* Anaelle Esme
- Mas pai...
- Não tem mais e nem menos Esme.
Ele estava com a cara fechada, focado na papelada que estava na sua frente. Eu sabia que ele não mudaria de ideia, meu pai estava muito estranho desde o velório da jovem Clara.
Eu só queria visitar as irmãs Lourence, a casa delas era próxima da nossa, um cavalariço poderia me levar, mas meu pai estava querendo me manter em casa o máximo possível. O motivo? Eu não fazia ideia.
- Minhas irmãs foram para a casa da vovó na Espanha, elas devem estar se divertindo, mas por que eu tenho que ficar aqui, igual uma prisioneira? - perguntei desabando no sofá do escritório dele.
- Esse mundo não é mais o mesmo, eu quero manter sua segurança. - explicou com a respiração pesada.
- O senhor não era assim! - gritei passando as mãos pelo meu coque bem preso, carrei os olhos. - Desde que fomos para aquele velório o senhor tem me tratado desse jeito.
- Já chega! - ele bateu os punhos fortes na mesa e eu me encolhi instintivamente. - Estou trabalhando, já disse que você não vai para lugar nenhum!
Ergui o queixo. - Eu preferiria morrer do que passar o resto da minha vida presa aqui!
Levantei bruscamente e pude ver os olhos verdes dele arregalados, saí correndo pela porta até o meu quarto.
Eu estava cansada disso, era a irmã mais nova, tinha 17 anos e nenhuma liberdade ou direito. Minha irmã mais velha tinha vinte anos e estava noiva de um Visconde, minha irmã do meio tinha 19 anos e estava noiva de um aristocrata e eu não podia sair de casa. Isso é tão injusto!
Meu pai não é assim, alguma coisa está errada.
Fechei os olhos e dormir entre soluços.
Quando acordei uma criada me ajudou a me banhar, depois vesti um vestido de pérolas cor de salmão e penteei os cabelos, a criada fez uma trança grega.
- Seus pais estão esperando você para o café. - avisou a criada saindo do meu quarto.
Respirei fundo e desci as escadas. Quando cheguei na sala de jantar, vi os dois bebericando uma xícara de café. A mesa estava repleta de frutas, bolos e pães.
Peguei uma maçã e sentei ao lado da mamãe, ela começou a tagarelar sobre o baile que a senhora Lourence estava organizando.
Meu pai revirou os olhos e eu não pude resistir a um comentário sarcástico.
- Eu não vou. - disse atraindo a atenção dele. - Meu pai não quer que eu me case nunca, ele quer me esconder da sociedade.
- Sem drama Esme. - ele pareceu perturbado com meu comentário. - Todos nós vamos ao baile, apresentar você na sociedade.
- Como os bailes da Senhora Lourence são os mais animados, é possível que todos os cavalheiros fiquem hipnotizados com sua beleza querida. - disse a mamãe acariciando meu ombro.
- Hoje? - perguntei bebericando meu chá.
- Sim, por isso eu comprei aquele vestido amarelo pra você, deixará seus olhos mais claros. - disse minha mãe com um sorriso estampado no rosto.
- Ah, que ótimo! - levantei sapecando um beijo no rosto dela.
Olhei para o meu pai que ficou com uma expressão triste, cheguei perto dele e o abracei.
- Sabe que eu te amo. - disse quando me afastei.
Ele segurou minhas mãos e sorriu. - Eu amo mais.
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O Mistério do Senhor Armand
Roman d'amourEle é um diplomata Francês que passa seu tempo como um erudito do século XV. Depois de brigar com um Duque da Grã-Bretanha, por causa das riquezas de algumas terras, o rei Luís concedeu a Armand os lotes de terra e não para o Duque. No entanto, o no...