Saúde!

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E por que gripada? Isabela era uma menina forte, sadia, grandona pra caralho. Como havia de adoecer tão assim às corriqueiras? Eu explico a vocês, uma vez que não tenho nada melhor para fazer e decidi escrever isto aqui para entretenimento de terceiros. Mas que fique bem claro que o leitor e a leitora têm total liberdade para me mandar aos xingos e optar por não terminar de ler.

Até apoio, porque eu nem sei o que tô fazendo aqui, eu só tenho 6 anos. Agora eu vou escrever algumas frases bonitas para vocês pensarem que eu sou intelectual: vago pelo que há de mais trivial no seio da mãe natureza para alavancar o grotesco e o absurdo desse mundo; não há escrúpulos entre o grafite e a folha de papel.

A platéia observava, atenta, confusa, a cena que se seguiu. O narrador olhava com animosidade os presentes, sem perceber que suas palavras não tinham sentido para quem as ouvia. O palco se constrangia, poupando-se de emitir um mínimo ruído, mesmo que não houvesse ator algum sobre ele. O silêncio corria e tropeçava nos balbucios de um bebê agarrado ao colo de sua mãe, sentada em uma das fileiras da frente da platéia.

Ele olhava, ora à esquerda, ora à direita, faces contraídas, questionadoras, outras, poucas e quase imperceptíveis, inertes, apenas aguardando o decorrer da narrativa. A mandíbula descia, os lábios descolavam, revelando uma língua úmida e rósea. Fecharam-se as cortinas do palco, as luzes foram se apagando. Os tecidos grossos se arrastaram, encenando um encontro de amor efêmero, belo de todo modo. Num baque, encerrou-se o ato. De perto, ouviu-se um espirro posposto a um levantar de poeira. 

A CostumeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora