vinte e sete

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Viviana


Todos já tivemos aquele momento do "E agora?"

São vários os motivos para se ter esse momento. Normalmente reagimos assim quando estamos perante uma situação de que não estamos nada à espera. E neste momento, estou a ter esse momento, e tudo porque o João Mário não se lembrou de referir que vamos para sua casa, onde a sua mãe está. Não é o seu irmão ou um amigo, é a sua mãe.


- não precisas de estar nervosa - o João profere enquanto conduz pelas ruas de Lisboa

- vou conhecer a tua mãe, João - profiro e ele ri-se como se tivesse muita piada

- por isso mesmo, não vais conhecer o Ronaldo ou a rainha - ele brinca com a situação - a sério, não precisas de estar nervosa

- quando fores conhecer os meus pais não vais ficar nervoso? - questiono e ele fica em silêncio por alguns segundos - vês, tu também ficas

- mas é diferente - ele reclama e eu reviro os olhos - tu és rapariga e o teu pai pode vir a ser um pouco assustador, quando eu tiver uma filha também o hei-de ser

- isso é verdade, ele fica sempre de pé atrás quando eu digo que vou estar contigo - confesso - quando cheguei de Milão, ele perguntou se eu não vinha com uma "bagagem" extra e eu estava capaz de lhe dizer que não houve tempo - a sua mão pousa na minha perna - mas ele ficou na boa, eu falei com ele e disse que não se preocupasse porque tu és um bom rapaz e a Margarida ajudou a convencer os meus pais de que és ideal para mim

- ela tem esse dom - o João afirma e eu assinto - e tu achas que sou ideal para ti?

- se não fosses achas que estaria aqui? - entrelaço os seus dedos nos seus, não posso dizer que o seu sorriso se tornou maior porque parece que já está no limite, beijo a sua bochecha e volto ao meu lugar



Há um ano atrás pensava que seria impossível estar aqui com ele, que tudo iria continuar a ser apenas um sonho. Apesar de o conhecer já pessoalmente, tinha a noção de que passar além de conhecida estava longe. A nossa melhor amiga, sempre fez de tudo para que nós tivéssemos a oportunidade de nos vermos e de falarmos um com o outro. Ao ponto de nos sentar lado a lado nos jantares. Sei que o amor que ele possa sentir não é tão forte como o meu, ou até pode ser, mas eu gosto dele desde nova, é um amor que mesmo que tenha outro, este prevalece sempre e é isso que eu tento mostrar ao João Mário, que ele é o meu primeiro amor.


O João estaciona em frente a uma vivenda. Eu conheço esta zona, tenho aqui familiares e sei bem que esta é a casa do João. O mulato desliga o carro e olha para mim. A sua mão toca na minha bochecha e eu olho para si.


- está tudo bem? podemos sair? - ele questiona e eu assinto


Antes de sairmos, o seu rosto aproxima-se e ele junta os nossos lábios para um beijo onde o jogador transmite calma. Saímos do carro e a caminho da porta, o jogador entrelaçou a sua mão na minha. Esbocei um sorriso. Como é a sua casa, ele não bateu à porta, utilizou a sua chave e entramos. Segui o seu percurso até ao que penso ser a sala de estar, onde estava a mãe do João sentada no sofá a ver televisão.


- oh meu filho - a sua mãe levantou-se e caminhou até ao João, um sorriso permanecia no seu rosto, abraçou-o e beijou o seu rosto - já tinha tantas saudades meu amor, como estás?

- estou bem mãe - ele fala e beija a sua testa, a sua mãe olha para mim e depois para o filho - mãe, esta é a Viviana, a minha namorada - ela sorriu e aproximou-se do meu corpo, deu-me um leve abraço

- finalmente conheço a minha nora, estava difícil de a trazeres cá - ela profere e eu sorrio - já agora, sou a Lídia a mãe do João

- é um prazer conhecê-la - digo e ela sorri, posso afirmar que com tantos sorrisos não sei como voltar a ficar triste

- vá entrem, sentem-se, estejam à vontade - a Dona Lídia diz - eu vou fazer algo para comermos, devem estar com fome



O João ainda diz que não mas já se sabe como são as mães. O jogador do Inter aproveita para me mostrar a casa. Se por fora é bonita, por dentro é quase um sonho. Quando chegámos ao seu quarto, contemplo o quarto onde ele passou parte da sua vida. Uma foto dele em pequeno chama-me à atenção.


- tu eras tão querido - digo pegando na moldura, os seus braços rodam a minha cintura e o seu queixo fica sobre o meu ombro, observo outra fotografia onde ele está com os irmãos e outra onde ele está com a melhor amiga e o melhor amigo no estádio do Jamor, após o Braga ser campeão, solto uma pequena gargalhada

- ela contou-te o que aconteceu? - o João questiona-me e eu rio-me por me lembrar do que ela disse - o Rafael passou horas e horas a falar sobre o quanto bom foi beijá-la, que o beijo fez com que ficasse sóbrio

- a Margarida foi igual, não da parte de ficar sóbria - pouso a moldura e os seus lábios beijam o meu pescoço - já viste o que o amor faz? - viro o meu corpo para o seu

- quem diria que a nossa Gui ia entrar no estádio da Luz - ele abana o rosto e eu rio-me - mas também quem diria que eu me ia apaixonar pela minha fã número um - rodo os meus braços sobre o seu pescoço

- e quem diria que eu ia ser pedida em namoro à frente de um dos monumentos emblemáticos de Milão - profiro e os seus lábios ficam próximos dos meus, fazemos um pequeno jogo de provocação, os seus lábios tocam apenas de raspão nos meus, sorrio e beijo-o, fazendo o mulato sorrir por ter tomado a iniciativa



As suas mãos apertam a minha cintura e aprofundamos o beijo. Já tinha saudades. Quando demos conta estávamos deitados sobre a sua cama. O seu corpo encontra-se sobre o meu. As suas mãos percorrem o meu corpo sobre o tecido, mas assim que passa a barreira do tecido da minha camisola, agarro o seu braço. Não vamos fazer isto com a sua mãe a fazer o jantar para nós.


- acho que é melhor mantermos tudo no sítio - profiro e o João beija a minha testa antes de deixar cair o seu corpo ao meu lado, abraçando a minha cintura com o seu braço

- tenho tanta saudades tuas - a sua voz soa ao meu ouvido, a sua mão toca na minha barriga por baixo da camisola, os seus lábios molham o meu pescoço

- João - chamo-o atenção - eu também tenho saudades mas tens de aguentar - digo, afastando o seu braço mas o mulato agarra-me de novo - vá deixa-me ir ajudar a tua mãe - retiro o seu braço de sobre o meu corpo e levanto-me ajeitando a minha roupa, o jogador deixou-se ficar a olhar para mim - vê se te acalmas - digo e o João ri-se



Desço até ao andar de baixo indo até à progenitora do meu namorado que se encontra a fazer algo para o jantar. Chego à cozinha e ela olha para mim.


- está tudo bem querida? - a senhora questiona-me e eu assinto

- sim, eu vinha ajudá-la - respondo esboçando um sorriso

- não é necessário - ela diz mas eu caminho até ao seu lado, ela olha-me com um sorriso e eu questiono o que é necessário fazer



O tempo passa e quando damos conta já é tarde. Depois de jantarmos, fomos dar uma volta pela zona. Esteve sempre um ambiente agradável, a mãe do João é uma excelente pessoa, vesse a quem o filho sai. Assim que chegamos a casa, a sua mãe despediu-se de nós e nós seguimos até ao quarto. Não é necessário descrever o que aconteceu a seguir.



- sei que já disse muitas vezes isto, mas já tinha imensas saudades tuas - os seus lábios beijam a pele descoberta do meu peito, pouso a minha mão sobre o seu rosto - se eu pudesse passava todos os dias contigo, sempre agarrado a ti

- irias fartar-te de mim se estivéssemos sempre juntos - profiro e o mulato ri-se e junta os nossos corpos

- isso seria impossível, porque é impossível eu fartar-me de ti - os seus lábios encaixam-se nos meus, as suas mãos-abertas agarram o meu corpo, sorrio e deixo-me levar para mais um momento, pode-se dizer que é para compensar o tempo que nos encontramos afastados e se for sempre assim até compensa

Tudo é melhor quando estou contigo | João Mário & Rafa Silva [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora