Um mago

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Elfca ficou alguns dias ainda no acampamento dos seus agressores, depois rumou para o sul, na direção da linha meridional.

Teve que enfrentar uma tempestade de neve no caminho e forçosamente não pôde seguir para sudeste, em direção do monte Frenno, como tencionava, pois os acessos estavam bloqueados.

Assim, seguiu em linha reta, enquanto foi possível, até que foi obrigada a procurar um novo abrigo.

Encontrou uma caverna na base de outra montanha quando já estava anoitecendo. Se alimentou e ao decidir descansar, algo em seu instinto de caçadora lhe disse que corria perigo.

Saiu até a entrada da caverna e pode observar vários soldados terminando de atravessar um portal.

Então é assim que eles surgem! — disse a si mesma.

Elfca saiu de seu esconderijo já iniciando um ataque direto ao grupo, o pegando totalmente desprevenido.

Sem necessitar de muito esforço foi vencendo a maioria deles, até que em dado momento encontrou um oponente a altura.

Ele era um pouco maior que ela e vinha com uma grande espada que parecia estar com sua lâmina pegando fogo, pois ela brilhava, iluminando seus olhos. Duelaram por um tempo, até que o vento da tempestade pareceu cegar seu inimigo e Elfca não perdeu tempo. Desviou do seu ataque e a sua espada o atravessou, imobilizando-o para sempre.

Acreditava ter vencido a batalha, mas eis que no instante em que pensou se não conseguiria passar pelo portal e ir direto para a fonte de seus problemas, um mago vestido de com um capuz escuro atravessou o mesmo, que sumiu na mesma hora.

— Como vai, Elfca!

☸☸☸☸☸

Um calor imenso invadiu seu corpo, assim que ela avistou o mago. Essa sensação começou imediatamente a sufocá-la e teve certeza de que se tratava de algum tipo de magia.

Atacou com violência o último inimigo, que se defendeu facilmente com seu cajado metálico e com a mão livre conjurou uma bola de fogo que lançou sobre Elfca, a arremessando longe.

Ela se levantou rápido, desviou de outro ataque mágico e deu um salto sobre ele, tentando acertá-lo com a espada pelas costas. Chegou a atingir o mago, mas foi como se golpeasse o vento, pois ele nada sentiu.

Ele usava algum tipo de escudo invisível e a prisioneira do gelo imaginou que para vencê-lo precisaria ter também algum poder mágico.

E como se fosse a coisa mais natural do mundo a se fazer, correu em volta dele, golpeando com a espada o solo, até que o centro explodiu, jogando o mago contra a parede da montanha, longe de seu cajado.

Ele caiu desacordado e ela pensou em aproveitar para matar rapidamente aquele ser perigoso, depois de chutar sua arma para longe, mas teve uma ideia melhor.

Procurou entre os pertences dos soldados mortos e encontrou uma longa corda. Amarrou o mago e colocou uma mordaça em sua boca, depois o levou para dentro da caverna

Esperou acordada até de manhã para que ele abrisse os olhos e antes que lhe perguntasse qualquer coisa, o mago invadiu sua mente e lhe enviou uma mensagem.

Muito bem, Elfca!

Ela se assustou e se levantou com a espada empunhada, preparando-se para arrancar a cabeça dele, se isso fosse necessário.

— Pare com isso, ser maldito!

Então tire este pano da minha boca para conversarmos.

Elfca encostou a espada na garganta dele e sorriu.

— Para que conjure um feitiço e me ataque, seu monstro?

Eu não preciso das palavras para fazer uso da magia.

Como que para provar o pensamento que ele lhe enviara, seu cajado veio flutuando caverna adentro e caiu sobre a fogueira, tornando a temperatura da caverna insuportável.

Ela apertou sua arma com força na garganta do mago.

— Pare com isso agora! — berrou ela.

Tire o pano da minha boca, guerreira.

A temperatura lá dentro aumentou ainda mais e novamente uma sensação de sufocamento começou a invadi-la.

Com um puxão, arrancou a mordaça da boca do mago e na mesma hora o cajado saiu da fogueira e foi parar junto a uma das paredes, fazendo com que o encantamento desaparecesse.

— Quem é você? — questionou ela, sem tirar a espada do pescoço dele.

O mago sorriu.

— Eu sou Ladallmus, minha cara Elfca. E tenho uma proposta para você...

☸☸☸☸☸

Como uma tigresa que se preparava para abater sua vítima, Elfca ficou andando de um lado para o outro da caverna, encarando o mago nos olhos, que permanecia demonstrando uma calma que a enlouquecia.

— Eu quero saber de tudo, Ladallmus! Quem me mandou para cá, qual foi o objetivo disso, tudo mesmo...

— Pode ser que eu mesmo tenha lhe lançado um feitiço, não acha?

— Não acho! Um verdadeiro vilão dificilmente vai para o campo de batalha e duela tão mal. Em geral ele envia seus serviçais para realizar estas tarefas medíocres.

O mago riu da sabedoria dela e Elfca teve um desejo enorme de lhe apagar o sorriso.

— Está sendo romântica demais, guerreira. Não estamos dentro de um livro de contos...

E continuou antes que ela pudesse falar.

— Eu tenho ordens para destruí-la, é verdade, mas não foi para isso que eu vim até aqui.

— Então qual o seu grande objetivo? Veio passear no deserto gelado?

O mago sorriu novamente.

— Não! Vim lhe fazer uma proposta. Eu já lhe disse isso! E a propósito, tenho pressa da resposta...

— E o que pretende fazer se eu não colaborar?

E pela primeira vez naquele encontro, tive que colocar toda seriedade nas minhas palavras, para que Elfca finalmente me ouvisse.

— Não é o que eu pretendo fazer, guerreira, mas é o que eu deixarei de fazer que importa, pois neste exato instante, enquanto o frio sopra lá fora, um calor insuportável se abate sobre outro alguém que eu necessito ajudar...

— E quem seria essa pessoa, mago?

Nossa! Como ela podia ser tão tola?

— Estou me referindo a alguém que você ama, Elfca!

E naquele momento eu pude ver em seus olhos, sem precisar ler em sua mente, que, finalmente, ela parecia me compreender...

The FatherOnde histórias criam vida. Descubra agora