Pure Wolf (JiKook - ABO)

Capítulo XXI

Busan, Coreia do Sul, Atualidade

Jimin recuou, sentindo um doce aroma a rosas a invadir-lhe as narinas, e embateu nos corpos dos dois amigos, que continuaram a dançar despreocupadamente durante todo o tempo. O cheiro estava de certa forma também nos seus amigos, o que era incompreensível para Jimin. Os olhos brilhantes fitavam-no sem piscar, preenchidos de uma natureza fria e desprovida de sentimentos.

- Vão para dentro dançar, está bem? - Jimin estava desesperado e sentia que a voz lhe tremia. Tinha de tirar os betas dali, mas eles nem lhe davam ouvidos.

- Não sejas chato. - Resmungou Taehyung, fazendo um biquinho e uma expressão triste. Jimin olhou-o, pensando no que fazer para o convencer.

O cheiro estranho desapareceu, de forma tão repentina quanto surgira, e Jimin voltou-se novamente para as árvores. Não se via absolutamente nada. Estava escuro e os olhos tinham desaparecido como se nunca lá tivessem estado. Prendeu a respiração, assustado. Preferia quando o conseguia ver.

- Meninos, eu meto a música que quiserem e danço com vocês. Até vos deixo comerem o que quiserem e tudo... - Finalmente pareciam interessados em ouvir o que o ómega tinha a dizer. - Vão lá para dentro, por favor.

Eles avançaram aos saltos para a porta da entrada da casa, como duas criancinhas a fingir que tinham os pés atados um ao outro. Pareciam completamente alheios à realidade e Jimin não compreendia o que se passara. Os betas nunca tinham ficado assim antes com a lua cheia. Ficavam animados e fofos, mas nunca assim tão desligados deles próprios. O que teria acontecido para ficarem assim?

Olhando para a porta reparou num monte de roupa que estava pousada no chão, bem dobrada. Reconheceu-a imediatamente. Então um odor familiar a citrinos surgiu ao seu redor. Jimin sentiu-se dividido. Queria levar os betas para dentro e trancar a porta, seguindo os conselhos do alfa. Mas parte de si queria vê-lo. Sentia que, de alguma forma, se conhecesse o animal de Jungkook, conheceria mais uma parte dele. E ele queria conhecê-lo por completo.

Os betas estavam quase a entrar em casa quando pararam e voltaram-se para as árvores. Pareciam ouvir e cheirar algo. Jimin tentou vislumbrar alguma coisa entre as sombras, mas realmente não se via absolutamente nada. Estava escuro demais. Surpreendeu-se quando ouviu um rosnado grave e baixo. Não havia dúvidas que quem o emitira estava absolutamente furioso.

Foi então que o viu. O seu enorme corpo coberto de uma pelagem negra brilhante, uns olhos ameaçadores e amarelos. O lobo era absolutamente magnífico, com uma estrutura forte e musculada, e Jimin arregalou os olhos em espanto. Só podia ser assim: lindo. Apercebeu-se, no entanto, que ele cheirava o ar e rosnava, mostrando as presas num esgar aterrador. Parecia tão furioso... De repente, o olhar do lobo pousou nos dois betas especados à porta da casa e agachou-se. O som de fúria aumentou, fazendo o corpo estremecer como se fosse um tambor, e Jimin começou a preocupar-se. Ele ia atacar os seus amigos e ele não sabia o que fazer.

Quando observou o lobo assumir posição de ataque e preparar-se para correr, Jimin tomou uma decisão que poderia ser considerada insensata e que tinha tudo para correr mal. O lobo começou a correr e Jimin imitou-o, correndo de forma a posicionar-se entre ele e os amigos. Estava muito mais perto que ele e estava disposto a tudo para o deter. Parou no meio do caminho de braços abertos, mais firme e convicto do que poderia pensar sentir-se naquela situação. Não se importava com o que pudesse acontecer consigo desde que o lobo não alcançasse os seus amigos. No entanto, não sabia como o seu pequeno corpo pararia o animal enorme.

Para sua surpresa, o lobo parou repentinamente a menos de cinco centímetros de colidir com o seu corpo. A sua cabeça ficava um pouco mais alta que a de Jimin, o bafo quente a bater-lhe na cara e a balançar-lhe os cabelos. Jimin olhou para cima, percebendo os olhos fixos em si. Não era o Jungkook que o olhava ali. No entanto, Jimin não se sentiu assustado ou ameaçado. Baixou os braços lentamente, sentindo-se estranhamente seduzido pela criatura à sua frente. O cheiro característico do alfa impregnava-lhe o nariz e fazia-o querer aproximar-se e cheirar-lhe a pelagem como se não fosse mais que um enorme urso de peluche. Ele não se movia, fitando o ómega com curiosidade, os dentes já recolhidos dentro da boca e o nariz a mover-se de forma curiosa.