Oráculo

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Isabela não fez nada na escola naquele dia. Não porque não gostava de estudar, mas porque se ocupava a pensar no dito cujo. E também porque era preguiçosa, no entanto escondia dos pais e se fingia de boa aluna. Acontece que, chegando em casa, nada a detinha de pensar nele, ou nos olhos dele, ou naquele cabelo. Seu rosto não compreendia, fazia expressões de desentendida, de inconformada com aquele sentimento aflorando cada vez mais.

Após bater um prato de pedreiro – Isabela conservava medidas até justas comparadas com o tamanho de suas refeições ao longo do dia – pegou seu cerula em busca de respostas. Havia de obter alguma resposta, seja no Wikipedia, seja no Gato Curioso, sobre si própria. Evitava qualquer texto que tratasse de signos por capricho. Quando teimava em algo, pouco conseguia fazê-la mudar de ideia.

Fracassada em suas pesquisas – nada novo havia sob a lua, que já surgia – decidiu recorrer às meninas estranhas com quem conversava na internet. Aproximavam-se a suas amigas, mas não sentia nenhum tipo de conexão amigável com elas. De fato, a relação entre as meninas era amistosa, porém não passava disso, sequer compartilharam suas vergonhas umas às outras, tampouco tristezas. Apesar de tudo, elas tinham boas intenções e simpatizavam todas entre si. Já não corria mais em cabeça de Isabela como tinham se conhecido.

Dali, Isa mentalizava suas "colegas" como consultoras. Já que não conhecia essa palavra, pensava em madrinhas, gugas, que viria a ser uma tentativa de feminilizar o termo 'Google', ou fadas. Por convenções, adotava "fadas", algumas vezes "madrinhas", como nunca proferia "gugas". Todas usavam dos termos e compartilhavam o que assimilavam a uma intimidade maior, um requinte no tratamento com alguém especial.

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