Um Amor Para Toda A Vida

I

O dia amanheceu e lá estou eu, sentada á mesa, tomando meu café reforçado, sozinha, como de costume. Abro a janela da cozinha e me deparo com um sol radiante, esplêndido e com toda a sua formosura. O dia está tão lindo, mais tarde tenho que ir para o colégio. Aguentar pessoas me criticando o tempo todo, por eu ter ídolos. Estou na sétima série do ensino fundamental e mal sabia o que era namorar, enquanto as outras garotas da minha idade, já estavam pegando todo mundo. E eu sendo zoada por nunca ter beijado ninguém... Acho normal ter 13 anos e ainda ser bv, mas o resto não acha o mesmo e me criticam bastante por ser assim.

Chegou a hora de eu me arrumar para ir ao colégio, me arrumo sem pressa alguma, afinal não tem nada de importante hoje, como todos os dias. E como todos os dias, não uso maquiagem para ir para a escola estudar. Estudar é realmente a única coisa que eu sei fazer, para conseguir seguir em frente, ignorando os comentários maldosos das pessoas. Termino de me arrumar, uso a camisa do uniforme, jeans, all star e amarro meu casaco predileto na cintura. Amarro meu cabelo num rabo de cavalo meio alto, pois meu cabelo é enorme e deixa-lo solto não dá muito certo. O cabelo fica voando direto em meu rosto, fora que ele é muito volumoso.

Me chamo Marye, moro em uma fazenda enorme, sou loira, tenho heterocromia (ou seja, tenho olhos de cores diferentes, um verde e um azul), sou magra, quase anoréxica e não é por falta de comer, não. Como de tudo, mas não engordo nenhum grama.

Logo após almoçar arrumo meu material e saio de casa para esperar o ônibus, que demoraria um pouco pra chegar. Enquanto ele não aparece, estou lendo um livro, tranquilamente e solitária. O ônibus chega, subo nele e me sento em um assento e volto botar meus olhos sob o delicado e volumoso livro. Sou apaixonada por livros, não importa o gênero, livros sempre fizeram parte da minha vida. E sempre preferi ler ao invés de me socializar com as pessoas. Tenho fama de cdf e santinha. De certo modo, sou isso e muito mais.

Chegando no colégio, encontro minha melhor amiga, que se chama Rachel e começamos a botar os assuntos em dia, principalmente os ocorridos no final de semana, que acabará de passar. Falamos de diversos assuntos e logo depois, o sinal toca e entramos na sala de aula. Nos sentamos em frente à mesa do professor, como de costume, abrimos nossos cadernos, nossos livros e colocamos sobre lápis, canetas, borrachas... E começamos a estudar, estávamos estudando sobre o corpo humano em ciências, que pra confessar, não é um dos meus assuntos prediletos, prefiro mais a parte da genética. Ou qualquer outra matéria, que não seja educação física. Não sou muito esportiva, na verdade sou uma negação para praticar esportes, não consigo fazer nenhum exercício direito nas aulas, porque sou meio descoordenada motoramente para qualquer coisa, dá pra entender do porque eu preferir livros e tudo mais.

Passamos o recreio lanchando e conversando. Nesse dia, eu estava meio pensativa, talvez pelo o que havia ocorrido ontem, a respeitos das minhas trocas de olhares com Mon. Comecei a pensar se isso não seria coisa da minha mente, afinal, seria meio impossível um garoto lindo como ele, ter olhos para mim. O sinal volta a tocar e vamos para o período de educação física, e lá estou eu, toda boba, sem saber o que fazer, ou melhor, como fazer tais exercícios. E logo se passam duas aulas torturadoras de educação física, sinto praticamente todo meu corpo dolorido. Me despeço de Rachel e vou rumo ao portão, esperar meu ônibus, mas de repente, um garoto para na minha frente, é o Mon, fica todo bobo me olhando, sinto que ele queria dizer algo, mas não saia. Ele ficou vários minutos parado na minha frente e logo depois, entrou na vã que o levava para casa. Eu estava pasma, o que será que ele queria me dizer e não saiu? Por que estou pensando tanto assim nele ultimamente? Será que estou me apaixonando por ele? Seja lá o que for, eu não deveria me preocupar, afinal, se apaixonar é algo muito normal, ainda mais na minha idade.