Feiticeira Negra

3 1 0
                                    

No auge da noite as estrelas estavam mais brilhantes querendo vislumbrar sua aparição. A lua cheia iluminava a floresta maldita e os animais faziam silêncio sepulcral tentando captar os sons que ela faria ao chegar. Vaga-lumes pousavam na copa das árvores iluminando seu caminho até o grande lago no meio da densa floresta negra que se estendia ate o horizonte, com suas árvores altas de folhas escuras e grossas que caiam ao seu redor como flocos negros de neve rodopiantes no vento que soprava entre as copas.

Ela caminhava como se seus pequenos pés não tocassem o chão e seu vestido da cor das rosas  lhe dava o ar solene de Rainha das Trevas. Seus cabelos eram negros e sedosos, espessos como petróleo que escorriam em uma intrincada trança, a qual lhe deixava escapar algumas mechas que chicoteavam ao vento. Todas as cores escuras de seu ser contrastavam com a pele pálida da dama marcada apenas por alguns finos simbolos feitos com nanquim e com seus olhos claros como as águas delineados de preto.

Os animais que estavam à sua volta a reverenciaram, as árvores pouco a pouco foram se curvando para a saudar e deixar a luz forte da lua a iluminar. Assim que o primeiro raio tocou suas vestes ele de tornou vermelho, a cor carmesim subiu pelo feixe até atingir o astro prateado o tornando vermelho, como se a propria lua estivesse sofrendo e sua luz fosse seu sangue que se derramava sobre nós.

A bela dama continua seu caminho sendo banhada pela luz melancolica, seus pés deixavam delicadas pegadas de lótus para trás até que ela avista o lago que estava mais adiante. Sua superfície de veludo azul ondulava harmônica por toda a sua extensão. A rainha se aproxima do lago e toca suas aguas fazendo uma pequena onda que para logo em seguida, como se nem uma brisa sequer passasse.

De repente uma grande massa se ergue do lago, turvando suas águas e a movimentando de um jeito violento. De dentro do lago emerge uma criatura enorme, de olhos flamejantes e escamas azul-esverdeadas que reluziam em roxo quando a luz vermelha o iluminava. Sua boca enorme se abriu em um bocejo de quando se acorda de um sono de mil anos deixando a mostra três aterrorizantes fileiras de dentes afiados e uma grande lingua bifurcada vermelha que se projetava para fora em intervalos regulares.

Dois pares de extensas asas membranosas se alojavam em suas costas largas, abrindo e fechando várias vezes como se fosse a primeira vez em séculos que elas se movimentavam. Conforme o grande reptil saia das aguas podia-se ver que uma cela entre suas asas e uma rédea presa a sua boca que balançava com seus movimentos.

O dragão lançou suas chamas laranjas ao céu vitorioso por finalmente acordar, levantou vôo e disparou aos céus cortando o ar com suas quatro robustas patas e se lançando para as estrelas com um giro completo. Sua cauda chicoteante varreu as copas ate que ele enfim voltou para o chão, aterrissando sutilmente ao lado da rainha.

Abaixou a cabeça em sinal de gratidão e respeito para que ela alisasse suas escamas ásperas e assim ela fez, pegando a rédea logo em seguida. A fera deitou-se para que ela subisse em suas costas. Após se acomodar ela estalou as cordas e o dragão se lançou aos céus novamente partindo em direção de seu castelo em ruinas.

Cheguei, escrevi e corriOnde histórias criam vida. Descubra agora