dezenove.

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— Você vai ir tomar um banho e eu vou comprar alguma coisa para nós dois comermos, ok? Temos que cuidar desses machucados depois. — Chanyeol segurou o rosto de Baekhyun entre as mãos e apertou-o com cuidado.

— Eu não 'tô com fome, não precisa...

— Sabe-se lá qual foi a última vez que você comeu, mas eu estou com fome pra caralho. E mesmo se você não quiser comer eu enfio a comida pela sua guela. Você 'tá parecendo um fantasminha anoréxico. — depois de mais um beijinho na ponta do nariz alheio, Chanyeol deixou sua mochila no tapete próximo à cama e voltou para o pequeno corredor. — Eu vou trancar por fora e levar a chave, tudo bem?

Baekhyun assentiu com a cabeça e viu Chanyeol fazer um coração com os dedos para si antes de sair do quarto.

[ 🌿 ]

— Hyung? — Chanyeol chamou assim que entrou no corredor e trancou a porta, andou devagar até o quarto e deixou as embalagens de comida em cima da mesa em frente à cama enquanto procurava Baekhyun. Quando ouviu o barulho que o chuveiro ligado fazia foi até o banheiro e deu duas batidinhas na porta, que se abriu um pouco pelo impacto. — Baek... você vai demorar muito? Se você enrolar demais, a comida vai esfriar.

Com os olhos semiabertos ele espiou um pouco dentro do cômodo, apenas para encontrar Baekhyun sentado no chão do box, ainda de cueca, escondendo o rosto entre os joelhos. Depois de um suspiro derrotado, Chanyeol entrou no banheiro e pegou uma toalha no caminho para o box, fechou o registro do chuveiro e se agachou em frente à Baekhyun.

— O que te fez ficar assim, bebê? — sussurrando, ele segurou o rosto de Baekhyun e o fez olhar para si. Não soube diferenciar as lágrimas da água que antes caía do chuveiro e seu coração falhou uma batida ao ver o quanto a expressão alheia demonstrava tristeza. — Você quer me contar?

Sem responder, sem tentar conter as lágrimas, Baekhyun esticou os braços e Chanyeol se levantou para puxá-lo para fazer o mesmo. Depois de enrolar a toalha em volta dele, o abraçou até fazê-lo perder o ar e encheu seu rosto de beijinhos, tomando cuidado com os machucados.

— Você quer ir no hospital? — mais um beijinho na ponta do nariz, e foi o suficiente para Baekhyun afastar o rosto corado e murmurar um "não".

— Eu não quero mais lembrar do que aconteceu, Chan.

[ 🌿 ]

— Dramático... — Chanyeol resmungou enquanto colocava o band-aid na maçã do rosto de Baekhyun, que havia fechado os olhos com força e comprimido os lábios. — Só ficou um pouquinho roxo, você fez menos drama com machucados piores.

— Seu dedo é muito grande, parece que vai acertar o meu olho. — Baekhyun abriu apenas um dos olhos, abrindo o outro logo em seguida ao perceber que Chanyeol havia se afastado e estava juntando o que usaram para tratar dos machucados e as embalagens de comida chinesa vazias para jogar no lixo. — Como eu vou explicar esse band-aid?

— Diz que se arranhou, sei lá. Se você tiver uma idéia melhor... — deu de ombros, deitando-se ao lado do mais velho na cama. Ele fez um sinal com uma das mãos para chamar Baekhyun, que logo se aproximou o suficiente para poder se aconchegar no corpo alheio. — Sabe o que nós vamos fazer, agora? — Chanyeol puxou o cobertor e jogou-o por cima do corpo de ambos, vendo Baekhyun negar com a cabeça, enquanto com a mão livre tirava o celular do bolso da calça. — Tirar um monte de fotinhas.

— Foto não... — Baekhyun resmungou, afastando o celular do maior com a mão que não cobria o rosto.

— Não me obrigue a chamar o Cleber.

— Ai, Deus. Tudo bem, uma foto só.

— É que eu quero poder ficar vendo o meu bebê do meu lado, mesmo quando nós estivermos longe um do outro.

— Mas eu 'tô feio...

— Se você fosse um dos meus amigos que leva todas as minhas ofensas na brincadeira, eu diria que você é feio sempre. Mas eu tenho que te dizer a verdade. — Chanyeol soltou o celular para segurar o rosto do menor entre as mãos, apertando-o. — Você é lindão.

Com um sorriso extremamente tímido nos lábios, Baekhyun escapou das mãos alheias para virar o corpo na direção oposta. Desistiu depois de alguns segundos tendo o corpo balançado de um lado para o outro e voltou à olhar para Chanyeol.

— Você é tão fofinho, vou te colocar no porta-malas e levar para casa.

— Me leva?

Ver a tristeza no fundo dos olhos marejados de Baekhyun quebrou Chanyeol de um jeito que ele não sabia ser possível. Ele não pensou que doeria tanto ter de vê-lo tão indefeso e implorando para ser salvo, mesmo sendo tão controverso quanto à isso na maior parte do tempo.

— Você quer mesmo, hyung? Você sabe que te levo na hora que quiser.

— Eu não sei, Chan. Tenho medo de...

— Me incomodar? Quantas vezes vou te dizer que isso não vai acontecer? Eu que vou te incomodar, sei ser bem irritante quando quero. — Chanyeol o abraçou, puxando-o para bem pertinho de si, o suficiente para as respirações se misturarem e deixá-lo corado de vergonha.

— Não é só isso. Eu tenho medo de acabar virando um problema para você. E se o Kisung ou o Yasuo resolverem ir atrás de mim? Chanyeol, eu não tenho a mínima noção do que eles são capazes, do que eles fariam se eu simplesmente fugisse assim. E conversar pacificamente com o Kisung avisando que eu estou largando-o e indo embora para Seul não é uma opção.

— Eu te ajudo a fugir. — Chanyeol novamente segurou o rosto dele entre as mãos, encostando seus narizes para olhá-lo sem que ele conseguisse desviar o olhar. Mas aquilo não adiantou de nada; não impediu Baekhyun de fechar os olhos. — O Kyungsoo tem uns planos dignos de um psicopata, tenho certeza de que ele não pensaria duas vezes antes de nos ajudar. Me deixa te ajudar.

Baekhyun não conseguiria olhá-lo. Não quando o espaço pessoal de ambos havia quase se tornado um só. Não quando toda aquela proximidade o fazia querer beijar os lábios de Chanyeol sem pensar em todas as enormes consequências que aquilo traria no momento. Por que ele tinha de ser tão bom para si e mexer com seu psicológico daquele jeito?

— Eu vou pensar, 'tá? Vou pensar sobre isso. — ainda de olhos fechados, Baekhyun escondeu o rosto entre o pescoço de Chanyeol e o travesseiro enquanto apertava os braços em volta de seu corpo, sentindo-o retribuir o abraço na mesma intensidade. Parecia não haver tempo o suficiente no universo para ficar ali, protegido entre os braços do maior, enquanto sentia o coração bater ridiculamente forte por trás das próprias costelas a cada vez que Chanyeol mexia em seus cabelos distraidamente, deixando beijinhos em sua testa enquanto lhe sussurava as palavras mais doces que já ouvira.

Baekhyun estava tão fodido quanto confuso com aquilo tudo.

─ ✧ ─

agora, 3 anos depois da publicação da fanfic, eu vim reler ela e percebi que alguns comentários citavam uma preocupação por o baekhyun não ter ido à polícia, e percebi que o motivo não ficou claro o suficiente. ele não fez isso pelo mesmo motivo que muitas vítimas de qualquer tipo abuso raramente recorrem à polícia: medo de não acreditarem nele, de não ser levado a sério – principalmente por ser um homem gay passando por isso num país extremamente homofóbico –, e medo do que poderia acontecer com ele quando o yasuo descobrisse.

stay with me → chanbaekOnde histórias criam vida. Descubra agora