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Eu estava cada vez mais confusa, minha mente cada mais enrolada, minha vida cada vez mais sem sentido. Por quê eu estava ali? Eu me sentia cada mais estranha, no meio da sociedade.

Crises existências? Nem se fala, elas estavam cada vez piorando...

Apenas Rachel me entendia, a minha melhor amiga, para sempre, a pessoa que me acolheu e que me aceita do jeito que eu sou. Quantidade não significa nada, qualidade, sim.

Me sentia assim, uma estranha no mundo, alguém que se encaixava em tudo e em nada.

Eu precisava fazer coisas novas, algo que eu nunca fiz na vida e que eu tenho vontade de fazer. Aprender a dançar, a tocar algum instrumento musical, a fazer algum esporte radical ou não, são tantas coisas que tenho vontade, que nem sei explicar.

Minha maior vontade era ser livre, livre de julgamentos, livre de olhares tortos, livre para ser quem eu sou, sem ser julgada pela sociedade. Livre para apenas ser feliz pelo que eu defino como felicidade e não pelo que a sociedade impõe.

Meu dia arressem tinha começado, resolvo chamar Rachel para fazermos uma caminhada matinal, só para descontrair um pouco e parar de ficar pensando em coisas que nunca irão acontecer. Precisava relaxar, fazer coisas diferentes do habitual.

Afinal o mundo não vai parar para você resolver os seus problemas, você precisa enfrentá-los. Como dizer, matar um leão por dia. A vida continua independente dos problemas, todo mundo tem problemas e tudo depende de como a pessoa vê os seus próprios problemas. Ou ela enfrenta eles ou se esconde.

Sua vida pode estar um caos, mas você se vê obrigada a fingir que está tudo bem, botar um sorriso falso no rosto, para apenas não ser julgada. Não ser julgada como incapaz, dramática, fraca, fresca, inútil, coitadinha...

Pessoas, em sua maioria são insensíveis aos problemas dos outros, apenas ligam para o próprio ego, se não é com ela, automaticamente classificam como fingimento, quer chamar atenção, entre outras coisas.

Eu simplesmente sentia que não pertencia a este mundo, não era o meu lugar. Minha vida estava um caos e eu não sabia se poderia continuar...

Eu estava me sentindo cada vez mais vazia, mais incompleta, mais incompetente e com menos vontade de viver. As coisas que me davam prazer antes. Agora não dão mais.

Minha vida não fazia mais sentido, nada fazia sentido e eu me achava uma inútil por não conseguir levantar a cabeça e seguir em frente, como se nada me abalasse. Eu me sentia muito insegura em relação á várias coisas, coisas que pareciam bobas mas para mim, eram muito importantes. Tinham um grande valor em minha vida.

Mas toda vez que eu me sentia impotente, Rachel estava lá, para me mostrar que eu ainda tinha razões para continuar viva, inclusive, ela era uma dessas razões.

O dia havia passado rápido, chego em casa, tomo banho, janto e vou para a cama, ler um pouco, como de costume.

E de repente eu "acordo" e me deparo com a seguinte cena: meu armário estava com as portas abertas, as roupas estavam jogadas pelo chão do quarto. Eu entro em desespero. Chamo meu pai e ele vai dar uma olhada em meu quarto, mas tudo estava normal, em seu lugar. Fico na cozinha, bebendo um pouco de água e logo, resolvo voltar ao meu quarto, porém a passagem da porta estava trancada por uma série de livros esparramados na porta do quarto, eu estava ficando maluca? O que estava acontecendo? Eu não estava entendo mais nada, estava confusa, mais uma vez. Coisas aconteceram mas só eu vi. Que diabos estava ocorrendo? Por quê a minha vida estava de cabeça para baixo? 

  — Filha, acorda, hora de levantar. Disse meu pai.

— Já vou! Respondi.

Então tudo não passava de um sonho maluco meu? Um sonho que parecia muito real. Eu lembrava de todos os detalhes, parecia tudo real, real demais para ter sido apenas um mísero sonho.

E mais um dia tedioso começa, mais um dia sendo mais uma no meio da multidão. O vento batia em meu rosto e meus cabelos soltos voavam para trás, em leves movimentos. Passo a manhã toda lá, sentindo o bater do vento em meu rosto.

Voltei para casa e fui almoçar, como de costume. Logo após o almoço ligo para Rachel e passamos mais de meia hora conversando pelo celular. Depois vou lá fazer algumas tarefas domésticas e ainda vou tirar as folhas caídas que estavam cobrindo o quintal. Tarefas que nunca acabam, quanto mais faço elas, mais tarefas novas surgem. E assim se passam as férias, com um piscar de olhos e já estávamos na última semana de férias e resolvo passar a semana na casa de Rachel. De algum jeito eu teria que aproveitar esse tempo com a pessoa que eu mais confiava no mundo.

Durante essa última semana, fizemos várias coisas juntas, coisas que não fazíamos a tempos. Coisas que davam alegria de viver. E de repente aquele vazio em meu peito, foi preenchido temporariamente, com coisas pequenas, mas significativas. Pequenas coisas que fazem da vida, algo alegre e sem preocupações. Levar uma vida leve e bem vivida. Eu estava vivendo um sonho durante aquela semana inesquecível. Eu poderia me arriscar a falar que era uma das melhores semanas da minha vida. Mas infelizmente tenho que voltar para casa, afinal, no dia seguinte, o ano letivo iniciaria, novos conhecimentos, viriam. Afinal, viver é aprender. Ninguém sabe tudo. Como diria Sócrates "Só sei que nada sei".

Um Amor Para Toda A VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora