O colar

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O novo dia raiou no horizonte e com ele inúmeros problemas para o prisioneiro do deserto.

Aldloc ainda fingia vigiar qualquer aproximação ao acampamento, quando percebeu uma movimentação diferente atrás dele e imaginou na mesma hora que fora descoberto.

Tratou de usar a espada do vigia que assassinou contra os inimigos que se preparavam para abordá-lo e derrubou um deles.

Investiu contra o segundo, mas sentiu seu braço adormecer, enquanto a espada congelava em sua mão, e só teve tempo de soltá-la e desviar do ataque do soldado.

Deve ter um feiticeiro aqui! — pensou ele rapidamente e divisou o maior deles, aquele que achou ser o líder, com as duas mãos juntas parecendo fazer uma oração.

Chegou a conclusão que sua melhor chance seria destruir esse ser das trevas rapidamente, mas como chegar até ele seria um problema, pois estava protegido por três outros soldados.

Não tinha também como fugir, pelo menos outros seis inimigos os cercavam e se aproximavam para matá-lo.

Aldloc não perdeu tempo e voou sobre o soldado mais próximo e com a adaga lhe perfurou o peito. Sentiu que sua arma parecia queimar a sua mão, mas não deu importância.

Foi desviando de novos ataques facilmente e contra-atacando como podia e já havia vencido mais dois, quando sentiu uma estranha chuva gelada, bem a tempo de rolar para o lado e desviar de lanças de gelo que caíram do céu sobre a sua cabeça.

As lanças acabaram empalando mais um soldado, fazendo Aldloc sorrir e partir contra os dois que restavam, vencendo-os em poucos segundos.

Se virou na direção do feiticeiro, ainda protegido pelos soldados e avançou sobre eles.

Foi desviando de outra chuva de lanças e ficou horrorizado ao perceber que o principal inimigo transformava os soldados que o protegiam em seres enormes, parecidos com ursos.

Após esta magia, os três monstros urraram juntos para o céu e iniciaram um ataque em conjunto contra o príncipe, como se fossem lobos da mesma matinha.

Aldloc teve certeza de que não conseguiria vencê-los num combate direto e tentou fugir, mas um deles deu um salto que parecia impossível e eliminou a sua chance de fuga, enquanto os outros dois chegavam rapidamente por trás.

Ele pensou que provavelmente sua morte seria inevitável, mas levaria algum daqueles monstros para o outro mundo, junto com ele...

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O ataque do primeiro monstro rasgou com as garras afiadas a manga do uniforme que Aldloc vestia.

Ele investiu contra o monstro branco, mas este deu um pequeno salto para trás, soltou outro urro e avançou sobre o príncipe.

Aldloc deixou para desviar no último instante e penetrou com a adaga perto do pescoço do monstro, que caiu sobre ele morto, em pouco tempo retornando para a forma humana.

Esse descuido deu chance para que os outros dois monstros se aproximassem e investissem juntos contra o príncipe, que ainda lutava para sair de baixo do soldado pesado.

Usando uma força que desconhecia ter, Aldloc agarrou o corpo do soldado morto e o lançou sobre uma das feras, depois rolou rapidamente por baixo da outra e abriu sua barriga com a adaga.

Levantou surpreso com a velocidade que descobriu agora possuir e correu para cima do último monstro vivo, que destroçava o cadáver do soldado que o príncipe lançou sobre ele.

Fincou a adaga em sua cabeça e, por instinto, rolou de lado, escapando de uma nova chuva de lanças de gelo, que terminaram de matar o último monstro.

Nesse momento lembrou-se do feiticeiro e decidiu enfrentá-lo de uma vez. Girou em sua direção e ficou claro que ele conjurava uma nova magia. Quando se aproximou o suficiente, viu brotarem do solo mais três monstros, tal os que acabara de vencer.

É impossível derrotá-lo! — pensou Aldloc desanimado, encarando o feiticeiro a distância, que agora sorria.

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Mesmo cansado o príncipe avançou sobre os monstros com fúria, mas antes de acertar o primeiro deles, este explodiu no ar, enviando seus pedaços para todos os lados.

Viu que o mesmo aconteceu com as outras duas feras e ao se concentrar no seu principal inimigo, notou que ele lutava com um ser vestido com roupas escuras.

Aldloc aproveitou para recuperar o fôlego, enquanto os observava admirado.

O novo inimigo que surgiu tinha um longo cajado que pegava fogo e iluminava junto com o Sol os seus rostos.  Com ele golpeava o feiticeiro que se defendia com uma espada de gelo.

Eles pareciam dançar e a cada encontro de suas armas mágicas, um estrondo chegava até os ouvidos do príncipe, que percebeu o quanto de poder era liberado nestes ataques.

Num giro formidável, após despedaçar uma chuva de lanças com um jato de fogo do seu cajado, o novo inimigo criou uma espada de fogo e junto com sua arma flamejante, atravessou as defesas do feiticeiro e finalmente o matou.

O príncipe sabia que tinha um inimigo aparentemente muito mais poderoso pela frente e não perdeu tempo, correndo em sua direção, mas antes que conseguisse chegar até ele com sua adaga, viu flutuando em sua direção um objeto que girava e pensou ser um tipo de arma.

Se preparou para desviar e foi então que reparou que o objeto perdia a velocidade e começava a flutuar mais lentamente próximo a ele, ficando elevado no ar e brilhando por alguns segundos, até cair no solo arenoso.

O príncipe pegou o objeto com carinho e o ficou olhando, sentido lágrimas se formando em seus olhos.

— Onde está a dona deste colar? — berrou ele para o inimigo desconhecido, que somente agora o encarava.

— Ela não está aqui, Aldloc, nem tão pouco eu posso levá-lo até a guerreira, mas preciso que me escute...

— Onde ela está? Me responda rápido ou terá que me enfrentar também.

— É justo, meu caro príncipe, mas deixe antes que eu me apresente.

Contei tudo para ele, sobre o feitiço que os prendeu, cada qual num lado do continente de Hascob.

Expliquei cada detalhe, como o fiz antes para Elfca, de como faríamos para que os dois pudessem se reencontrar.

E vejam só vocês, assim como ela, não é que o prisioneiro tolo acreditou!

Afinal, que outra escolha ele tinha, a não ser acreditar em mim...

The FatherOnde histórias criam vida. Descubra agora