A mentira dos inocentes.

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   Quando isso se tornou uma história de amor? Pensei, fitando-o sobre o meu peito, os olhos fechados e a respiração rápida.

– Por favor. – eu disse, a voz falhando pela falta de ar. – Nunca mais me olhe daquele jeito. – ele ergueu o rosto, encarando-me com os olhos castanhos brilhando pela luz em seu rosto. A barba por fazer deixando-o perfeitamente belo. – Nunca mais seja aquele homem. 

O pouco som que saiu o fez desviar seu olhar do meu, abaixando a cabeça, descansando a testa sobre meu peito.  Ele parecia perdido, Justin Bieber, o homem que eu conheci com o ego inflando para fora de seu peito, estava perdido.

– Você me fez se apaixonar. – ele ergueu os olhos, encarando-me como se fosse ler meus pensamentos e rouba-los para si. – Me fez te amar e morreu nos meus braços. – eu também amei você. Foi um pensamento sem eu ao menos querê-lo. Involuntário.

– Eu não morri em seus braços. – segurei seu rosto entre as mãos, sua boca entreaberta deixando-me sentir o hálito de hortelã e cerveja. – Justin, eu era uma criança burra e inconsequente. Uma garota que, mesmo dizendo não, só queria chamar a atenção. Eu perdi meu irmão, e eu sei que isso não é desculpa para surtar, mas era ele a pessoa que eu mais amava, a pessoa que lia pra mim antes de dormir todas as noites. – seu polegar deslizou pela minha bochecha, depois enroscando-o em uma mexa de cabelo. – Quando você me encontrou naquela boate eu estava com tanto medo e raiva dos meus pais que não medi esforços para conseguir machuca-los. Eu cresci, graças a você, eu conheci o pior lado de mim para conseguir achar o lado bom.

– E você precisava perder tudo pra isso? – ele pareceu perplexo piscando varias vezes. – Precisou se foder para achar uma parte sua? Você só tem dezoito anos Caitlin. Só precisava que alguém acreditasse em você.

– E você acreditou! – sentei-me, segurei suas mãos embaixo as minhas apertando-as firmes. – Na hora certa você acreditou. Não adianta mais pensar no passado, eu sempre acreditei que o destino sabe exatamente o que faz, não adianta mais chorar e discutir coisas que não vão voltar. – ele anuiu, ainda descrente de tudo que eu havia dito. Ele era assim. Um homem teimoso e... incrível.  – Tudo que eu quero agora é justiça pelos mortos. Tudo que eu quero é que o culpado pague para que eu fique em paz de toda culpa.

 – Porque isso é diferente do que eu me tornei? – Justin apertou minha cintura, como se quisesse me fazer enxergar algo que estava escondido. – Vingança e Justiça estão em uma linha tênue.

– É diferente porque através de mim Samuel Montês destruiu a sua vida. – senti meu corpo enrijecer, não por medo, mas por raiva daquele homem. – Ele matou meus pais. Me destruiu. Eu quero destruí-lo também. – abaixei o olhar, lembrando-me da discussão de meia hora atrás. – Graças a ele Tiago foi pago para vigiar.

– Não foi só pelo dinheiro. – ele disse, se arrastando para fora da cama. – Tiago. Não acho que ele está aqui só pelo dinheiro.

Mas pra mim, não importava quaisquer outros motivos pelos quais ele decidiu ficar. Tiago mentiu, e isso era o suficiente.

– Não me importa.  – falei, o tom alto o fez parar de abotoar a camisa e me olhar. – Eu não acredito mais nele.  – ponto final.

Injeção Letal - 2 temporada.Onde histórias criam vida. Descubra agora