Prazer em conhecê-la

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Me corpo estava dormente. Eu não sentia nada. Não ouvia nada...

Mas eu ainda conseguia enxergar as coisas. Tudo, ao meu redor;

Scott, com os olhos preocupados e fixos em mim

Guilherme, parado ao meu lado, segurando forte a minha mão esquerda...

E Tom, com os olhos arregalados me encarando incrédulo

O mundo finalmente pareceu voltar a girar outra vez, e eu consegui entender o que aconteceu nos últimos minutos.

-Tom...- sussurrei ainda encarando meu irmão, que despencou ao chão de joelhos, com os olhos lacrimejados

Olhei para a minha própria mão, e encarei a arma de Guilherme pautada a minha palma. Voltei a olhar pra Thomas, seu ombro direito manchado, com sangue jorrando descontroladamente

Eu atirei no meu irmão.

-Clary...?- escutei a voz, que parecia totalmente distante, de Guilherme soar

-Am... Ambulância!- formulei as palavras que faiscavam em led na minha mente

-O que?- ele indagou, aparentemente sem ter ouvido minhas palavras sussurradas

-Liga pra ambulância! Rápido!- aumentei meu tom de voz o suficiente para que ele me olhasse desacreditado

-Clary, nós precisamos...

-Eu mandei pedir ajuda!- dessa vez minha voz se elevou mais do que deveria, por culpa da urgência e do desespero

Fui até Tom, que estava ainda consciente e pressionei seu ombro ferido, encharcando minha mão de sangue

-Clary...- ele tentou dizer, com a voz falha e baixa

-Shh. Não fala, poupe seu fôlego- meus olhos se encontraram com os seus, e eu observei uma lágrima escorrer pelo seu olhos esquerdo

-Por que...está me ajudando? Você deveria me o..diar.

-Eu não odeio você Tom. Eu não te conheço, não posso te odiar- ele ergueu sua mão lentamente, até tocar meu rosto

-Me desculpe...

-Thomas para de falar...- tentei o interromper

-Espero que um dia você...possa me perdoar- suas pálpebras começaram a pesar

-Tom, fica acordado!

-Minha irmã...- ele fechou os olhos

-Thomas!- chamei alto, sentindo uma enorme vontade de chorar

Deitei minha cabeça em seu peito, e segurei sua mão, a apertando com força

-Você é meu irmão...- falei baixinho- Eu te perdoo

\Uma semana depois.../

-Oi, eu vim fazer uma visita para Melissa Albuquerque- dei um sorriso simpático para a senhorinha de cabelo branco atrás do balcão do hospital

-Alguma grau de parentesco, querida?

-Ela é minha tia, sou filha de Verônica Albuquerque- mostrei minha identidade

-Ela está no quarto 154- ela liberou dando um sorriso doce e eu agradeci com um aceno de cabeça

Em poucos minutos, eu já estava com a mão na maçaneta da porta do quarto.

O lugar estava devidamente claro, graças a luz do sol que vinha da janela. O som da máquina que contava os batimentos cardíacos apitava sincronicamente. E então um par de olhos castanhos incrivelmente claros pairou sobre mim.

-Você é uma enfermeira nova? Nunca te vi... E deveria estar uniformizada, não?- a voz rouca de Melissa ecoou

-Não sou enfermeira. Eu...sou filha da Verônica e Ricardo...- sorri nervosamente- Meu nome é Clary

-Clarissa...- ela me olhou surpresa e logo depois sorriu- Eu não acredito que é você- ela ergueu uma das mãos, e eu me aproximei segurando sua palma fria

-Thomas me disse que são suas favoritas- ergui os dois girassóis que trouxe e os deixei na mesa ao lado da cama

-Thomas, onde está meu filho? Não o vejo a tanto tempo- respirei fundo pensando no que falar

-Thomas...foi preso- ela arregalou os olhos incrédula e eu expliquei o que aconteceu, a acalmando

-Thomas sempre quis ter uma irmã, vivia pedindo para o pai. Até que minha irmã...- ela se interrompeu- Ele ficou tão feliz ao saber, mas era triste que vocês dois não podiam se conhecer...

-Eu sinto tanto por tudo que minha mãe fez a você Melissa...

-Me chame de Tia Mel, minha querida- ela sorriu docemente e acariciou minha mão com o polegar

-Tia Mel- repeti sorrindo e ela me observou em silêncio por um tempo

-Você se parece tanto com ele...- os olhos dela marejarem- Exceto os olhos. São os olhos da sua mãe. Eu sinto muito pela morte de Ricardo...

-Eu também sinto. Sei o quanto você o amava...

-Apenas queria ter tido mais tempo com ele. Seu pai era o amor da minha vida, e então ele foi tirado de mim

-Queria que minha mãe fosse como você, como podem ser irmãs?- ela deu uma risada e dei um sorriso

-Verônica sempre foi uma pessoa...- ela procurou pela palavras

-Complicada?- completei

-Sim, e difícil de se lidar...

-Conheço alguém assim...- abaixei a cabeça e sorri de lado

-E bom finalmente conhecer você, Clary

-Também fiquei feliz em te conhecer, Tia Mel- devolvi seu sorriso

Garota muito mais que Complicada. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora