Shaya - Mediocris secreto ( Concluído )

Três

Shaya estava à algum tempo deitada e realmente sentia a necessidade de um banho, mas só tinha a roupa do corpo. Ela caminha até o guarda-roupas e analisa as roupas ali dentro. Se estava sendo mantida nesse quarto contra sua vontade que pelo menos pudesse usar as roupas que se encontravam ali. A maioria das peças ali dentro eram vestidos e saias, mas ela precisava de roupas confortáveis para fugir na primeira oportunidade.

A morena separa um shorts azul escuro de couro sintético e uma camisa branca de manga longa com um laço preto na gola. Os sapatos em sua maioria eram saltos e foi difícil encontrar algo confortável então acabou escolhendo um par de coturnos marrons. Ela adentra o banheiro e deixa as roupas em cima de um baú que tinha ali dentro. Se certifica de que a porta esta trancada e se permite relaxar por alguns minutos. Após tomar o banho e se vestir sai do banheiro e caminha até a penteadeira aonde começa a escovar seu cabelo.

— O que faz aqui? — indaga ainda atenta ao espelho.

— Não se assustou? — ela pode sentir o sinismo em suas palavras.

— Aos dez anos já tinha os melhores reflexos da minha turma. Poderia perceber um simples ruido ou presença como por exemplo alguém deitado na minha cama. Fui treinada para isso, Zachare — sorrio.

— É Zack — ele se aproxima em velocidade de vampiro — Poderíamos ser amigos. Acho que não tivemos a oportunidade de nos conhecermos.

— Eu não quero ser sua amiga — ela deposita a escova sobre a penteadeira — Eu não quero nem ao menos esta aqui, Zack — ela se  levanta ficando cara a cara com o mesmo — Então se retire daqui o mais rápido possível, vampiro.

— Então sabe o que eu sou — ele a encosta na parede em vdv — E sabe que posso te machucar se quiser.

— Me solta — ela tenta o afastar, mas é inútil todo o seu esforço.

— Logo agora que estamos nos entendo? — ele aproxima seu rosto do dela e olha para os seus lábios enquanto segura o rosto dela.

— Não me toque — o olha com desdém — Me solte agora, não é certo o que esta fazendo.

— Se fosse o meu irmão você não se recusaria — ele a prensa ainda mais contra a parede.

— Esta doendo, Zack. Por favor, me solte — diz entre dentes.

— Só depois disso — ele faz menção de lhe beijar, mas logo é jogado no chão o que a faz correr até o outro lado do quarto.

Floy estava segurando o irmão contra o chão enquanto o olhava com raiva. Seu rosto estava cheio de veias e suas presas de vampiro estavam salientes. Ele a olhou por um segundo e ela pôde ver seus olhos vermelho sangue.
Ela não sentia medo ou algo do tipo, mas também não se sentia confortável de esta em um quarto com dois vampiros sendo uma humana cheia de sangue correndo por suas veias.

Ele levantou o irmão com violência e ambos saíram a deixando sozinha finalmente.
Shaya fecha a porta rapidamente e se senta atrás da mesma enquanto respira rapidamente. Algumas lágrimas insistiam em cair enquanto ela tentava controlar sua respiração. Ela abraça suas pernas e encosta a cabeça na porta enquanto deixa as lágrimas caírem livremente pelo rosto. Aquele não era o seu lugar e ela precisava sair dali o mais rápido possível.

Zack era violento e poderia entrar em seu quarto novamente e ela não sabia se Floy estaria sempre ali para lhe defender. Shaya foi treinada para se defender contra humanos, mas e quanto a criaturas sobrenaturais? Ela precisava sair dali o mais rápido possível.

...

O irmão de Floy havia passado dos limites. Como ele fez isso? Tentar beijar a Shaya a força, isso não é certo e Floy teria batido nele se Sebastian não o chamasse em sua sala. Ele estava caminhando pelos corredores quando resolveu ver se ela estava bem. Bateu na sua porta, mas sem respostas então a abriu e adentrou o quarto a encontrando ajoelhada no chão com as mãos na cabeça. A levantou em seus braços e foi até a sala de Sebastian que lhe olhou confuso, mas logo pediu para a deitar no sofá.

— O que ela tem? — o fita enquanto o mesmo analisa a marca em sua nuca.

— A magia esta ficando fraca. Parece ser um selo para ocultar ou prender algo dentro dela.

— Mas por que fariam isso?

— Talvez seja algo importante demais e até perigoso  — ele fica em silêncio — Esse tipo de magia é muito forte e teria matado uma humana em segundos.

— Então, mas ela não pode ser uma vampira e nem tem cheiro de lobo.

— Poderia ser uma bruxa, mas Kayla teria sentido sua magia assim que ela adentrasse essa casa.

— Ouvi meu nome? — diz a mulher de pele negra e longos fios cacheados e volumosos adentrando o escritório.

— Cada vez mais linda — Sebastian beija a mão dela.

— Você sente alguma magia nela senhora Kayla?

— Agora que o feitiço esta fraco eu sinto sim, Floy, mas diferente — ela toca a testa de Shaya — eu nunca senti nada parecido.

— Mas o que ela é? — diz Sebastian a espera de respostas.

— Eu não sei, mas creio que em breve ficaremos sabendo — ela toca a marca na nuca da garota e logo a mesma se acalma.

— O que esta acontecendo? — ela olha a sua volta assustada.

— Posso? — olho para Sebastian que assenti — Vamos, Shaya.

Ela segura em sua mão e Floy a acompanha até seu quarto. Ela estava sonolenta então ele a  ajudou a deitar e se cobrir. Quando estava prestes a se retirar a mesma segurou sua mão e sorriu fracamente.

— Fica um pouco mais — ela olhou para suas mãos juntas e tentou soltar mais ele não deixou.

— Esta bem — ele sorri — Percebi que esta usando as roupas.

— Não são muito meu estilo, mas não aguentava mais usar as mesmas roupas.

— Sabe de quem eram essas roupas? — ela balança a cabeça negativamente — Eram pra ser da sobrinha do Sebastian.

— O pai dela também era um vampiro? — ele apenas assenti — Mas como ele conseguiu ter um filho?

— Vampiros podem sim ter filhos, mas apenas os que nascem vampiros, os que vem da linhagem da família Valg. Eles podem ter apenas um filho, mas em casos raros eles podem ter dois como os pais de Sebastian e Darion e tem que ser com uma humana ou bruxa. Já os que foram transformados feito eu e meu irmão não podem ter filhos.

— Então vocês não são da família? Então por que vivem aqui?

— O Sebastian nos transformou e nos treinou. Ele é como um pai para nós.

— Você não sente falta de ser humano? De podê construir uma família?

— Você é muito curiosa — ela sorri — As vezes sim, mas foi melhor assim — ela fecha os olhos — descanse bem — ele beija sua testa e fica ali a observando por alguns minutos antes de sair.