Adeus, irmãzinha

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(Sem revisão)

Eu estava prestes a pegar no sono, deitada naquele cama dura e desconfortável, quando o barulho da porta se abrindo me fez sentar na cama pronta pra xingar quem quer que fosse

-Não temos muito tempo, você precisa ir agora- Miriam disse eufórica e eu notei sua respiração ofegante

-Ir aonde?- perguntei franzindo o cenho e ela revirou os olhos

A falta de comida tá te fazendo tão mal assim?- Devanildo

Burrinha sempre foi agora com o teor de vitamina baixo, normal até- Bernadete

-Sem tempo, Clary. Dopei Tom com um remédio que consegui, mas dependendo do organismo dele, se for saudável o suficiente, ele vai acordar em alguns minutos- ela disse apressadamente e eu a encarei incrédula

-Está me ajudando? Você? Miriam Van Holten? Você mesma? Oi?

-Você é pessoa horrível só quando se é horrível com você. Eu percebi que foi eu quem começou a guerra, então me deixa te ajudar a ganhá-la.

-Impressionante, todos que me fizeram mal estão começando a ficar boazinhas... O tempo fez bem a essas pessoas, viu- pensei em voz alta e Miriam deu uma risada sem graça

-Sinto muito, e me arrependo pelo passado, por isso quero te ajudar no presente- ela deu um sorriso aparentemente sincero e tirou um celular do bolso- Pega meu celular, sai daqui, e quando estiver longe o suficiente liga pra alguém, e diz onde está

-E onde eu estou?

-Estamos no...- ela foi interrompida com o som de passos se aproximando do quarto- Alan... Mas que droga, esqueci dele!

-E agora?

-Fique aqui, eu distraio ele e no meu sinal, você vai...

-A porta da frente é trancada- ela pareceu se lembrar e tirou do outro bolso uma chave

-Espera nos afastarmos antes de sair- ela comandou, e saiu do quarto fechando a porta atrás de si

Corri até a entrada, e grudei meu ouvido na porta, podendo ouvir o que Miriam e Alan falando por trás dela

-O que fazia no quarto da garota?

-Me divertindo um pouquinho. Afinal de que adianta ter alguém que eu odeio sobre a palma da minha mão, se não posso fazê-la sofrer?- Miriam disse, e o silêncio permaneceu por alguns segundos

-Certo...- Alan disse hesitante, provavelmente desconfiado- Sabe do chefe?

-Na última vez que o vi estava no escritório

-Acabei de passar lá, está trancado

-Ele deve estar querendo um tempo sozinho, esqueça

-Você deve ter razão. Bem é hora de alimentar a pirralha- a porta chiou na menção de abrir e eu congelei

-NÃO!- a voz desesperada de Miriam impediu- Digo... Depois da conversinha que eu tive com ela, comer é a última preocupação da vadiazinha

-Tem certeza? Do jeito que ela me pareceu esfomeada...

-Acredite em mim, ela não vai ficar com fome tão cedo... Agora, já que estamos aqui, que tal... nós sairmos? Tom provavelmente só sai daquele escritório amanhã, e a garota... não vai se importar de ficar sozinha. O que acha?- ela não obteve resposta, mas eu ouvi exatas três batidas na porta, e então os passos deles foram ficando mais baixos conforme os dois de afastavam

Esperei por alguns segundos, até finalmente abrir a porta. Olhei atentamente para os dois lados do corredor, e fui para a direita, seguindo o mesmo caminho que fiz antes, até chegar na grande sala da casa abandonada.

Caminhei em direção a porta, já pronta pra encaixar a chave na fechadura, quando um tranco contra a madeira dela me fez pular pra trás de susto. O impacto ecoou novamente, fazendo um barulho alto, e eu dei alguns passos pra trás, a tempo de ver a porta despencar no chão

-Mauricinho??- indaguei surpresa ao vê-lo parado do lado de fora da porta agora fora das dobradiças

-Até que enfim encontrei você!- ele afirmou sorrindo e eu corri em sua direção, me jogando em seus braços, e o abraçando com força.

-Você tá aqui! Você veio me buscar!- falei sorrindo boba e com os olhos marejados (eu disse, ando me emocionando fácil ultimamente)

Guilherme afastou minimamente meu rosto, e atacou meus lábios, me beijado com euforia e saudade

-Me desculpe pela demora, meu amor- ele disse, com a boca ainda roçando a minha

-Acho melhor me recompensar o atraso- falei passando os braços ao redor de seu tórax, mas me afastei ao sentir algo duro em sua cintura- Aonde foi que você arrumou isso??- perguntei arregalando os olhos ao erguer sua camisa e ver uma arma ali

-É uma história um pouco longa...

-Ficou doido? Você pode machucar alguém ou machucar a si mesmo- cruzei os braços em pose autoritária

-Vai brigar comigo por trazer algo pra proteger você enquanto te salvo? Sério?

-Me proteger uma ova! Você por acaso sabe usar uma dessas?

-Bom...

-Eu sei- uma terceira voz se fez presente e Guilherme e eu nos viramos assustados para Tom, que segurava uma arma parecida com a que Guilherme tinha

-Tom...- comecei a falar dando um passo a frente

-Quietinha aí, Irmãzinha- ele apontou a arma pra mim e eu congelei no lugar, enquanto Gui me abraçava protetoramente e eu passei o braço por sua cintura

-Irmãzinha?- Gui repetiu, franzindo a reta confuso

-Ah é sim, sua namorada, acabou de descobrir que têm um irmão mais velho- ele desviou a mira da arma pra Guilherme- Como vai, cunhado?

-Ei...- dei outro passo a frente, e Gui me abraçou mais forte

-O que...- ele começou a falar, mas eu ergui a mão o interrompendo e pedindo silêncio

-Pra mim- apontei pra mim mesma, com a mão esquerda erguida e os olhos fixos em Tom.- Pra mim, Thomas- relutante, ele apontou a arma na minha direção novamente, me fazendo acentir- Isso... Sou eu quem você quer. Agora escuta, você precisa deixa-lo ir!

-Não!- Gui protestou rapidamente, e eu o ignorei

-Não vou fugir, nem tentar escapar, é só você deixar o Guilherme em paz, e nós dois, iremos pra onde você quiser, juntos. Como você quiser...- Thomas me encarava atentamente, e o brilho reluzente em seus olhos, pareciam lágrimas

-Eu deixaria você ir...- ele disse, com a voz baixa- Deixaria você ir e viver a sua vida... Eu não queris machucar você, a minha própria irmã!- confirmei minha suspeita quando uma lágrima escorreu de seu olhos direito- Mas você... quis fugir de mim. Você me traiu- eu conseguia enxergar a mágoa em seus olhos, mas em poucos segundos, a mágoa se transformou em raiva- Você me traiu, e agora vai pagar!- engatinhou a arma apontada pra mim

-Clary!- um grito soou do fim da sala, e meu olhar encontrou Scott no fim da escada dali

-Scott! Não!- gritei com o coração disparado

-Adeus, maninha- Tom disse por último

-NÃÃO!!- ouvi o grito estridente de Guilherme soar, ecoando simultaneamente com o som de tiro

Garota muito mais que Complicada. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora