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CAPÍTULO CATORZE

— Ainda não acredito que você chamou os melhores sócios da minha empresa de vagabundos. — Elliot resmunga, fechando a porta.

Observo seus passos largos até o closet e sento na cama para tirar os meus sapatos.

— Fiz o que 95% das pessoas naquela sala queriam fazer, inclusive àquele italiano galanteador que eles chamam de filho. Você devia me agradecer.

— Você é maluca, sabia? — perguntou retoricamente e eu apenas dei de ombros, indo em direção ao banheiro para vestir o meu pijama.

Que culpa tenho se Deus não me deu paciência o suficiente para aguentar magnatas falando das suas baboseiras? Eles deviam, no mínimo, aceitar a verdade.

Contudo, vai ser um pouco embaraçoso ter que encará-los amanhã novamente. Com a fama que adquiri e a devoção de Hanna, duvido muito que ela queira trazer o meu café da manhã no quarto.

Saio do banheiro e encontro Elliot concentrado na bancada das bebidas, escrevendo alguma coisa.

Antes de deitar, procuro os travesseiros e pego as almofadas dos divãs para começar a formar a divisão na cama.
Se não gostasse tanto de empregar concierges, poderia muito bem entrar no ramo da arquitetura como Peter. Ele ficaria orgulhoso. A construção dessa muralha ficou tão impecável que nem o próprio He-Man poderia derrubar.

Pensei em fotografar e mandá-lo, mas com toda certeza ele perguntaria o porquê de estar fazendo isso em uma cama, e eu já combinei com Amber que, em hipótese alguma, Peter saberá desse falso noivado.

— Pra você. — Elliot diz, direcionando um papel dobrado pra mim.

Hesitei em segurá-lo, imaginando o que poderia estar escrito ali.

— O que é isso? — perguntei, ainda sem abrir. — Que engraçado, não lembro de ter dito o valor que iria cobrar por isso e você já fez o cheque...

Elliot soltou uma gargalhada abafada, fazendo sinal de negação com a cabeça. Ele devia sorrir assim mais vezes.

— Não seja infantil, você sabe que ainda vai me aturar por mais algum tempo. — me encarou, esperando.

Abri a folha por inteiro e franzi o cenho ao passar os olhos rapidamente por suas letras cursivas.

— Não entendi. — murmurei, fitando sua expressão imperiosa entre os cílios.

Ele sorriu de lado e tirou sua calça, ficando apenas com uma cueca boxer preta, e deitou no seu lado da cama.

Cruzei os braços e fixei o olhar nele, exigindo uma explicação mesmo sem falar nada.

— Por que essa cara? — perguntou cinicamente. — Pensei que não estivesse nos seus planos dividir a cama com um completo estranho. Agora você têm tudo que deveria saber sobre o homem que te faz viver um falso noivado.

Quis rir da sua explicação.
Era óbvio que eu gostaria de conhecê-lo melhor, porém, escrever 12 tópicos com fatos sobre si mesmo não resolveria isso da maneira correta.

— Não acha que é muita falta de ética ficar escutando as conversas alheias? — falo sobre às vezes que ele escuta e usa minhas próprias respostas em seu favor. — Me referi à conhecer alguém de verdade, Elliot. Não tenho nenhum interesse em saber o tamanho do seu pé ou a merda da sua cor preferida. Podia usar um pouco da sua sagacidade pra raciocinar.

Procura-se uma Noiva [concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora