Depois de ver a morada da festa, troquei a minha saia por umas skinny jeans e dirigi-me até à tal. Demoro poucos segundos a encontrar pois ouvia-se ao longe a musica e os gritos de bêbedos. Como também já estou mais para cá do que para lá não trouxe o carro. Entro calmamente para que ninguém me note mas falhei. Os dois rapazes que à poucas horas falavam de mim, olham-me olhos nos olhos, decido ignorar antes que as namoradinhas deles me viessem chatear. Continuei a caminhar por ali até chegar ao álcool, umas quantas raparigas olham-me de lado e quase que sinto a alma a pedir shots. Um dos rapazes oferece-me um no momento em que aquele pensamento me surgiu na mente. Aceitei o destino de ser odiada por umas gajas quaisquer que nunca vi, e aceitei também o primeiro de muitos shots dados pelo "Jay". Ele parecia o típico fuckboy, a tentar com todas as raparigas apesar de ser óbvio que tinha a namorada ali. Tentei dançar mas era constantemente puxada por ele, nas suas tentativas de engatar. Desisti de estar naquela sala. Peguei numa garrafa e procurei um sitio. Os quartos infelizmente estavam ocupados por adolescentes hormonais, havia fila para uma das casas de banho. Acabei por desistir mais uma vez e procurei uma varanda.
Eu: finalmente- suspiro ao entrar na tal varanda arrependendo-me quando vejo o loiro a quem emprestei o isqueiro e uma rapariga do grupo do tal Jay.- desculpem- sou interrompida na minha frase pelo empurrão da rapariga.
Loiro: obrigada, nem sabes do que me livraste.- nem tentei responder, sentei-me no meu canto a fumar e beber.- que seca, chega lá para aqui, para além dos bichos...- nem o deixei acabar. Deslizei tão rápido até ao outro canto.
Eu: Fodasse, não sabias avisar mais cedo? estúpido.
Loiro: Calma boneca... já passou.- o meu pensamento não saía da palavra boneca... vejo os seus lábios a mexer mas não oiço nada. Espero que não sejam todos fuckboys ou machões, ou pior uma junção dos dois... que pesadelo.
Ele fala e fala a bebida vai acabando, vai-me oferecendo cigarros, talvez para que fique. E quanto mais bebe mais humano se torna. Fala dos seus amigos com um olhar que eu não imaginei que existisse neste loiro, diz-me coisas básicas como o chamar-se Lucas e ter 19 anos etc. Quando toca no assunto de família disfuncional, o meu coração para por sermos tão parecidos nesse aspecto. Talvez já estivesse muito bêbeda mas ele parecia quase simpático... quase. Seria um fuckboy machão o meu primeiro conhecido nesta terra? Talvez mas como tudo os cigarros acabaram e com eles a minha simpatia. Despedi-me de lucas com desprezo apesar de ter melhorado aquela noite. Passo pela festa inteira sem olhar para ninguém, pego uma garrafa de vodka e dirijo-me a casa. Ao sair oiço uma musica abafada que me parecia ser a IDFC quando esbarro contra alguém e quase parto a garrafa em cima de mim.
??: Olha a vodka caralho- o que eu assumo ser um rapaz, ri como se fosse a melhor pessoa nesta terra
Eu: Vê lá se o mundo acaba se perderes um mililitro de vodka- tento olhá-lo (ou olhá-la talvez) mas está demasiado escuro. Desisto e acabo por seguir o meu caminho sem sequer reparar se recebi resposta ou não.
Não demorei muito a chegar a casa, tirei a maquilhagem e vesti um pijama qualquer que tinha no cadeirão do quarto. Dormi que nem uma pedra até ouvir o despertador às 7h em ponto, triste e sem vontade mínima de me levantar lá o fiz, comi um pequeno almoço leve e vesti umas leggings e um top para ir ao ginásio, peguei no telemóvel e nas chaves do carro e fui saindo de casa enquanto atava o meu cabelo.
Estou a torturar-me a mim própria"- penso enquanto acabo o meu treino com uns exercícios de elasticidade. Apesar de ser uma tortura acordar tão cedo para isto, faz-me bem e eu adoro. Assim que acabo dirijo-me ao meu carro despedindo-me da recepcionista do ginásio. Ao chegar a casa tomo um banho muito rápido, e ainda de roupão preparo a minha mochila e um batido de frutas para levar, sabendo perfeitamente que vou tomar café antes de ir para as aulas na mesma. Visto um vestido justo e curto preto com alças em setim com padrões florais e com mangas mais abaixo feitas com um tecido um pouco mais fino, calço umas botas pretas com um pequeno salto. Para a maquilhagem faço apenas ponho um pouco de corretor de olheiras o eyeliner e ponho um batom roxo escuro. Eram 8:15h o que significava que tinha tempo para o café. Apresso-me a pegar na mochila, no telemóvel e nas chaves de casa e do carro.
Fiquei no café mais ao menos até as 8:40 e depois fui até a escola para fumar o meu cigarro matinal, desta vez sem o loiro... achava eu.
Loiro: Tens um belo isqueiro.
Eu: Nem bom dia nem nada... toma lá o isqueiro- tento fazer cara de má mas solto um riso levando-o a sorrir-me.
Loiro: Bom dia boneca.- ele ri, confirmando que boneca era só uma brincadeira e que ele não é um azeitaríeis qualquer, o que me deixa mais descansada.
Eu: e essas confianças? Até parece que somos amigos
Loiro: e somos.
Oiço a campainha tocar, e agradeço a todos os deuses existentes por me livrarem de um mais um momento embaraçoso nesta terra.
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As aulas da manhã foram... digamos que lentas. Mas finalmente é hora de almoço, ao menos não tenho que me levantar a frente da turma e dizer " olá sou a Maya, tenho 18 anos". Mais uma apresentação e eu desfaleço. Fui até à cafeteria, a comida era pizza, pego na mesma e sento-me descansada numa mesa. Sozinha outra vez só como e vejo o Twitter.
Girl1: Maya? Tens o machão da escola a olhar para ti.
Boy1: deve ser do vestido- eu olho confusa para o grupo destes dois amigos (?) enquanto se sentam ao meu lado.
Boy2: Não lhes ligues muito, eu sou o Kevin, aquele ali com ar de cinderela é o Scott e a miss contactos aqui é a Cassandra mas todos lhe chamamos Cass.- eu não aguento o riso, eles explicam que era Dave o rapaz de quem falavam.
Scott: come quase tudo o que mexe, incluindo a rainha... eu- todos nós soltamos um riso e ficamos a falar até ao próximo toque.
