Quem vive.

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        Apertei as mãos, estava frio ao contrario dos outros dias. Fui até o canto e peguei uma jaqueta de Tiago, eu não tinha roupas quentes o suficiente. Meu cabelo pingou, não estava com a mínima vontade de seca-lo, estava loiro há seis meses e eu ainda não tinha me acostumado.

        Essa não era a Caitlin. Era Cristina Fernández, mexicana de 23 anos que mora com o primo. Cristina não amava ninguém, não fazia questão de respostas ou de qualquer outra coisa que lhe desse dor de cabeça, ela não se importava, não se apaixonava. Cristina não amava Justin Bieber.

        Mas Caitlin sim. E saber mais uma vez que eu o tinha magoado fazia meu coração se contrair a um tamanho de um grão de areia. Mas quando tudo isso se tornou somente duas pessoas magoadas por amor? Eu não podia viver com aquilo, com mentiras que me sugavam todos os dias me jogando a beira de um abismo. Pessoas morreram, se machucaram, por causa de um homem que tem seu ego do tamanho universo, essa era a questão que eu tinha que encarar agora.

          Procurei por Tiago, estava quieto, adentrei seu quarto encontrando Chaz sentado em uma cadeira de madeira escrevendo algo em dois papeis amarelos. Ele não movia os olhos, escrevia rapidamente movendo sua mão esquerda, sem camisa a sua calça deixava sua cueca branca aparecendo.

– Chaz. – eu disse, a voz falhando no início. – O que faz aqui?

– Seu amigo me deixou ficar. – ele jogou o ombro, o braço estava enfaixado. – Ele saiu, foi buscar algo para o jantar. – olhou no relógio meio confuso, mas logo voltou a escrever. – Tudo bem?

Dei dois ou três passos, sentando na cama que rangeu.

– Está. – claro que não. – Chaz... – encarei meus pés, estavam vermelhos por causa da água quente do banho. Ele virou o rosto, provavelmente pelo meu silêncio esperando que eu continuasse. – Eu fiz aquilo com ele?

Minha garganta raspou.

– Muita coisa aconteceu. – ele piscou. – Ele não mereceu. – virou novamente encarando o papel. Ele não mereceu? Nenhum de nós merecia aquilo. – Depois de tudo, ele perdeu a fé em si mesmo.

Fé em si mesmo. Talvez eu soubesse como era aquilo, se olhar no espelho e não se orgulhar do que vê.

– Ele parece ter perdido muito. – não era só uma mágoa ou alguém que ele amou e foi embora. Ele tinha dor no olhar que fazia qualquer um pensar no porquê. – Perdido demais pra aguentar.

– Ele não perdeu só você. – ele girou a cadeira cruzando as mãos sobre a coxa. – Ele perdeu o emprego, sua reputação, a fé no país que era o que o motivava. Ele perdeu você. Perdeu Amber. Ele perdeu tudo.

– Amber?

– Eles se conheciam a anos. – explicou. – dois meses depois de tudo, ele começou a refazer a vida. Foi morar com ela apesar de saber que não estava pronto. Ele queria seguir em frente. Uma família, um emprego novo. – eu só o olhava, sem reação ou qualquer palavra formulada na minha cabeça. – Um dia eu recebi uma ligação, era ele dizendo muita coisa que eu não fazia ideia. Peguei meu carro e fui pra casa dele, quando cheguei ela estava nos braços dele. Morta. Suicídio.

Injeção Letal - 2 temporada.Onde histórias criam vida. Descubra agora