Capítulo 11

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Emily se aproximou ainda mais de nós. Parou quando ficou de frente a Dante.

— Dante, meu irmão que abandonará sua família para proteger uma que nem acredita em nossas crenças.

— Irmão? — sussurrei.

Na mesma posição, apenas seus olhos viraram para me encarar.

— Então nunca comentou sobre sua verdadeira origem?

— O que suas origens têm a ver? — falei.

Emily ficou dessa vez em minha frente.

— Então você me sugere que eu fique com o príncipe? — assenti e ela sorriu. — Meu irmão, sua senhoria está blefando.

— Não estou.

— É? Então conte para o mestre Joseph que você não aceita o casamento com o príncipe.

Dando as costas, Emily juntamente com seu pai e suas irmãs foram embora.

— Mestre Joseph? — perguntei olhando para Dante.

— Você bateu a cabeça em algo? — Dante deu um cutucão com o dedo em minha testa e eu gemi de dor. Continuei olhando para ele, como se suplicasse pela informação, Dante suspirou e disse. — Seu pai... Mestre Joseph é o senhor de mais cedo, seu pai.

— Ah sim! — exclamei e suspirei com alegria logo em seguida. — Será muito mais fácil então.

— Fácil? Você não pode ir contra o que mestre Joseph deseja para você.

— Sou sua filha, tenho direito de opinar.

— Não quando sua opinião mexe com a proteção da família e com suas terras.

Quando as coisas pareciam simples, apenas piorava.

Mudando de assunto falei.

— Ei, você nunca me contou que sua irmã era Emily e que você pertencia a uma família de bruxos.

— Você nunca questionou sobre minha família.

— Está certo... Se Demétri pudesse estar aqui eu o daria um murro — fechei meus punhos com força.

— Quem é esse Demétri que você tanto fala?

— Alguém muito parecido com você.

— Ah é? Duvido que seja, sou único.

Da sua própria maneira é único — pensei comigo mesma. Percorri em volta dele e parei em suas costas onde estava as manchas causadas pelos tomates.

— Suas irmãs ainda tem coragem de jogar todo aquele tomate em você?

— Minha única irmã é a Emily, as outras são filhas das amantes de meu pai.

— Ainda assim é meio irmão, e ousaram fazer isso contigo?

— Não quiseram literalmente fazer isso comigo, e sim com você.

Novamente em frente a ele falei.

— Por hoje você está dispensado.

Dei as costas para ele, mas Demétri segurou um de meus braços e fez com que me virasse novamente para ele.

— Dispensado?

— Sim.

— Por que?

— Porque... — suspirei pensando no motivo. — Porque... Você está sujo.

Demétri sorriu.

— Peço perdão, mas te acompanharei até sua casa.

— Eu não vou para a casa — falei.

— Por que não?

— Eu preciso ir até o castelo.

— Até o castelo? Mas por qual motivo?

Demétri continuou com uma de suas mãos segurando meus braços, olhei para o mesmo, na esperança que ele se tocasse e me largasse, mas muito pelo contrário, sua mão desceu até chegar na minha, e segurou-a.

— Nós estamos juntos? — perguntei.

— O que está acontecendo contigo hoje Alberta?

— Alberta? Esse é meu nome?

Demétri se aproximou de mim e segurou meu rosto entre suas duas mãos, me olhava ainda mais de perto fazendo com que eu prendesse a respiração.

— Devo chamar um dos curadores? Você parece que está doente.

Afastei-me dele com um pouco de esforço e falei.

— Estou bem. Eu preciso ir até o castelo, mas preciso ir sozinha.

— Alberta, você não pode simplesmente ir até o rei e recusar. Esse casamento é uma suplica do mestre Joseph, e não do rei.

— Você mesmo disse que não adianta falar com Joseph.

— De fato não adianta.

— Mas esse casamento não pode acontecer! — gritei.

— Por que? O príncipe é jovem como você. Gostará dele.

— Não posso perder tempo com isso — sussurrei. — Me deixe Demétri!

Corri em direção ao reino, ouvindo de longe Demétri gritar.

— Pare de me chamar com esse nome!

***

Estava arfando quando cheguei ao reino. Parecia tão perto, donde estávamos.

Os guardas reais me pararam antes que eu ultrapassasse o portão.

— Quem você é? — um deles perguntou e eu respondi com convicção.

— A futura rainha desse reino.

Os dois guardas se entreolharam e um que estava próximo correu para a direção onde ficava o enorme palácio.

Após cerca de uma hora esperando, dois guardas vieram me buscar e me escoltaram até o palácio.

Entrei em um enorme salão, onde mais a frente se encontrava o rei, um senhor bem idoso, ele estava sentado sobre seu trono.

— Parece que mestre Joseph já lhe deu a notícia.

— Sim — falei fazendo a reverencia diante dele.

— O que a traz até aqui?

— Quero cancelar esse casamento que ainda não se iniciou.

O Rei sorriu.

— Há uma grande competição entre as famílias querendo esse lugar e mesmo assim você vem até mim? — abriu ainda mais o sorriso.

— Emily, ela pode casar com o príncipe no meu lugar.

— Emily? Você quer que meu filho se case com um pagão? Já não basta que os aceitei em nosso reino? Que lhe dei uma moradia para as mulheres ajudar o reino? Agora você quer que meu filho se case com um deles?

— Uma moradia para as mulheres? — perguntei lembrando-me da casa onde havia sido morta.

O rei não respondeu a minha pergunta, mas continuou.

— Já está decidido com o mestre Joseph. Não mudarei minha escolha, trate de aceitar seu destino. Não há um destino melhor que esse! Vá! — o rei gritou.

Se não estivéssemos predestinados a maldição, talvez fosse um bom destino.

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