Epilogo:

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- Ficaram muito boas! - Louis garante após ler as cartas - Deve publicar, ouviu o que a Diana disse? Isso pode aliviar!

Suspirei.

- É pode ser.

- To ignorando o fato de que você me descreveu aqui como "Patrick"...

Eu abafei um riso sarcástico.

- Desculpe... - saiu como uma criança arrependida, eu abaixei a cabeça.

Ele passou as mãos nas minhas bochechas, encarando meus olhos que marejaram e gotículas começaram a se formar.

- Ainda é muito difícil pra mim, Louis! - eu gritei o abraçando.

Eu não queria que ali fosse o Joe.

Mas queria que o Joe voltasse.

- Eu estou aqui com você! To aqui.

Quando o mundo desaba, o melhor não é fingir que esta tudo bem. É preciso lidar de frente com a dor, e deixa ela vazar do peito mas pelos olhos.

Um abraço vale muito mais do que qualquer remédio que poderia ser recomendado.

- A Lara já chegou, acabei de receber uma mensagem! - Talita disse entrando na sala e ficou tensa ao ver a cena.

- Kendall? - sussurrou com pena.

- Eu to indo.. - afirmei me levantando, ele me ajudou a me equilibrar.

- Tá tudo bem? - Tata se aproximou preocupada mas eu a afastei com as mãos.

- Não se preocupa - pedi.

Tentei caminhar firmemente até a porta, ao ver a Lara na grama do lado de fora eu não aguentei, recuei para trás mas o peitoral de Louis estava lá, impedindo que eu voltasse pra toca.

- Força, Kendall! - ele pediu.

Ver ela fraquinha, magra e com os olhos tão brilhantes me abalava emocionalmente, lembra o que eu sempre disse? Lara sempre se pareceu muito com você, Joe.

A mão de Louis encostou na minha e ele foi me guiando.

- Tá preparada? - ela perguntou depois de me abraçar.

Se eu estava preparada para rever toda essa baboseira que eu escrevi enquanto me isolei no quarto e deixarem publicarem pra estranhos tudo que eu senti por ele? Tudo que eu imaginei que ele escreveria pra mim?!

Talvez...

- Acho que sim - eu meio que menti mas tentei segurar o ar para não demonstrar nervosismo.

*

- Kendall, você pode concluir tudo isso com uma carta. A última, se assim preferir... e aí vai ser o fim.

O silêncio se fez enquanto eu assenti.

- Posso? - me referi a cadeira, ela concordou com a cabeça e eu me sentei.

Destampei a caneta e arranquei o guardanapo da bandeja dela.

Foi no improviso, foi espontâneo.

Eles me encaravam e eu não estava mais ali.

Eu prometi não fazer cartas tristes.

Prometi não chorar mais.

Eu prometi me alimentar direito.

Eu sou falha, não, eu não consigo.

Está doendo, essa falta... É como se eu te perdesse a cada dia.

Como o gotejar de uma pia, prestes a despejar toda sua água pois a caixa não foi reabastecida.

Eu fico revivendo nossas memórias mas sei que elas estão se acabando junto com minha memória. Cada dia mais eu acho que eu estou te esquecendo.

Não soa bom, não quero te esquecer, nem que eu tenha que ficar repetindo seu nome ou te tatuar em todo lugar da minha casa. Não me permito te esquecer.

Eu te amo Joe. Amo mesmo. Amo muito.

Sem limites nem fronteiras.

Mas eu não estou mais apaixonada.
Não existe mais nada daquilo de borboletas ou coisas assim...

Acabou.

Pode ser difícil de confessar algo assim, principalmente quando tem a sua irmã e seu namorado te encarando escrever sobre alguém que já se foi....

Mas eu aceitei isso depois de escrever um livro todinho a você.

É um longo tempo, são dias mais longos ainda, o sol invade a janela e eu fico mais deprimida.

E a maior prova que você é uma parte minha, é que suas cartas... eram suas.

Não dava nem pra notar que ali foi tudo obra minha... Parecia você ali.

Era você Joe.

A parte sua dentro de mim, como se percorresse por minhas veias.

Porque foi o ontem, o semana passada, o mês passado, está sendo esse presente e vai permanecer no meu futuro.

Metade da minha vida e um longo capítulo da minha história.

Eu amei, me apaixonei, me envolvi e fiquei com tanto medo de te perder que eu perdi.

Talvez seja isso que a vida quis me ensinar, que nada pode ser pra sempre.

Da um desespero, né?

Porque tudo que almejamos deve durar pra sempre, mas devemos aprender a soltar e libertar.

A lidar com a mudança e com a ida.

A enfrentar o destino e a vida.

Nunca vai ser fácil, meu peito ainda arde...

Joe, eu te eternizo numa estátua de palavras.
E todos que verem isso percebem o quanto você foi um homem especial!

Quando a lágrima cai significa que o coração está cheio.

O meu coração transborda amor.

É um misto de saudade também.

Mas vida é composta de vitórias, perdas e aprendizados.

Isso que eu aprendi.

E não apenas da Primavera ao Inverno te amarei, mas por toda minha vida irei te amar infinitamente.

Com amor,
Kendall Spring

{ Fim }

Da Primavera ao InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora