Minha mente vagava e eu pensava naquele dia a todo o momento. Pensava na dor que sentia e em como eu me sentia corrompido. Nunca pensei que contaria para alguém.
— Você está escondendo algo — a doutora Golan disse, me soquei mentalmente por ter procurado uma psicóloga tão boa.
— Não estou escondendo nada. — Respondi e fechei os olhos, se eu ficasse sem nenhuma expressão, talvez ela não percebesse nada.
— Suas mãos estão suando, você está respirando de forma nervosa e, mesmo que não queira, está fazendo uma expressão de dor. — Ela disse e ouvi o barulho da caneta no papel.
Fora um mês vindo aqui para tentar superar. Mas não se supera algo que é sua culpa, a culpa te persegue para sempre e nada mudaria isso.
— Sr. Horan, essa é sua última sessão paga, você não planeja voltar, mas eu não posso te liberar sem saber a razão real de você ter vindo aqui. Não são seus amigos e nós dois sabemos disso, sabemos que há uma razão por trás de tudo que você fez nos últimos meses, sabemos que há uma razão para você ter voltado para os Estados Unidos e sabemos que há uma razão para você não ser mais apaixonado por golfe. — Respirei fundo, ela tinha razão, mas como eu contaria? Ela diria que a culpa era minha e que eu era um louco, talvez me internasse.
— Última sessão, nunca mais nos veremos, certo?
— Certo.
— Vou contar de olhos fechados, prefiro não ver sua expressão. — Disse e fechei os olhos, ela ajeitou-se na poltrona e eu comecei. — Foi no início desse ano, eu estava em um campeonato de golfe na Irlanda, minha terra natal. — Respirei fundo — Tinha essa balada no centro da cidade onde estávamos e nós fomos, nossa naquela noite eu dancei muito, me lembro que havia bebido um pouco, nada demais. Noah, meu amigo, estava dançando comigo e lembro que eu estava rebolando, aquela música era ótima para isso e então ele falou que ia ao banheiro, e que queria ir comigo, não entendi na hora, mas que mal tinha? — Comecei a chorar nesse momento, era tudo doloroso demais. — A culpa foi minha, eu rebolei pra ele, ele estava bêbado e eu provoquei, não sabia que ele gostava de mim, não sabia. Ele me jogou contra a parede e começou a roçar em mim, eu já estava chorando, sabia que eu era completamente culpado, e quando ele tirou minha calça e colocou três dos seus dedos dentro de mim, eu me senti horrível, não sou gay, nem bissexual, sou hétero e ele sabia disso, mas por que motivo um hétero rebolaria daquele jeito? Eu pedi aquilo, ele entendeu errado, empurrei ele, me vesti e saí de lá, depois voltei para cá, mas o fantasma não me largou, todas as noites eu sonhava com Noah, todas as noites eu via meus amigos me culpando por isso, todas as noites eu percebia que estava cada vez pior e a culpa, a culpa era toda minha. — As lágrimas escorriam pelo meu rosto de modo incessante, não achei que tivesse tanta água no corpo e agora que estava com os olhos abertos via que Golan estava com uma expressão triste, eu estava encolhido na poltrona.
— Não é sua culpa. — Ela disse. — Talvez você não se lembre direito, mas alguém deve ter colocado em sua cabeça que era sua culpa Niall, mas não é, você não tem culpa de nada, rebolar é apenas se divertir e sexualidade não tem nada a ver com isso, você não deve se sentir culpado porque em momento algum Noah perguntou se você queria, ele só fez. — Tentava entender seu raciocínio, mas algo na minha mente não fechava. — Você teve contato com ele após o acontecido?
— Ele me ligou uma vez, disse que queria terminar.
— Terminar?
— Ele disse que estávamos em um relacionamento e que queria terminar. — Eu soluçava.
— Ele é louco, digo, não se deixe levar pelo que ele diz Niall, você é forte e não tem culpa de nada, quebre essa barreira da culpa, você foi uma vítima, não foi culpado. — Seu óculos estava em sua mão agora, seu olhar era preocupado e de alguma forma eu entendia o que ela queria dizer agora. Ela arrancou o papel da prancheta. — Você vai rasgar esse papel. — Ela disse. — Nesse papel está essa história. você vai pegá-lo e rasgá-lo. Vai acabar com isso de uma vez por todas, sei que não vai querer denunciar, então acabe com essa memória, jogue toda a sua raiva por Noah nesse papel e rasgue-o. Você está livre dessa memória. Está livre de toda a culpa. — Ela estendeu o papel para mim, o peguei com certo receio, a história estava ali, ela havia anotado, a raiva me consumia sempre que lia o seu nome. Noah, Noah, Noah. Rasguei o papel assim como rasguei as memórias ruins.
***
Nunca fui em um psicólogo, dei o meu melhor, me desculpem se não ficou bom.
Espero que tenham entendido a referência no capítulo.
A imagem do capítulo foi tirada por Taís Rodrigues, para mais informações siga @taisjpg no instagram.
Love, Ádrian.
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Irresistible • Larry
RomanceO que fazia Harry tão misterioso? O que fazia Louis tão chamativo? O que fazia os dois tão perfeitos um para o outro? As perguntas poderiam começar a serem respondidas aos poucos, mas a resposta nunca tem fim. Louis achava Harry arrogante, ele não m...