Parabéns, Clary

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-Isso já tá ficando chato- falei assim
que Tom puxou o saco preto da minha cabeça.

Olhei para os lados e como eu imaginei, estava na outra pequena sala antes, sentada na cadeira com as mãos e o pés amarrados

-Me conte sobre você irmãzinha- ele puxou uma outra cadeira e se sentou a minha frente- Quero te conhecer

-Você disse que sabia tudo sobre mim. Cadê todo o seu conhecimento?

-Só disse aquilo pra te amendontar. As únicas coisas que seja sobre você é que estudou em um internato meia-boca e namora com um metidinho- ele fez um gesto com a mão descartando o assunto aparentemente chato

-E de que adianta você saber alguma coisa sobre mim se não pretende nem mesmo me manter viva?- ele não disse nada. Ficou quieto, me olhando fixamente. Suspirei- Deixa eu ver... Tenho dezenove anos, meu pai morreu quando eu tinha nove, graças a mim minha mãe está na cadeia, tenho um irmão que me odeia e me culpa pelo morte do nosso pai e... Eu entendo a parte dele

-Entende?- perguntou sem deixar transparecer a surpresa

-Sim, entendo. Você não é muito diferente de mim... Viveu anos maravilhosos, com um pai maravilhoso e derrepente...ele foi tirado de você- Tom desviou o olhar mas voltou a me encarar depois de minhas próximas palavras- E a sua mãe, Tom?- ele hesitou em responder, mas no fim se rendeu

-Só está viva graças a uns malditos tubos- ele esbravejou e passou a mão no rosto- Um tumor no cérebro...- suspirou abaixado a cabeça

-Sinto muito- respondi sincera- De Qualquer forma, ela deve ser bem melhor que a minha. Acredite

-Ela se esforçou tanto pra me criar depois que meu pai...- ele interrompeu a si mesmo- O nosso, pai...

-Não foi culpa dele- me apressei a falar- Quando ele ainda estava com a sua mãe, Verônica, a mulher que me deu a luz e a irmã da...- olhei para ele, que entendeu minha pergunta

-Melissa- ele respondeu, e eu sorri

-Sempre achei esse nome lindo...- ele devolveu meu sorriso de forma singela- Bem, continuando, irmã da Melissa, embebedou nosso pai e o levou pra cama. Engravidou de mim e o forçou a casar com ela- Tom ouvia tudo atentamente, me olhando com os olhos curiosos- Não é muito gratificante saber que você nasceu de uma gravidez chantagista... Nosso pai amava sua mãe, e você não foi gerado por mero interesse

-Eu...- ele bagunçou os cabelos, parecendo atordoado- Não queria ter dito que a morte dele era sua culpa, eu...

-Espera- sorri divertida- Você tá me pedindo desculpas?

-Não sou bom nisso, dá um desconto- dei risada e ele sorriu

-É tudo questão de prática, vamos lá. Eu, Thomas...- ele revirou os olhos e repetiu

-Eu, Thomas

-Peço desculpas...

-Peço desculpas

-A você, Clary...

-A você, Clary

-Suprema deusa motivacional...

-Okay, não exagera. Limites- ele riu e eu acompanhei

Derrepente, o sorriso de Tom sumiu de seu rosto, dando lugar a uma expressão totalmente séria... O que foi que eu fiz agora?

-O que estamos fazendo?- ele levantou apressado com o rosto nervoso

-Ué nós estamos conversando, como você queria

-Não... N-não eu...- ele começou a olhar para todos os lados, fazendo de tudo para não olhar nos meus olhos

-É tão ruim assim nós estarmos nós estendermos?

-Você não entende...- o interrompi

-Tem razão, não entendo. Então por que não me explica?

-Clary...

-Não vai adiantar de nada você me manter aqui, muito menos me matar. Nosso pai está morto e isso não vai mudar! E nem vai melhor o estado da sua mãe...- me interrompi imediatamente e arregalei os olhos- Tom... Desculpa eu não quis dizer...

-Mas disse!- proferiu com raiva

-Tom...- ele se virou e caminhou até a porta- Thomas! Volta aqui! Por favor...- ele saiu e bateu a porta com tanta força que eu temi ela se separar das dobradiças

Droga! Eu estava quase conseguindo fazer as pazes...

Por pouco eu tenho a chance de sair daqui!

Meus parabéns, Clary

Garota muito mais que Complicada. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora