7 (seven) days a week

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"Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência." - Padre Antônio Vieira

Algumas coisas eu deixei de explicar durante os dias, pois estava muito mais preocupado com minha missão do que na explicação... Basicamente, eu não sinto nada. Ou praticamente nada.

Sinto fome muito raramente mas tenho que comer pelo menos uma vez ao dia, sinto tédio por não fazer muitas coisas, até porque nem sei o que eu tenho capacidade de fazer. Ocasionalmente sinto sono, praticamente não dormi desde que me tornei humano.

Sinto nervosismo toda vez que Dylan vem falar comigo, pelo o fato de não saber o que esperar dele.

E na maior parte do tempo, eu me sinto estranho. Só estranho.

Não sei definir o que é esse sentimento, mas é sempre quando paro pra pensar que tenho uma cabeça própria, um corpo próprio e mais importante, uma voz própria.

Agora posso falar o que eu bem quiser, e ter mais chances de ser escutado. Coisa que na cabeça de Dylan era muito raro. Mas na verdade, eu passo realmente boa parte do meu dia sentado na cama, ou sentado na cadeira da sala de aula, ou sentado no refeitório... Então nem tenho muito o que falar.

Me encontrava sentado no refeitório, observando os alunos quando vejo um aglomerado de pessoas correndo para os corredores do colégio.

Por favor, que não seja o Dylan.

Levanto da mesa em que eu estava sentado e Ki Hong se se aproxima.

"E aí, Thomas." Ele disse me acompanhando.

"Olá, Ki." Respondo saindo do refeitório, indo na direção da multidão.

"Seu amigo Dylan só entra em confusão." Ele disse rindo.

"É mesmo ele?" Pergunto. Não seja, por favor.

"Não acontece muita coisa nesse colégio, mas quando acontece ele está sempre no meio." Ele disse e eu não pude deixar de concordar.

"Sinto em te desapontar, mas dessa vez não sou eu."

Olho para trás e vejo Dylan apoiado no batente da porta do refeitório.

"Vou lá ver quem é, então." Ki Hong disse e saiu correndo para a multidão.

Dylan se aproxima e cruza os braços. O que foi que eu fiz dessa vez?

"Não te entendo, loirinho." Ele começou e eu o olhei confuso. "Você aparentemente tem amigos, mas prefere ficar sozinho na sua... Por quê?" Perguntou.

"Ah, não sei... Não me sinto bem em multidões." Respondi e ele soltou um riso fraco.

"Prefere passar desapercebido, né?" Perguntou. Diferente de você. "Vamos pra sala, logo logo isso vai acabar sobrando para mim." Ele disse voltando para o refeitório para cortar caminho para nossa sala.

Respiro fundo. Por que ele me deixa tão confuso?

Sigo ele até a sala e sentamos nos nossos respectivos lugares.

"Sangster, O'Brien... O que fazem na sala de aula?" Perguntou a professora assim que entrou.

"Esperando a aula começar, o que mais?" Respondeu Dylan largado na cadeira. Ele consegue mudar de humor muito rapidamente.

"Você não estava suspenso, Dylan?" Perguntou a mulher, ajeitando suas coisas na mesa. Pelo o amor de Deus, cale a boca.

"Até ontem." Respondeu se levantando irritado e eu o olhei. Onde ele vai?

Conscience | DylmasOnde histórias criam vida. Descubra agora