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CAPÍTULO UM

Leon Roth,
21h15 PM, Long Beach

— De todas as coisas ruins que poderiam acontecer com você, essa, sem dúvidas, é a pior. — digo ao homem à minha frente.

— Acho que você não precisa ficar repetindo essa merda minuto por minuto. — Elliot resmungou com raiva, revirando os olhos pela milésima vez na noite.

Peço outra bebida ao garçom e volto a encarar sua fisionomia desesperada.

— Seu pai enlouqueceu. É óbvio que uma mulher não vai te mudar, como ele pode ser tão ingênuo?

— Cale a boca, Leon. — afrouxou o nó da sua gravata. — Você seria bem mais útil se parasse de falar o óbvio e focasse nas soluções, hum?

— Nós dois sabemos que está no seu sangue sempre conseguir o que quer. Relaxa, brother. Sei que vai encontrar alguém que queira entrar no seu plano infalível e...

Penso em continuar, porém, sinto uma vibração no meu bolso e logo a minha fala embriagada é interrompida pelo toque frenético do meu celular.
Com um pouco de dificuldade, ainda consigo tirar o aparelho e aceitar a ligação.

Por que diabos você não está me esperando no aeroporto, Leon? — a voz rouca de uma mulher troveja do outro lado da linha, furiosa.

Puta merda.

— Eu... já estou no carro, Kate. Se não quiser que eu sofra um acidente na estrada, trate de não me distrair. Até breve. — minto descaradamente.

Percebo que ela pretendia responder, mas acabo desligando antes, me xingando diversas vezes por ter esquecido desse compromisso. Elliot me olhava confuso, e também, com certa diversão por ouvir a minha mentira deslavada.

— É a minha irmãzinha, veio passar as férias comigo. — me explico rapidamente e Elliot faz uma expressão tediosa. — Veja pelo lado positivo, agora você não é o único encrencado nessa história.

Encosto o copo com o conhaque na boca e bebo o resto do conteúdo que havia de uma só vez.

— Em 3 anos de amizade, você nunca me falou que tinha uma irmã. — ele comenta e faz outro pedido ao garçom enquanto eu mal conseguia ouvir sua voz.

— Isso não é algo me traga orgulho, mas tenho, infelizmente. — digo com um sorriso amargo nos lábios.

Coloco uma nota de 50 dólares na nossa mesa e deixo o local como um tornado. Katherine ficará uma fera quando souber que esqueci completamente de ir buscá-la, como o prometido.

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— Você realmente não estava no carro quando me atendeu. — a ruiva diz assim que seus olhos batem em mim.

— Também senti saudades. Não vou ganhar um abraço?

— Continua sendo dramático. — balançou a cabeça em sinal de negação. — Se não tivesse esquecido de mim, talvez ganhasse.

Sorri e levanto as mãos em sinal de rendição, caminhando em sua direção.

— Em minha defesa, meu amigo estava com problemas e eu fui tentar ajudá-lo.

— Em um bar, tomando whisky, imagino. — ela disse em tom sarcástico, levantando a hipótese mais provável e acertando em cheio.

— Quase isso. Mas, novamente em minha defesa, vi em um livro que falar sobre problemas pessoais em lugares públicos é aceitável e tem mais chances de soluções.

— Você sabe ler? Estou surpresa. — Katherine disse com deboche, me entregando uma das malas.

Seguro a mala pesada e caminhamos para fora do aeroporto.
Kate ainda estava exatamente como da última vez que havia a encontrado.
Algumas mudanças físicas eram visíveis, é claro, contudo, ainda continuava a mesma mimada e birrenta de três anos atrás.

O caminho até o meu apartamento foi momentaneamente calmo.
Tirando as provocações e tapas, foi um ótimo primeiro passeio pra ela. Quando enfim chegamos, de cara vejo a surpresa da minha irmã. Provavelmente ela me imaginava morando em uma zona, mas enganou-se completamente.

A decoração do meu prédio era moderna e muito acolhedora.
E, apesar de ser pequeno, o apartamento era bastante organizado e limpo.
Nem sempre é assim, mas como sabia da sua visitinha, paguei uma empregada para fazer esse favor.

— Onde é o meu quarto?

— Segunda porta, à esquerda. — digo e aponto para o corredor na parte traseira do cômodo.

Katherine anuiu, carregando suas malas para o lugar indicado. Não demorou muito e depois de se acomodar, voltou para a sala.

— Então, o que você tem para o jantar? — perguntou já abrindo os meus armários.

— Vou logo avisando que você não vai encontrar feijão e salada de brócolis aí. — anuncio, deitado no sofá, enquanto lia algumas mensagens no celular.

— E o que você costuma comer? — ela perguntou confusa.

Céus, eu tinha esquecido de como é ruim ter uma irmã saudável.

— Qual é, Kate? Eu compro o que quiser comer na hora, não venha com o cardápio digno da mamãe. Podemos pedir uma pizza.

Ela deu de ombros e se jogou do outro lado do sofá, debochando do meu incrível poder: comer qualquer coisa e continuar com corpo de quem faz dieta e exercícios a todo instante. Pelo que conheço da minha irmã, creio que Katherine pensou em protestar, mas por algum motivo apenas concordou.
Até porquê, a visitante ali era ela.

— Seu sabor predileto ainda é Montreal? — perguntou na intenção de quebrar o silêncio.

Procura-se uma Noiva [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora