Doces sonhos.

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    O clima no Texas quase sempre era instável, no mesmo instante que estava sol, no outro caia uma tempestade. Diferente daqui.

    O ar sempre quente, a garganta seca e a boca ressecada, a pele queimando mesmo embaixo de uma sombra, aqui era difícil se sentar debaixo do melhor ventilador aos domingos.

Nos últimos seis meses eu fazia a mesma coisa: aos domingos me sentava na última mesa no fundo do bar e escrevia em um caderno velho de capa azul. Nada mudava. Nada ficava melhor ou pior, simplesmente era igual.

Eu costumava dizer que os domingos era dia de visitar alguém especial, por isso eu ia até o cemitério e me sentava ao lado da lápide de Chris e lhe contava como foi a minha semana, mas a pouco menos de um ano eu contava para Jéssica como era a minha vida fora da prisão.

Que saudades dela...

– Não conseguiu a mesa do ventilador de novo? – fechei rapidamente o caderno esperando que o choque parasse de passar pelas minhas mãos. – Calma-te. Sou eu.

– Claro que é. – ele sorriu e puxou a cadeira para sentar.

– tenho notícias de El Leon. Ele esta na cidade. – as últimas palavras saíram tão baixas que precisei ler seus lábios.

– Óbvio que tem, igual das últimas três vezes. – a minha frustração ficou bem aparente na minha voz. – Estou cansada de pista falsa Tiago, tudo que fizemos nos últimos meses é ficar sentados esperando esse homem aparecer para que no final só passasse de uma notícia falsa.

– Tu sabes que não podemos chamar a atenção. – sua voz saiu dura como um sermão. – Você sabe o que acontece se descobrirem sobre você.

– Já faz meses! – disse um pouco alto. Tiago olhou em volta com receio, estava bem claro que ele não queria continuar aquela conversa ali. – Estou do outro lado da fronteira usando o nome de Cristina Fernández, me sento todo domingo na mesma mesa e ainda não sei como estou viva depois de tomar uma injeção letal!

 Levanta-te! – sua mão puxou meu braço, fazendo com eu ficasse de pé mesmo sem querer. Meus pés se arrastaram pelo chão enquanto o seguia para o fundo do bar mal iluminado e quente feito um forno.

– Me larga!

– Eu sei que usted no está muy contente com essa situação, mas deixe eu te explicar una cosa. – ele me encarou com o dedo indicador na altura dos meus ombros. – Você está morta. O primeiro ministro armou pra você morrer e acha que o plano deu certo. Se ele sequer desconfiar que o seu fantasma esteja por aí, você estará muerta en segundos.

– Eu sei do risco, e sei que ele está mais preocupado com outras coisas. – revirei os olhos, mas Tiago ficou com a boca entre aberta serrando os olhos. Opa.

– Você estava fuçando na internet outra vez Blake? – pela primeira vez seu  sotaque e misturas de palavras mexicanas não interviu na frase. – Eu lhe disse para não fazer isso!

Injeção Letal - 2 temporada.Onde histórias criam vida. Descubra agora