Capítulo 1

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— Onde estamos? — Ouvi alguém dizer antes mesmo que pudesse abrir meus olhos.

— Não me lembro desse caminho... — Stella comentou, parecendo preocupada enquanto observava as árvores ao nosso redor.

— Essa não é a floresta que fica perto da caverna de cristal. — Leon resmungou enquanto esmurrava uma das árvores de tronco escuro.

— Se não estamos perto da caverna de cristal é porque alguém não estava pensando nela. — Ivy observou nossos rostos e passei a fazer isso também. Todos pareciam aflitos, confusos e assustados. Eu mesma me sentia assim. Ela se deteve quando seus olhos encontraram os meus. — Alessia....

— Sim?

— No que você estava pensando quando conjurou o feitiço? — A expressão preocupada era visível em seu rosto quando me fez essa pergunta.

— Na floresta... — comecei a dizer, mas Leon me cortou.

— Estava pensando no namoradinho dela! Estamos perto de onde ele está!

— Então estamos próximos ao Vale da Morte? — Ethan parecia descontente.

— Sim. — Lewis se intrometeu na conversa. — Reconheço esse lugar.

Que maravilha! — Leon exclamou sarcasticamente e começou a caminhar. — É melhor começarmos a andar, então. Estamos um pouco longe do nosso antigo e destruído refúgio.

— Não. — Ouvi minha própria voz dizer antes mesmo de poder raciocinar o que estava dizendo.

— Não pense você que vamos atrás do seu querido assassino! — Leon se deteve para gritar comigo.

— Estamos aqui para encontrar a cura de Ária. Eu sei disso, Leon. — Tentei manter a calma ao respondê-lo, cerrei os punhos e concentrei minha irritação ali. — No entanto, também estou aqui para salvar mais alguém. Sei que você não gosta dele e provavelmente tem motivos para isso. Por isso, entenderei se não quiser vir comigo, mas sua ausência não vai me impedir de ir atrás dele.

— É assim que você agradece a ajuda que Ária deu a você e aos seus amigos? — Permitiu que sua raiva transparecesse no tom de sua voz e na expressão de seu rosto.

— Sou grata por ter nos ajudado e pretendo retribuir ajudando-a também... — minha voz estava calma e firme, Leon me cortou novamente.

— Não esqueça que seu queridinho já tentou matá-la mais de uma vez!

Ária também tentou! — Dessa vez não consegui conter minha raiva e acabei elevando minha voz. Algo estranho aconteceu com o ar à nossa volta e todos pareceram tensos de repente. — Ou você por acaso esqueceu? Tenho certeza de que se Ária tivesse conseguido, não teria dado a vida dela para salvar a minha!

Dessa vez Leon ficou em silêncio, mas em seus olhos era possível notar uma espécie de chama formada por seu ódio contido ao não conseguir contradizer a minha afirmação. Também me deixei silenciar e passei a sentir a atmosfera tensa que se formara enquanto discutíamos.

Comecei a observar as árvores ao nosso redor e pude notar que seus troncos eram em tons que variavam do cinza ao ébano, as folhas nas copas eram de um verde tão escuro que parecia preto, o chão era composto por espaços de terra escura e por pedras pequenas e pontiagudas com cores variando entre cinza escuro e cinza claro. 

De repente, um movimento a minha direita chamou minha atenção e antes mesmo que pudesse tentar pegar a espada que Arak me dera, duas figuras surgiram das sombras das árvores com expressões confusas e assustadas.

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