Capítulo 23: Decepções

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Não demorou muito para eu deixar de ficar sozinha no bar. Eu detestava o fato de que estar sem alguém sentado ao meu lado no bar, fazia eu me tornar um grande alvo durante a festa que rolava naquele local.

_ Acredito que te conheço de algum lugar. — a voz do desconhecido era familiar aos meus ouvidos, seus cabelos eram castanhos claros repicados em um topete para cima, seus olhos tinham cores de mel. E eu definitivamente conhecia esses olhos.

_ Crawford? — indaguei confusa sobre seu nome, que eu havia ouvido apenas uma vez, enquanto Aaron o tentava expulsar de perto de mim no jantar de 4 de julho.

_ Isso mesmo! — seu sorriso se alargou em seu rosto ao se dar conta de que a garota do bar, lembrava de seu nome. — _ Como você está? Soube que levou um tiro.

_ Me tornei alvo de vários, recentemente. — sorri ao dar um gole em meu copo, sabendo que Crawford não iria entender minha referência. — _Aliás, qual é o seu primeiro nome?

_ Dimitri. — seu sorriso era encantadoramente doce. Me fazia ter vontade de abraça-lo, e nunca mais solta-lo. — _ E o seu? Te conheço apenas por...

_ "Senhorita Carter". — indiquei aspas com os dedos, revirando os olhos ao imitar Aaron em seu modo "Tenente Scott". — _ Meu nome é Serena. — dei de ombros sorrindo.

A noite não durou muito, pois, logo deu o horário de tomar meu antibiótico, e não rolava desce-lo goela a baixo com Gin tônica. Caminhei de volta ao meu apartamento, após me despedir de Dimitri, tentando acalma-lo de que não tinha problema eu ir a pé para casa sozinha. Passei na mercearia que havia ali perto, para reabastecer meu estoque de vodca, me dando conta de que estava fazendo o mesmo percurso que eu e Aaron fizemos na minha primeira noite em Nova York.

Assim que entrei no elevador, meu coração parou. Aaron saiu do elevador, quase trombando em mim, antes de perceber minha presença.

_ Serena? — sua voz estava ofegante, enquanto ele segurava firme meus ombros em reflexo por quase ter me derrubado, com a sua pressa. — _ Preciso de você!

_ O que houve? — indaguei confusa.

_ Aqui não. — Aaron abraçou meu ombro, me direcionando ao estacionamento do prédio.

Tentei perguntar o que estava acontecendo, mas Aaron estava agindo de forma tão instintivo, que tudo o que eu podia fazer no momento, era seguir seu ritmo. E assim que entramos no carro, Aaron fez um sinal de escuta, indicando que poderia ter sido grampeado. Logo me tocando de que esse era o por que dele estar tão misterioso.

_ Já estava mais que na hora de você me preparar uma surpresa. — tentei fazer minha voz parecer animada, enquanto meus olhos tentavam transmitir que eu havia entendido a mensagem de Aaron. — _ Você é péssimo com segredos.

_ Isso é o que veremos. — Aaron entrou na jogada, apesar de nossas vozes transmitirem animação, estávamos extremamente focados em qualquer movimento.

Aaron dirigiu por 15 minutos, antes de entrar em um motel. Meus olhos se arregalaram em sua direção, mas ele ignorou meu olhar.

_ Que merda estamos fazendo aqui? — indaguei incrédula, assim que entramos no quarto. Era possível ouvir gemidos do quarto ao lado.

_ Era o lugar menos óbvio para alguém suspeitar que estamos no meio de uma investigação. — Aaron deu de ombros. — _ Você está com seu celular?

_ Não, deixei em casa. — eu o respondi, enquanto colocava a sacola com as garrafas de vodca, que ainda estava comigo, no chão.

_ Ótimo... Tira suas roupas. — Aaron estendeu sua mão em minha direção, esperando eu entregar minhas roupas, como se fosse a coisa mais normal de se pedir.

_ Como? — indaguei incrédula.

_ Preciso garantir que não há escutas em você! — Aaron exclamou impaciente. — _ E não é como se, eu já não tivesse te visto nua.

_ Nem mesmo num motel, longe do escritório, você não perde a sua arrogância. — bufei enquanto começava a desabotoar meu jeans. — _ Você pode, ao menos, virar de costas?

Aaron se virou, ignorando meus xingamentos em sua direção. Por fim, vesti o roupão branco, que havia sobre a cama redonda d'água, odiando o fato de não ter colocado sutiã, justamente nesta noite.

_ Eu te odeio. - resmunguei ao pegar um travesseiro para me tampar, antes de Aaron se virar em minha direção.

_ Eu sei. - ele deu de ombros ao pegar minhas peças de roupa, inclusive a tipóia, e sair pela porta do estacionamento.

Quando Aaron voltou, seus olhos percorreram o meu corpo de cima a baixo, como se pudesse imaginar todo o meu corpo por baixo daquele roupão, ignorando meu olhar de desaprovação de seus atos.

_ Me desculpa por faze-la passar por isso, mas preciso muito de alguém de confiança neste momento. — Aaron se sentou na cama, e me esperou, até eu sentar ao seu lado. — _ Andei analisando os dados dos relatórios que você me enviou da nossa missão, e descobri que aquele padrão de código que você encontrou em todos os sistemas, vieram da central.

_ Aaron, eu mesma te dei essa informação. — dei de ombros, ignorando sua enorme explicação sobre como cheguei até o nosso suspeito.

_ Essa é a questão... Você encontrou a origem do padrão. — Aaron se levantou, impaciente. — _ Eu encontrei a fonte. O nosso escritório!

_ Impossível. — me levantei, ignorando a ausência do travesseiro, que ao cair, denunciou a falta do meu sutiã. — _ Eu mesma rastreei o código. Não havia nenhum ID que combinava com o nosso escritório!

_ Eu vi o padrão no computador do Logan. — Aaron suspirou, me encarando com uma mistura de emoções. Logan era seu amigo de infância, a pessoa que ele mais confiava naquele FBI inteiro. Era nítido em seu olhar que descobrir que seu melhor amigo era um agente duplo, havia causado um buraco enorme em seu coração.

_ Você tem certeza? — indaguei de forma cautelosa, me aproximando de Aaron, que continuava a me encarar sem expressão.

_ É CLARO QUE TENHO CERTEZA! Se não, eu não estaria aqui! — Aaron vociferou, repelindo minha mão que tentara alcançar seu ombro.

_ Aaron, calma... — tentei me aproximar novamente de Aaron, porém, seus olhos me fuzilaram, antes mesmo de eu chegar perto de si.

_ Como você pode me pedir calma? — seus olhos transmitiam fúria, sua respiração estava pesada, seus pés pisaram firmes em minha direção. — _ Eu acabei de descobrir que meu melhor amigo me apunhalou pelas costas, e a única pessoa em quem posso confiar nesse momento, é a mulher que destruiu meu coração.

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