1. please, i'm Ariel Pierce, i'm a survivor

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but if you loved me
why did you leave me?
kodaline - all i want

Era uma madrugada de terça-feira quando acordei com um estrondoso barulho no andar de baixo de minha casa, como se uma porta acabasse de ser arrombada.

Olho para o relógio que fica no criado-mudo e percebo que são três e quarenta da manhã. Pisco rapidamente e escuto passos pesados, subindo às escadas.

Levanto meu tronco da cama e ponho o cobertor para o lado, coloco meus pés no chão frio e levanto-me com os olhos completamente arregalados. Abro meu armário com cuidado, fazendo o mínimo de barulho possível e pego um taco de baseball, corro para trás da porta e espero alguém entrar, porém nada acontece.

Minha mente está a mil, porque entraram aqui? Nossa casa é completamente humilde, não aparenta ter nada de valioso.

Passo meus olhos por cada canto do meu quarto, procurando meu telefone, logo repreendo-me mentalmente quando lembro que ele está no andar de baixo.

Escuto abrirem a porta ao lado da minha e entro em desespero, é a porta do meu pai!

Escuto gritos e xingamentos, depois passos firmes descendo ás escadas.

Eu preciso ter calma.

Quando percebo que não há ninguém além de mim mesma no andar de cima, saio cautelosamente de meu quarto. Ainda segurando firmemente o taco, ando até o quarto de meu pai, mas quando espio consigo perceber que não há nem uma pessoa.

Ando até a ponta da escada, mas não consigo ver nada de lá de baixo, porém alguns segundos depois eu escuto um tiro e paraliso.

Minha mente começa a raciocinar várias possibilidades em menos de 2 segundos. Decido ignorar todas e descer às escadas correndo, logo presenciando uma cena horrível.

Meu pai, estirado no chão, com um tiro no peito.

Meu pai. Tiro. Morte.

Perco o ar por alguns segundos e não consigo desviar meus olhos dele. Isso é não é a realidade, isso não é a realidade.

- PAI! - Grito correndo até ele. - O que aconteceu? Não me deixa por favor! - Grito mais ainda, sentindo minha garganta arranhar.

Olho para trás rapidamente e vejo, com a visão embaçada pelas lágrimas, três pessoas, aparentemente homens, com máscaras pretas e armas apontadas para mim.

- Por que atiraram nele? Por que?! - Grito chorando desesperadamente, enquanto tento, com as mãos extremamente trêmulas, estancar o sangue que jorra do ferimento do meu pai.

- Merda! - Gritou um deles. - Ninguém nos avisou que ele tinha uma filha!

- Me... Me desculpe, minha flor. - Meu pai diz com dificuldade. - Eu te amo... Infinito.

- Pai... - Falo com inúmeras lágrimas escorrendo por meu rosto, isso não pode estar acontecendo. - Eu te amo! Não me deixa sozinha! Por favor, eu preciso de você. - Abraço-o, sentindo o sangue pelo meu corpo. Estou esperando ansiosamente o momento em que irei acordar desse pesadelo.

- Cor... - Ele se interrompe sem forças e tosse. - Ra.

Sinto que seus batimentos cardíacos pararam e paraliso. Seus olhos estão me encarando, enquanto vejo sua última expressão, desespero. Meu pai está morto, a única pessoa que me sobrou está morta. Começo a pronunciar uma sequência de "não", alucinadamente.

revival ✧ shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora