American Beauty

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Isabela duvidava de sua beleza. Olhava-se dos espelhos do banheiro de sua casa e gostava do que via. Admirar-se era um hobby do qual ela começava a desfrutar. Animava-se ao ver seu reflexo e conhecer a si, reconhecer-se como garota. No entanto, era botar o pé na rua que se sentia feia, muito feia. A própria caçamba de lixo. Isa poupava a maquiagem que tinha. Adorava passá-la em seu rosto: um delineador, uma base, um pó. E quando pó, virava palhaça. Ele era muitos tons mais claro que a cor de seu rosto.

Já tentou fazer uma make completa, sentindo-se vitoriosa depois de 1 hora. Mas algo a fazia levantar o nariz e franzir o cenho. Era demais, o rosto pesava, era porcelana, a ela sufocava. Então escolhia por usar poucos produtos por vez, sempre alternando: ora passava um delineado e uma máscara de cílios, ora passava uma base e um pó por cima, ora caía aos prantos por não conseguir fazer um tutorial de make para colocar na internet. De todo modo, pouca maquiagem lhe parecia bom. Poderia não parecer maquiada, mas estava.

Até para dormir, usava alguma coisinha, principalmente um hidratante para seus cascudos cotovelos enegrecidos pela poeira e pele morta. Isabela se questionava como conseguiu deixar seus cotovelos em tamanha podridão e como ainda não haviam caído. Nunca foi uma menina muito bagunceira. Quando pequena, aprendera a bater nos meninos sem se sujar muito. Mesmo sem aulas de etiqueta, aprendera, também, a não repousar os cotovelos em qualquer canto. Ou cruzava os braços, e com isso fazia uma cara de "tá olhando o que, palhaça", ou pousava os pulsos em qualquer apoio que estivesse à frente, juntando as mãos e inclinando o tronco em direção ao que olhava.

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