* Armand Neville
Entrei irritado no escritório ainda controlando o desejo de enfiar uma espada no estômago dela.
Sentei na poltrona e chamei a governanta.
- Pois não? - perguntou a governanta.
- Quero que leve a senhorita Edmond para a suíte e lhe dê um banho, mas não a vista com nenhum vestido de seda ou veludo. Quero ela usando apenas uma camisola de pura lã, larga e comprida. Sem luxos, está entendido? - cruzei as mãos e a governanta assentiu.
Desabei na poltrona e resolvi me ocupar com os livros de contabilidade das minhas novas propriedades.
A noite chegou rápido e meus pensamentos me levavam de volta para Anaelle. O que tinha acontecido comigo? Eu estava determinado a matar Anaelle, decidido. O problema foi ter beijado ela antes de Júlio a sequestrar. Isso me deixou um pouco estranho.
Saí do escritório e desci a escadaria, esbarrei em uma criada no meio da sala.
- Senhor...
- Perdão. - me apressei em dizer.
- Já acomodamos a senhorita Edmond na suíte, ela está estranhamente quieta, fechamos a janela e a possibilidade de fuga é impossível. - ela me encarou com tranquilidade.
- Está certo. - respirei fundo. - Estou saindo para tomar um ar, volto quando o jantar estiver pronto.
Quando cheguei no jardim, observei a fonte, duas estátuas sentadas lado a lado, um homem e uma mulher. As águas cristalinas eram banhadas pela luz da lua cheia. Tudo tão sereno, não tinha como planejar um assassinato nesse clima.
Primeiro, minha vítima estava se voluntariado para morrer. Segundo, a mansão não era um lugar aterrorizante, embora as ervas daninhas estivessem engolindo parcialmente o jardim. Terceiro, eu tinha beijado a vítima, odiava o pai dela, era verdade, mas o que ela tinha com isso? Quarto, eu tinha muitas dúvidas.
- Eu não posso me demorar com isso. - resmunguei sentando na borda da fonte.
As árvores lançavam sombras na mansão. Meu mordomo estava sentado no deque, dois cavalariços lavavam um cavalo preto no estábulo.
O portão estava um pouco enferrujado, plantas trepadeiras se arrastavam pelas barras de ferro causando uma impressão rústica e sombria no jardim.
A carruagem, na qual eu vim, estava estacionada ao lado do deque. A floresta que se erguia atrás da mansão era densa e perigosa, criaturas selvagens, como lobos, estavam soltos por aí.
Musgos e plantas trepadeiras subiam pelas paredes de pedregulhos da mansão, galhos espinhosos de roseiras se agarravam pelas paredes. Rosas vermelhas e brancas se abriam, enquanto brotos nasciam e se fechavam.
Eu precisava voltar, achar um jeito de resolver meu problema, mas não seria fácil.
Respirei fundo antes de voltar para a mansão, a governanta serviu o jantar. Carneiro assado, arroz, salada e vinho era o que tinha servido na mesa.
- Chame Anaelle para jantar comigo. - ordenei pra uma criada que assentiu antes de sair correndo pela escadaria.
Depois de uns dez minutos a criada voltou, eu não tinha tocado na comida ainda.
Virei-me para ela. - Onde ela está?
- A senhorita Edmond não quer jantar milorde. - a voz da criada era baixa e ela parecia nervosa.
- Não foi um pedido, foi uma ordem. - disse forçando um sorriso.
- Ela está irredutível milorde. - a criada murmurou com a voz vacilante.
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O Mistério do Senhor Armand
Roman d'amourEle é um diplomata Francês que passa seu tempo como um erudito do século XV. Depois de brigar com um Duque da Grã-Bretanha, por causa das riquezas de algumas terras, o rei Luís concedeu a Armand os lotes de terra e não para o Duque. No entanto, o no...