GATILHO - Enseada da noite

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É na madrugada
Que a enseada da noite,
silenciosa,
Vem sufocando,
Devastando.

Se dobra dentro
Fazendo você se contorcer.
Num ímpeto tu puxa a coberta,
Se esconde,
Reza para aquilo passar.
Mas isso mói algo em seu peito,
Tritura algo em você,
Dilacera um resto de amor que havia sobrado para dar.

Tu até tenta abafar no travesseiro,
Na cama,
Seca nos lençóis,
Tudo em vão,
Não vai parar,
Você vai ter que aguentar.
Aguentar cada lembrar,
Cada ferida,
Cada declaração proferida,
Cada quebrar,
Cada partir,
Cara sorrir,

Deixando só uma carcaça consumida
Local inabitável
Corpo sem vida
Mente instável
Sorriso que esconde
Dor que corresponde
Em média alta
Injusta
Assusta
E salta
Na falta
Do seu enalta.

POEMA DIÁRIO - aqui contém versos embrionários de conteúdo abortivoOnde histórias criam vida. Descubra agora