Encontre X

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Com os nós dados, sigamos com a história: Isabela chegou à sua escola cansada e pobre, como todos os outros dias. A fachada do prédio não melhorava tanto seu ânimo, as cores cinza claro e amarelo cor de mingau foram as únicas capazes de serem custeadas pela prefeitura. Ainda assim, mantinham polidez, tendo sido pintadas recentemente a mando da diretora.

Isabela gostava e desgostava de seu colégio. Embora deixasse a desejar na aparência, acordava todos os dias com um pingo de curiosidade e vontade para estudar. Ou meramente conhecer algo novo. Não tinha muitos amigos - na verdade não tinha nenhum - e o que restava eram colegas pedindo canetas emprestadas as quais nunca mais devolveriam. Se tinha amigas, eram as tias que faziam a limpeza. Poderia não ser um dos melhores colégios, mas funcionava e Isa aprendia. Mesmo com as crianças feias.

Passando pelo portão, a inspetora elevou uma expressão de "que cara feia é essa?" para a menina. Isa passou por ela, vestindo um "foda-se" exuberante e sua calça jeans rasgada comprada na promoção. Não tinha nada contra a mulher, só queria dar um murro naquela escrota. Todo dia ansiava para receber os alunos com julgamentos e caras e bocas. As meninas fofoqueiras suspeitavam de que ela fosse sozinha, bem como detinham toda razão. Talvez faltasse uma louça a lavar na vida dela.

Felizmente pontual, subiu para sua sala de aula. Assistia à Português quando pintava com liquid paper um coração e as letras "I" e "X", representando a própria e seu companheiro de condução respectivamente. Ao fundo, o professor discorria sobre as interpretações de um poema que falava sobre ilusões. Isa não sabia o nome daquele, então colocava um x para lembrar que matemática poderia não ser tão ruim. Somente a matemática da vida, para ser exato.

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