Moscas

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Um jarro, uma foto, um cigarro
Talheres comeram macarronada no jantar
E recebem as moscas que se atraem
O sangue manchou o carpete felpudo
Choro eu, pelos cacos de vidro
Pelos pratos quebrados
Pela refeição interrompida
Com a morte que hoje celebro.
E a mesma faca que juntou a carne moída no prato ontem
Perfurou os órgãos dos sons
Da respiração, da deglutição
Rompendo o véu do amor que também ontem, me envolvia.
Vê-se então, agora, que as moscas sobrevoam o meu corpo!
Pelo menos a elas, eu pareço ter um gosto bom.
Um jarro, uma foto, um cigarro.
Meu corpo morto.

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