Remetente: Primavera, Destinatário: Inverno

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Distante.

Distante, é uma palavra qualquer. De uma frase qualquer.
Uma palavra invariável que muda sentido do verbo distanciar indicando circunstâncias, como de modo, lugar, tempo e intensidade.

Quer saber?

Eu odeio essa palavra idiota.

Porque é assim que eu sinto você.

D-i-s-t-a-n-t-e.

– Por que essa carinha? – Diana escorou na minha mesa, como rosto bem próximo ao meu e sorriu – Hein?

Eu franzi a testa irritada, você sabe que normalmente não gosto de contar esse tipo de coisa as pessoas. Acho desnecessário algumas vezes.

– Não é nada. – Respondi monótona, voltei a tela do computador e comecei a digitar o arquivo que o Stewart me mandou de manhã.

Ela bufou e fez um bico – Fala! – Insistiu.

— Pode voltar a sua mesa! — Mandei  tranquilamente, digitando de forma cordial e concentrada.

— É o Joe, não é? — Sugeriu e eu revirei os olhos começando a digitar com raiva.

Ouvi ela pigarrear um riso e voltar a sua mesa.

Eu me virei a sua mesa e suspirei fundo— Ele estava diferente no telefone. — esclareci a ela — De certa forma, eu consigo notar pelo tom da voz dele... Ele ficou chateado com o Patrick lá em casa...  Não sei, ele tava estranho... Porque é tão difícil falar por cartas?!

— Não vai estragar seu dia com isso, não é amiga? O Joe tá é muito bem, e você tem que estar também!

— Não gosto quando isso acontece. De como, sei lá... Às vezes eu sinto como se ele fosse desistir disso tudo? Como se ele fosse dizer que não pode mais, que não está dando e... A distância?

Ela me olhou por um instante e sorriu — Porque ele faria isso se te ama? Olha, você tá paranóica!

— Que?! Didi, escuta, estamos a tanto tempo nessa e ele não diz nada, não fala nada, estamos juntos mas não está andando pra frente. Meu medo é de que algo está travando nosso caminho e possivelmente pode ser a falta de amor ou cansaço de um das partes pela distância. E essas cartas que demoram um ano pra vir!

— Kendall, para com isso! — Ela me tranquilizou — dois minutos para acabar, — grunhidi tão empolgada que até tornava invejável essa empolgação numa quarta-feira gelada e repleta de neve. E eu não estava num humor muito bom, ela continuou a tagarelar — Que tal dar-mos uma passadinha na Olive?

— Ah, não sei. Preciso ver se... — Toquei meu celular vendo uma mensagem da Talita, apenas bati os olhos de relance e suspirei — tenho que ficar em casa com a Tata, tudo bem se ficar para a próxima?

— Ah, — riu sem graça — tudo bem..

Peguei minha bolsa e coloquei as papeladas todas na porta do senhor Stewart.

Vesti minha luva e coloquei o gorro vermelho, suspirando fundo antes de sair para a rua.

2 semanas e 1 dia e 13 horas e 56 minutos e consequente uns 5 segundos, que você prometeu.

Não gosto quando você some assim, não gosto mais ainda de sentir sua falta.

Droga, Joe.

Detesto de como as vezes eu quero correr pra dentro de seu abraço e esquecer que existe um mundo.

Me sinto vulnerável.

Se o amor é um sentimento forte porque faz com que eu me sinta fraca?!

Que contradição cruel.

Às vezes eu acho que eu preciso mais de você, do que de mim. Quase uma dependência terrível e sem fim.

Eu ouvi por aí que, temos que perder para amar de verdade.
Eu ainda não sei como te perder para te encontrar.

Eu só estou confusa.

E não aguentando mais te ter dessa forma... Mas é como andar em círculos e voltar ao inicio, observar que estamos chegando a ponto nenhum!

Mas como Percy Bysshee diz "Se o inverno chegou, a primavera não estará distante". Porém, cada um em um lugar e eu espero você chegar.

Na Primavera quando tudo florecer, nosso amor não será tão complicado como tem que ser...

Da Primavera ao InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora