Tudo é melhor quando estou contigo | João Mário & Rafa Silva [Concluído]

vinte e dois

Viviana

Decisões. 

Há vários tipos de decisões. As piores são aquelas que nos põem em situações desconfortáveis, que nos põem entre a espada e a parede, entre o que a nossa cabeça diz e entre o que o nosso coração quer. Mesmo sendo maior de idade, há decisões que não se consegue tomar sozinho, é como se dependêssemos de algo para decidir. Neste preciso momento tenho tudo o que queria, não tudo, mas o que tenho sonhado conquistar neste últimos anos. 

O corpo do jogador número dez do Inter de Milão entra em campo para a substituição de um colega. Hoje é definitivamente o último dia das minhas "férias" aqui com o João. Sem exagerar, permaneci aqui durante cerca de um mês e alguns dias. Nunca tinha passado tanto tempo longe da minha família e do meu lar, sem dúvida que foi um desafio. Admito que tive dias em que só queria puder estar em casa, nada pessoal, mas por querer sentir o cheiro do meu lar, puder sair para qualquer lugar sem me sentir distante, ouvir e falar português com mais do que três pessoas, o que acontece aqui. Por um lado estou triste por ter que ir para longe dele mas por outro estou feliz porque vou voltar para Portugal. Jean, um dos amigos do João, e uma amiga dele e eu assistíamos ao jogo no estádio do Inter. Só nestas últimas semanas já vi mais jogos de futebol do que em toda a minha vida em Portugal.

A equipa do João sai vencedora por 3-1, com uma assistência perto do final do João. Assim que acaba de se vestir após o jogo, o mulato caminha até nós e abraça o meu corpo enquanto eu o felicito pelo jogo, tal como das outras vezes.

- devíamos ir comemorar - Jean profere e o João olha para mim antes de responder ao amigo

- desculpa Jean, mas hoje queria aproveitar para estar com a Viviana que vai voltar para Portugal amanhã de manhã - ele informa, beijando a minha bochecha

- não peças desculpa eu entendo - ele diz revelando um sorriso - vamos então deixa-vos sozinhos, vemos-nos depois - o moreno bate no ombro do João antes de o abraçar como despedimento e depositar dois beijos no meu rosto - portem-se bem e boa viagem - ele diz antes de nos deixar sozinhos

- não precisavas de negar a comemoração - profiro enquanto entramos no seu carro - podíamos ter ido comemorar

- podíamos mas eu quero passar estas últimas horas só contigo - a sua mão entrelaça-se com a minha

As nossas mãos só se separavam quando o jogador tinha de pôr as mudanças. Fizemos a viagem apenas a ouvir o que passava na rádio italiana. Já era de noite quando chegamos a sua casa, a minha barriga já fazia barulho a pedir comida. 

Com o João atrás de mim, caminho até à cozinha para começar a preparar o jantar. Algo que nestas últimas semanas tenho gostado de fazer. 

- eu estava a pensar em pedir comida  - o João diz e eu abano a cabeça

- estás a dizer que a minha comida não é boa? - encosto-me contra a banca com os braços cruzados - neste último mês eu tenho me esforçado

- Vivi, claro que a tua comida é boa - os seus braços rodam a minha cintura e o seu corpo junta-se ao meu - aliás tão boa que acho que engordei uns quilos - ele brinca e eu reviro os olhos recebendo em seguida um beijo por parte dele

Desde que vim para Milão que cozinhar passou a ser um hobby. Passei algum tempo sozinha o que levou a descobrir capacidades que desconhecia até agora ou que não demonstrava. Após o jantar, arrumamos a cozinha e deitamos-nos no sofá.