Desde domingo ando a fazer malas e a estudar com tantos tempos livres graças à preguiça dos meus queridos professores. Quase não tenho aulas "porque é a ultima semana" pelo que eles dizem, mas continuam a dar mil e um trabalhos. O meu grupo não se vê desde sexta a preparar tantos trabalhos, a primeira aula desta semana é hoje, quarta feira, para apresentar metade dos trabalhos. Vou ao ginásio como sempre mas desta vez tenho mais tempo pois só tenho aulas às 10h. Assim que volto a casa preparo um sumo para levar e como um pequeno almoço rápido para finalmente poder ver os meus amigos.
Cass: Sinto que não vos vejo à 3 anos
Scott: e quase que não vês
Kevin: Ai que sentimentais...
eu: vais dizer que não te doía o coração de saudades?Kevin: sim claro, cheio de saudades.
Eu: Gosto muito de vocês e tenho muito para contar mas tenho que ir procurar o Lucas- Dou um beijo a cada um dos meus amigos e afasto-me procurando Lucas como uma louca. Passo pelo Calum parando para o cumprimentar, a ele e a Ashton ignorando o Ruivo, junto deles, que não parece gostar da brincadeira. Depois de dois dedos de conversa continuo a minha busca pelo loiro. Demoro um pouco mais do que esperava a encontrá-lo. O loiro encontrava-se debaixo de uma árvore, estava sozinho e parecia triste. Ao chegar-me perto dele consigo ver algumas lágrimas rolarem pela sua face. Depois de algumas tentativas de esconder o seu motivo, o loiro, finalmente confessou que estava assim pois os seus pais tinham discutido antes de ele sair de casa e que o Scott parecia estar só a gozar com a sua cara pois não lhe falava maior parte dos dias ou até semanas. Era a "ultima" semana de aulas, pelo menos até aos exames, decidi não ir à aula de Português para ficar com o Lucas.eu: Sabes bem que eles são toxicos, não podes dar-lhes ouvidos. Além disso tu és bi- O meu coração parou quando aquilo me saiu pela boca, o Lucas parou quase como se estivesse congelado.
Lucas: o quê? Como é que sabes? Quer dizer...
eu: Saiu-me desculpa, tu sabes o que és melhor que eu, desculpa.- O Lucas sorri ao ver-me realmente arrependida.
Passam 10 minutos e eu pego num cigarro acendendo-o. Falamos agora sobre Scott. O lucas descreve uma relação quase morta que eu acho nem ser relação. Eu sei que ele sabe a minha opinião acerca do assunto mas recuso-me a dar opinião sobre isso sem nunca ter perguntado ao Scott como se sente. Lucas fala imenso sobre Scott mas em vez da sua felicidade característica de quando fala do moreno, o loiro parece cada vez mais triste. Temos de voltar para as aulas daqui a 5 minutos e nem cheguei a dar-lhe as novidades.
eu: Lucas cala-te- interrompo o loiro nas suas lamurias- preciso que estejas animado para ouvir o que tenho a dizer
Lucas: Tu e o....
eu: Não, não sei o que vais dizer mas não.- O loiro dá-me um abraço enquanto se ri da minha reação.- Eu mudei-me lucas!
Lucas: ok, já sabia. Isto foi muito anti climático Maya.
Eu: Burro. O que eu quero dizer é que estou numa casa, com 5 quartos, e um deles pode ser teu.- O rapaz para de rir e fica bastante sério, tão sério que pensei ter dito algo de errado. No entanto antes que pudesse começar a perguntar o que estaria mal, Lucas chora, dá-me um abraço e agradece-me. Depois de nos abraçar-nos e acalmar-mos um pouco segui-mos até à escola.O resto do dia foi calmo, só aulas e trabalhos, afinal era o fim do ano. Segui para a minha nova casa de carro e decidi ir até à minha nova piscina, sentei-me nos degraus desta, ouvindo a minha playlist da semana. Umas horas depois Luke chega choroso, vejo-o pelo portão, saio finalmente da piscina e abro mesmo antes de ele reparar que estava lá fora. Ele abraça-me quase como um impulso e eu retribuo. Ele conta-me a conversa com os pais enquanto arruma tudo no seu novo quarto. "Eles... eles apenas me abriram a porta, nem perguntaram o porquê. Foi um puro <<nunca te vamos amar>> maya". O desabafo do loiro quase me fez chorar, não tinha palavras apenas o voltei a abraçar. Passado um tempo e uma garrafa de vinho contei que planeava uma festa "mas não para hoje" assegurei-lhe. Era óbvio que não estava com cabeça para estas coisas.
Faço o jantar para os dois e depois tomo um banho vestindo um vestido preto relativamente longo (tendo em conta que maior partes dos meus vestidos mal tapam metade da minha coxa e este tapa grande parte do meu joelho) e estico o meu longo cabelo vermelho. Oiço Lucas a assobiar-me da sala e solto uma gargalhada. "Para gay não te escapa uma" solto numa brincadeira da qual se ri. Explico que vou até uma festa com o Kevin e a irmã dele, a Elsa (uma Bomba digo já...) "vai vai que eu tenho vinho a espera" o seu riso adorável faz-se soar na divisão e eu sigo o meu caminho até ao carro.
Estou nesta festa a duas horas e continua uma seca... e nem posso beber. Tento cravar um cigarro a Elsa sem o seu irmão ver, apesar de ele me contar que sabe. Ele é do tipo que deixa a irmã a sofrer porque se fingir que não sabe ela não pode gritar com ele quando uns cigarros desaparecem a meio da noite. É quase ideia de génio... se não fosse o Kevin. Viemos sem o grupo pois Scott e Elsa não são propriamente os melhores amigos, e o ambiente estaria de cortar a respiração e Cass não conseguiu vir. Assim que o Kevin vai beber mais, Elsa dá-me o cigarro e eu sigo o meu caminho. Sozinha por esta não querer fazer-me companhia. A noite está quente e calma. Uns grupos que nunca vi estão cá fora e eu vou para o canto onde não está ninguém, preciso de espaço. Acabo o meu cigarro e dou umas voltas ao edifício pois ainda não o conhecia. O meu cérebro tentava que eu voltasse para trás ao ver o que rapaz sozinho, com o escuro não conseguia (nem mesmo estando mais perto ver a sua cara) mas eu não liguei. Afinal era só um rapaz.
Ele meteu conversa, aquela simples que não te faz ficar alarmada mas rapidamente ficou cada vez mais próximo de mim e mais violento sempre que me afastava. Já queria voltar atrás no tempo e ter ouvido o meu cérebro. Assim que ele me toca tento gritar. Grito "FOGO" em vez de socorra porque sempre me ensinaram que muitas pessoas ignoram esse tipo de pedidos mas, talvez devido a música alta ou apenas fala de empatia ninguém me ajudou nas várias vezes que gritei. As suas mãos pareciam fundir-se na minha pele chegando aos meus ossos, a dor era tão forte que cada vez gritava mais. Isto faz com que movimente a sua mão direita ao meu pescoço deixando-me sem ar enquanto me toca e...
Sinto-me a fechar os olhos por não conseguir respirar, nem gritar. Não aceitei o meu destino apenas era incapaz de lutar mais. Ainda antes de apagar tentei mandar-lhe murros... ineficazes e arranhei a sua cara. Senti-me perder as forças e ainda que conseguisse ouvir e infelizmente sentir não conseguia lutar mais. Assim que este estranho acabou o horrível acto que realizava senti-me cair no chão. E ao abrir os olhos vi a sua figura a afastar-se como se nada tivesse acontecido. Tudo o que consegui fazer foi puxar o vestido para baixo e pegar nas cuecas destruídas no chão e dirigir-me ao meu carro. Tremia por todo o lado ao entrar no carro, senti as lágrimas caírem e tentei quase falhando acender um cigarro. Ao fumar mandei sms a Elsa que tinha sempre o telemóvel com ela dizendo que iria para casa devido ao cansaço. A minha vontade era mesmo essa, ir para casa lavar-me. Arrancar esta pele, que sentia ter sido roubada de mim. Mas assim que acabei o meu cigarro o meu lado racional e a minha raiva apoderaram-se de mim. Fui diretamente ao hospital mais próximo.