava cada vez mais cético e cruel. Não havia mais lugar para eles ali.

A casa-caverna estava um caos. Tudo estava sendo desmontado. Iam remontar na caverna do alto das montanhas. Mesmo lá, seria provisório. Mas, precisavam pensar e pesquisar onde seria o lugar ideal para a sua família. Seu alfa estava tentando botar ordem na algazarra que os meninos faziam. Akise riu baixinho.

- Meninos, vamos organizar as tarefas. Hykaru, você desmonta a cozinha e deixe tudo empacotado. Taki me ajude com os tecidos e roupas. Kai e Nimay peguem as almofadas e coloquem perto de onde eu colocar os tecidos. Pouca conversa e mais ação.

- Certo, momy, – disseram em uníssono. Só faltou baterem continência.

- Às vezes você que parece o alfa aqui, – suspirou Ryusei. Akise sorriu dando um beijo de leve no rosto do dragão.

- Isso se chama liderança natural.

O ômega já ia virando para fazer a tarefa que se propôs quando foi enlaçado pelas mãos carinhosas do Kami que o beijou na nuca, na marca que sinalizava que os dois tinham uma ligação que não se quebraria nessa vida. E quem sabe em outras. O menor fechou os olhos suspirando. Ainda sentia sua pele arrepiar com esses carinhos. "Meu pequeno". Sussurrou o deus dragão.

- Momy, para de brincar com o papai e vai fazer sua tarefa, – disse Kai com um bico.

Olhando para seus filhos, Ryusei sorriu feliz. Via o pequeno Nimay que já tinha a aparência de um menino de 14 anos, era o mais franzino e frágil, e tinha o cheiro de flores silvestres. Era notadamente um ômega, como Akise. Tinha os cabelos prateados como o pai, mas os olhos lembravam o mar tempestuoso, um azul acinzentado e profundo.

Quando a noite estava escura, a lua estava em sua face negra, os dragões partiram dali. Depois de mais de dois mil anos da chegada do Kamisama naquela vila. Só uma pessoa olhava o céu despedindo-se dos deuses do velho mundo. Lília, herdeira da casa de chá cantava uma antiga canção à Deusa Mãe em forma de dragão, Tiamat, enquanto uma lágrima de saudade caía suave em seu rosto já enrugado pela idade.

**

Quando chegaram no alto da montanha o velho Takai estava esperando. Hana não deixaria o monge morrer sozinho naquele templo, cada vez mais vazio. Ryusei ria internamente. O casal mais improvável já que Hana por toda sua vida tinha odiado os humanos. O monge tinha tomado um gole da poção que salvou a vida de Akise e Kai ganhando assim uma vida mais longa que o normal. Mas, depois de 140 anos de vida, parecia um pouco mais velho.

- Até que enfim. – Suspirou o velho. – Estava sentindo falta da bagunça de vocês.

Hana pousou já se transformando e correndo ao encontro de Takai que ria. Afinal, uma linda mulher ruiva correndo nua na direção de um ancião não era uma coisa que se vê todo dia.

- Assim você me mata do coração, mulher. – Ria o velho monge deixando sua companheira sem graça e correndo para as sacolas procurando alguma coisa para vestir.

**

Naquela mesma noite um clã chegou à vila. Eram caçadores. Não caçadores comuns. Eram matadores de dragões. Tinham ouvido lendas e histórias de mercadores sobre o vilarejo que era guardado por um deus dragão, que concedia saúde e juventude com suas poções e remédios. Cujo coração fora ingrediente para o elixir da vida eterna.

Chegaram com grande barulho. Seu líder tinha uma frieza cruel nos olhos. Ordenou que os seus se estabelecessem no templo. Queimaram todas as estátuas de dragões e o santuário. Deixaram a biblioteca para depois. Afinal... as fórmulas e segredos poderiam estar em seus registros.

- Amanhã, avisem aos aldeões que o controle da cidade é nosso. E que haverá uma recompensa em dinheiro por informações sobre dragões nessa área.

**

Ao longe, olhos verdes como de esmeraldas brilhavam na escuridão observando o templo em chamas.

Equinócio de Outono [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora