Trancado em minha sala de pesquisa,
O silêncio se fez mórbido,
Cansaço se fez dor,
E memória se fez real;
Me pareci imóvel enquanto
Olhava minhas mãos,
Desvanecendo,
Em um delírio distante.
Flanqueado por chamas
Que estalavam de laranja a vermelho
E ora a verde e a azul,
Senti-me seguro da doença e da loucura.
Sussurrei algo
Para mim mesmo
Em voz baixa,
Bem como por meio de um pensamento,
E continuei imóvel.
Maravilhado de olhos
Permeados de solidão.Suspenso então,
Sobre um limbo de dor,
A sabedoria houve de ser requerida.
Por meio do Sonho Cósmico
Mostrou-nos natureza,
Quão bela e danosa,
Distante em infinito da sua
Própria e verdadeira;
Tanto doeu essa ferida.
Com o Sangue Redentor,
As tuas almas, ó deuses,
Brilhavam como estrela radiosa;
Teus gestos, ó deuses,
Falso Jesus e Emissários,
E teus olhos,
Suaves assim dizia
Superiores à nos
Assim como homem ao Deus,
Estrela mais grandiosa:- Até agora
Todos os seres
Têm se tornado superiores
A si mesmos, no dia;
E vós, nesse crepúsculo,
Afundam cada vez mais
Nas maiores profundezas
Do mais profundo
Oceano.
De medo os passos tornaram
De relento, ao animal e à bactéria.
Supera-vos!
E amplia!
És para o barro
Uma irrisão e dolorosa vergonha.
Insignificante verme
que se agita na lama.
Torna-se necessário que coisa maior se componha.
Do Sangue então, da porca realidade ao Sonho Cósmico, se refugia.
Quando salvar-te de si mesmo, Fernando, da sua natureza de intenso perigo,
Banha-se nas águas da sabedoria
E não mais perca o sentido acima; tal minha apologia.
De todos os males procedem de dentro e contaminam o homem, te digo,
E não deixe cair em si, abismo interminável.
Vá-te ao Sonho.
Olhe para a técnica! Conhecimento!
Sabedoria conduz e se revela no antigo.
Olhos do Discernimento.
Quero que sinta o sabor da dor,
Do Sangue, ensejo!
Repetirá louvor, que hei merecido! De tantas ondas de progresso, se enaltecido.
Ciência avançada lhes parece mágica, tornar-se superior, e daí, mostro-te o que vejo:
Ai! A lua vermelha que se aproxima!
Ai, quão belo é o teu brilho!
Banhando cenas familiares e queridas, transforma-as em coisas maravilhosas.
É daí que, no verão espectral, quando falas conosco, pequeno andarilho,
Ela nos engole em seu enorme esplendor.
Tal agora, no velho jardim, pavorosa.
Por onde erra, andarilho, enleia o infinito;
Pelas flores narcóticas
E mares úmidos de folhagens, enleia o infinito;
Que evoca paixão chorosa.
Enleia, Fernando, as torres ao paraíso! Tal a ti fenomenologias míticas,
Ondulações arrematadas por luz mortiça,
Simplesmente águas plácidas arrastadas por correntezas estáticas. -- Ó, Senhor das Estrelas,
Sabedoria e sumo bem, a quem tem sido
Todo aquele a que eleva a espécie humana.
Sobretudo o que há no além-mundo, há também em mim compelido.
Suspiros no vazio é o que ouço,
No abismo sem fim...
O mundo não se sustenta em nada, nem nenhum valor faz-se absoluto.
Não há pedra, ou pergaminho mágico de lições e mandamentos, assim.
São os seres viventes que atribui a lógica, e cabe a eles encontrá-la no mundo.
Não mais valores eternos e absolutos,
Senão que somos nós quem fazemos a realidade
E já tão distantes do peso da inutilidade.
Sonho Cósmico tornou-se imundo! -- A esfera Maior esfacelou-se
diante a Menor - Ele disse sorrindo
em sua verdade - Sinta agora
As cores da vida e o sabor da dor! - Apontou ao mais elevado, para a noite.As palavras estão em nosso
caminho, obstáculos
para a dita realidade.- Onde se pensara ter resolvido um problema,
um obstáculo; perdeu-se o afoite.
Quanto mais conhecimento construído, tropeçamos em palavras duras como pedra.
Cada um define a si mesmo,
e é a porta para si mesmo,
conseguinte sentido transmite.
Toda a vida é um universo,
e cada caminho se faz válido,
senão que ninguém sabe
O que é viver;
Na vida se faz válido, no convívio,
As regras de convivência,
Verdade que, ou se perde no fluxo,
ou se faz circunstancial,
saber não nos cabe.
Machuca, mas a verdade
é circunstancial. - Lembro-me dele,
ao dizê-lo, cortar a mão - Não há
igualdade humana; a vida se enraíza
e se prolonga, solidificando
estruturas caóticas. - E estendeu-as
Fazendo pingar e ressonar na sua revolução.
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Danse macabre
Fiksi PenggemarDanse macabre se passa em uma catedral gótica em uma pequena província, onde alberga um poderoso medicamento, e onde se reside, aparentemente, Jesus Cristo. Ao longo dos anos muitos viajantes fizeram peregrinações à cidade procurando a cura para as...