Capitulo 12: Entrando na cova do Leão

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Assim que chegamos no apartamento de Aron, ele colocou minha mala em seu quarto, caminhou até a cozinha, tirou uma garrafa de Smirnoff da geladeira e serviu um copo.

_ Eu não quero te tirar do seu quarto! - eu disse ao me sentar no sofá, observando Aron encher outro copo, e trazendo-o para mim.

_ Fica tranquila, não vou dormir no sofá. - Aron deu de ombros, tomando um gole de seu copo e caminhando em direção á um armário de duas longas portas que ficava logo atrás dos sofás.

_ Muito menos te tirar da sua casa! - exclamei já ficando de pé, caminhando em direção ao quarto onde Aron havia colocado minha mala. Porém Aron fez um barulho que me chamou atenção, e eu me virei novamente em sua direção, reparando que o armário que Aron havia acabado de abrir, tinha uma cama embutida. Ele à abaixou, abrindo uma das gavetas que haviam no armário, pegando alguns lençóis e começando a colocar no colchão.

_ Eu não vou sair de casa. - Aron disse, assim que eu cheguei perto de si para ajuda-lo com o lençol. -_ E nem de perto de você! - Aron parou a alguns centímetros perto de mim. Eu ainda estava abaixada colocando o lençol na ponta do colchão, mas podia sentir sua respiração nas minhas costas.

_ Aron... - eu respirei fundo, me levantando ao encarar ele. Sua feição apresentava firmeza, mas não a mesma que ele demonstrava no trabalho. Seus ombros largos subiam e desciam com o ritmo de sua respiração suave. Ele já havia tirado seu paletó, em algum momento desde que chegamos em sua casa, sem eu perceber. E encara-lo, só me fazia querer terminar de despi-lo. - _... Eu não preciso de um guarda-costas. Eu sei me virar! - Aron me observava enquanto eu falava, sem sequer dizer alguma coisa. - _ Eu não quero ser um peso para você.

_ Você não é um peso para mim. - Aron por fim disse ao passar uma de suas mãos em meu rosto, observando cada detalhe meu. - _ Só é um peso... Quando não posso toca-la dessa forma no trabalho!

Sua respiração ficou pesada, conforme seu rosto se aproximava cada vez mais perto do meu. Meu coração estava disparado. Haviam acontecido tantas coisas naquela noite, que tudo o que eu queria, era um conforto. O seu conforto.

_ Porque você não pode me tocar no trabalho? - indaguei perdida em seus olhos.

_ Não quero complicar sua vida. - Aron suspirou, abaixando sua cabeça, ignorando meu olhar de súplica. - _ Você não tem noção da guerra que existe para permanecer em um cargo como o meu.

_ Aron... - eu disse ao segurar seu rosto, fazendo-o olhar para os meus olhos novamente. - _ ... A minha vida ficou complicada no momento em que eu entrei no seu apartamento na minha primeira noite aqui em Nova York.

_ Mal faz uma semana que você está aqui, e olha a merda que já te aconteceu! - Aron exclamou irritado, tirando seu rosto das minhas mãos, pegando seu copo de vodka novamente. -_ Realmente teria sido melhor se eu não tivesse te trazido para cá aquela noite.

_ Não ia mudar nada! - eu disse caminhando em sua direção, fazendo-o me encarar. - _ Íamos continuar sendo chefe, subordinada e vizinhos.

_ Iria sim... - Aron suspirou passando uma de suas mãos em seu cabelo, cansado. - _... Eu não teria me apaixonado por você!

Por alguns minutos, eu não sabia o que responder. Aron me encarava com uma feição triste, como se ele quisesse tanto quanto eu, me tocar, me beijar, mas sabia que não podia. Eu temia que um relacionamento entre nós dois jamais daria certo, e ele temia que o cargo dele atrapalhasse minha vida. Aquelas palavras me machucaram, pois eu queria retribuí-las, mas não podia.

_ Precisamos descansar... - suspirei, pegando o copo da mão de Aron, e caminhando até a cozinha. - _... Foi uma noite longa!

_ Você vai fazer isso de novo? - Aron indagou enquanto eu colocava seu copo sob a pia. Ele não havia movido um músculo, apenas me encarava do lugar onde ele estava.

_ Fazer isso o que? - indaguei, ainda na cozinha, com a água batendo nas minhas mãos enquanto eu lavava os copos.

_ Fugir. - Aron disse, percebendo que havia captado minha atenção. Sem dizer nada, apenas esperando uma resposta, Aron começou a desabotoar sua camisa, tirando seus sapatos, suas meias, e sentando na cama que havia acabado de montar.

_ E-eu não estou fugindo. - engoli em seco. Era a primeira vez que eu via Aron sem camisa, que eu me lembrava. Seus músculos eram bem definidos, com uma ou duas cicatrizes de alguma briga de faca em seus bíceps e abdômen, a cada vez que ele inspirava, seu peito subia, me fazendo um convite tentador para deitar sobre ele. - _ E eu não vou dormir no seu quarto! - eu disse ao perceber que Aron começou á se deitar.

_ Então você escolhe... - Aron disse cansado, deitando sobre seu braço. - _ ... Ou você dorme no meu quarto, ou você dorme comigo!

_ Ou no sofá! - eu disse ao cruzar os braços, sabendo que ele não estava vendo minha cara de indignação.

_ Eu não te aconselharia á fazer isso, se quiser acordar com um pescoço amanhã! - Aron disse, ainda deitado.

_ Merda! - sussurrei, encarando seu corpo estirado sobre a cama que eu pretendia dormir. Caminhei até seu quarto, arranquei minhas roupas, sem me importar se ele ia me ver ou não, e fui até o banheiro.

Depois de um banho quente, suspirei sentindo todo o estresse pesando sobre o meu corpo. Fui até minha mala, tirando uma calcinha e uma blusa regata branca.

_ Ainda não acredito que ele fez a minha mala! - eu sorri, ao perceber que ele havia colocado até o meu pacote de absorvente que ficava dentro da minha gaveta de calcinhas.

Fui até a cozinha, percebendo que Aron já havia caído no sono. Peguei um copo de água, e voltei para o quarto para coloca-lo em seu criado mudo que ficava ao lado da cama. Encarei a cena por alguns minutos, me imaginando abrindo aquela gaveta e achando suas algemas. Sorri incrédula.

Assim que deitei, encarei o outro travesseiro que estava sobre a cama, me lembrando que Aron estava dormindo sobre seu braço.

_ Eu não posso deixar ele dormir daquele jeito... - suspirei, já me levantando, pegando o travesseiro, e caminhando até a sala.

Aron dormia tão profundamente, que me admirava ele não estar roncando. Me aproximando dele, apoiando um dos meus joelhos sobre a cama. Eu ergui sua cabeça, e a coloquei sobre o travesseiro, me apoiando em meus cotovelos o encarando dormir tão serenamente.

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