Capítulo 8

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Apesar da conversa com Ivy e depois da revelação de Ruy sobre o significado da flor, ainda não havia conversado com Ethan sobre nada disso. É claro que queria saber se conhecia o significado da flor, mas ao mesmo tempo não tinha certeza se esse era o momento certo para perguntar.

Nós seguíamos um ritmo bom e ainda não havia tido qualquer sonho que indicasse como andavam as coisas agora em Magic ou com o grupo de Leon. Mais dois dias transcorreram sem quaisquer problemas em nosso caminho, mas na madrugada do dia seguinte, enquanto Cristian e Lewis faziam a ronda, alguma coisa passou por eles sem que vissem. Três criaturas surgiram na clareira do nosso acampamento e o grupo todo ficou tão em choque que ninguém conseguia fazer absolutamente nada.

Eram duas mulheres e um rapaz. O rapaz tinha a pele morena, olhos escuros como jabuticabas, seus cabelos negros e grossos estavam presos em um coque acima da cabeça. Usava um casacão preto cheio de correntes e metais em formatos estranhos e nos pés calçava pesadas botas pretas.

A mulher mais jovem, que estava ao lado dele, usava um vestido longo e leve, de coloração clara, mesclando rosa ao salmão. Não parecia usar nada nos pés e me peguei imaginando como conseguia correr descalça na floresta. Os cabelos, tão escuros quanto os do rapaz, escorriam em ondas até a metade de suas costas magras. A pele era do mesmo tom moreno da dele. Os olhos ela mantinha fechados o tempo todo.

A terceira criatura parecia a mais velha das três, era uma mulher baixa de cabelos grisalhos e olhos cor de violeta. Os olhos dela me lembravam os de Carla. A mulher estava com o cabelo preso em uma trança nas costas e usava uma roupa que parecia mais um hábito de freira, mas não usava nada para cobrir os cabelos. A pele, de um tom caramelo, não havia quase nenhuma ruga em seu rosto, pareceria até jovem se não fossem os cabelos insistindo em ficar prateados. Nos pés, calçava uma sandália preta em estilo gladiador.

- Por favor, acalmem-se! Nós viemos em paz! - O rapaz do grupo ergueu as mãos ao alto em sinal de rendição, mostrando também que não possuía armas. A mulher e a jovem que o acompanhavam fizeram o mesmo. - Meu nome é Samyr e sou um alquimista. Essa é minha irmã, Maia. - E puxou devagar a jovem para junto de si. - E está é Suelen, a nova Sacerdotisa Anciã.

- Ficamos sabendo que encontraram os fundadores, que a Rainha Antonieta virou fantasma e que uma tal de Leslie assumiu seu lugar. - Maia falava baixo e olhava para o chão o tempo todo. Seus olhos azuis pareciam vidrados. O que será que ela era? - Sou uma druidisa.

- Ah. Eu... falei em voz alta? - Senti-me completamente sem graça.

- Não. - Sorriu e seu rosto se virou para onde eu estava, mas seus olhos continuavam vidrados. - Leio pensamentos. Minha visão foi tirada, mas ganhei um novo dom para compensar.

- Nós ficamos sabendo que há um grupo de rebeldes tentando acabar com a tirania de Leslie. - Samyr voltou a falar. - Queremos ajudar. São vocês?

- Ahn.... Bem, acho que sim. Éramos um grupo maior, mas acabamos nos dividindo. - Levantei-me de onde estava e segui até o trio, estendi minha mão para cumprimenta-los. - Sejam bem-vindos ao nosso grupo.

- Obrigado. - Samyr correspondeu ao cumprimento, depois as duas mulheres fizeram o mesmo. Ivy me ajudou a ajeitá-los em sacos de dormir e acabei ficando perto de Maia e de Ruy, já adormecido.

- Como é o seu nome? - Maia estava virada para o céu e sorria, seus olhos novamente fechados.

- Alessia. - Demorei um tempo para concluir se a pergunta era para mim.

- Alessia... seu nome é encantador.

- Obrigada. Também gostei do seu.

- Sinto muito por invadir seus pensamentos, mas posso dizer-lhe para não se preocupar com a minha falta de visão. Posso lutar muito bem lendo as mentes de meus inimigos.

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