* Armand Neville
- Está tudo planejado para hoje.
Sentei-me na poltrona da sala e coloquei meus pés em cima da mesinha de centro. Júlio estava na minha frente, usando um casaco preto e uma cartola.
- A família Edmond irá em um baile na mansão do Visconde, quero que pegue a jovem Anaelle. - toquei meu queixo lembrando da ingenuidade da jovem donzela. Minha raiva estava mais controlada, eu iria me vingar daquele Duque.
- O senhor irá para o baile? - perguntou o mercenário.
- Não posso deixar parecer que fui eu o autor do crime, não só estarei lá, quanto irei confortar a família Edmond com os pêsames. - cerrei os dentes lembrando do Duque Edmond no velório de Clara. - Tenho que retribuir a cortesia.
- Tem certeza que não quer que eu acabe com ela? - sugeriu Júlio erguendo uma sobrancelha, os cabelos dele eram raspados, no estilo romano. Ele era moreno e seu rosto era recheado de cicatrizes, mas os olhos azuis suavizaram sua aparência.
- Não, eu mesmo matarei ela e farei ela saber o motivo de sua morte precoce. - estalei a língua e levantei da poltrona. - Quando acabar, leve ela para o minha mansão que fica escondida próxima da fronteira com a Alemanha, na floresta. Levarei meus criados de confiança depois, prenda ela no quarto do último andar, as paredes são altas, não tem janelas e a porta é resistente.
Joguei a chave para Júlio. - Faça isso.
- Como desejar milorde. - trocamos um sorriso cúmplice e então ele saiu.
Aquele seria o último baile de Anaelle, o que era uma pena, na minha humilde opinião. A jovem era bonita, tinha acabado de ser apresentada na sociedade. Mas não posso mudar o que o imbecil do pai dela fez, era para atingir ele e não ela. Infelizmente, alguém precisa ser sacrificado, Anaelle é a minha melhor opção.
- Prometo que sua morte será rápida querida. - disse respirando fundo.
O sol estava quase se pondo quando o baile na casa do Visconde começou. O Duque estava estressado e a Duquesa apenas apresentava Anaelle para todos os jovens solteiros.
Quase a jovem não conseguiu falar com as amigas, Charlotte e Laura, tinha que dançar com vários rapazes, quando finalmente pôde respirar e tomar uma taça de vinho, a noite já tinha caído.
Fiquei no canto da casa, conversei com o anfitrião e os irmãos dele, eram nobres e eruditos. Ficávamos horas na biblioteca na época da faculdade, me formei em direito, mas nunca exerci a função. Tenho muitas propriedades para cuidar, mas amei estudar.
Estava tarde, alguns convidados estavam indo embora enquanto outros ainda dançavam.
Me aproximei do Duque Edmond controlando a respiração, bebi duas taças de vinho para poder me manter calmo e calculista.
Ele arregalou os olhos quando me viu, chegou mais perto da esposa e da filha.
- Senhor Edmond. - forçei um sorriso, não disse "Duque Edmond" porque o título não cabia nele, aquele verme podia até ter esse título, mas sempre seria um verme. - Que prazer em vê-lo.
Hesitante ele apertou minha mão. - Igualmente senhor Neville.
Troquei um olhar com Anaelle, a jovem pareceu tensa.
- Sua esposa é realmente linda. - comentei encarando a mulher sorridente ao seu lado, muitos traços de Anaelle foram herdados dela. Encarei secamente o Duque.
- Sinto muito pela sua falecida esposa. - seus pêsames eram tão mecânicos que tive vontade de acertar um soco no meio da cara dele.
Sorri passando a mãos no meu sobretudo preto, o meu casaco era cheio de bordados dourados, foram feitos pelas mãos de Clara, lidar com isso era doloroso. No entanto, eu faria aquele avarento sofrer tanto quanto eu estou sofrendo.
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O Mistério do Senhor Armand
RomanceEle é um diplomata Francês que passa seu tempo como um erudito do século XV. Depois de brigar com um Duque da Grã-Bretanha, por causa das riquezas de algumas terras, o rei Luís concedeu a Armand os lotes de terra e não para o Duque. No entanto, o no...